Embora seja um exame e
não propicie diagnóstico completo, o Enem permite uma análise sobre o panorama
da educação média brasileira.
Consideradas as quatro
provas objetivas – linguagem, matemática, ciências humanas e da natureza –
podemos inferir que há um abismo entre as escolas mais ricas e as mais pobres
do país. As de nível socioeconômico
“muito alto” estão a 133 pontos acima das que se situam no estrato “muito
baixo”, o que mostra um lamentável descompasso, que, aliás, começa na etapa
fundamental.
Nas 15.640 escolas
pesquisadas (as que tinham mais de 10 alunos no 3º ano do ensino médio e onde
mais da metade fez a prova), houve queda apenas em matemática (de 544 para
511). Isso naturalmente exigirá das autoridades providências cabíveis, que não
podem se resumir à promoção de
olimpíadas.
Embora o Colégio
Objetivo Integrado de São Paulo
permaneça há seis anos no primeiro lugar nacional, registrou-se uma variação
nas colocações abaixo: o Colégio de Aplicação Farias Brito, do Ceará, ficou em
segundo lugar e o Colégio Olimpo Integral de Goiânia está em terceiro. Na lista
das 20 melhores escolas, cinco são de São Paulo, quatro de Minas Gerais e
outras quatro do Rio de Janeiro (destaque para o Colégio Ponto de Ensino em
três das suas unidades).
A se lamentar a descida do tradicional Colégio
de São Bento, hoje no 17º lugar, e o
Colégio de Aplicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que deixou as
principais colocações para figurar no 182º lugar, provavelmente em função das
greves que marcaram o seu ano letivo. Deve-se notar também que o Colégio Pedro
II baixou muito o nível. Para a escola-padrão em que se constituiu, não deixa
de ser um triste registro.
O Ceará tem três escolas entre as melhores do
País.
Com esse quadro,
pode-se entender melhor o que acontece com a nossa participação nos exames internacionais
do tipo Pisa. Nem todas as escolas têm
aulas das 7 às 16 horas (tempo integral) e são raras as que oferecem, além das
disciplinas fixas, as eletivas, escolhidas de acordo com a preferência do aluno
por esta ou aquela profissão.
O melhor colégio público de São Paulo (E. E.
Prof. Antônio Alves Cruz), no bairro de Pinheiros, com a média de 525,5 pontos,
oferece aos seus alunos um PV (Projeto de vida), para ajudar na escolha da
futura profissão, e um PA (preparação acadêmica), em que os professores treinam
os alunos para a realização dos exames oficiais. Isso tudo somado tem que
apresentar bons resultados.
Nas outras áreas do
conhecimento, além da matemática, houve um crescimento nas notas. É sinal
positivo, mas se pode reparar que não é um esforço coerente. No capítulo da redação, que todos reconhecem
ser essencial, houve queda na média de 447 para 434. É claro que alguém dirá que a avaliação das
redações sofre com a variedade dos temas propostos no exame.
Uns podem ser mais
fáceis, outros mais complexos. Entendemos, no entanto, que os adolescentes que
dominam a arte da escrita sempre se darão bem, independentemente do tema.
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