As doações feitas por fiéis já teriam chegado a R$ 100 milhões,
que teriam sido usados por líderes para compra de casas e carros de luxo.
A seita Jesus, a
Verdade que Marca, com forte atuação no sul de Minas, foi alvo nesta
segunda-feira (17) da segunda operação da Polícia Federal em pouco mais de dois
anos. Líderes do grupo, criado há mais de uma década, são suspeitos de
convencer fiéis a fazer parte da seita, obrigá-los a doar bens e submetê-los a
trabalhar em condição análoga à de escravos em fazendas que adquiriram na
região.
Para a operação,
chamada De Volta para Canaã, foram emitidos pela 4.ª Vara da Justiça Federal em
Belo Horizonte 6 mandados de prisão, 6 de busca e apreensão, 47 de condução
coercitiva e 70 de sequestros de bens em 7 cidades de Minas, 5 da Bahia e em
São Paulo. Conforme levantamento da Polícia Federal, as doações feitas por
fiéis já teriam chegado a R$ 100 milhões, que teriam sido usados por líderes
para compra de casas e carros de luxo.
Os mandados foram
cumpridos em Pouso Alegre, Poços de Caldas, Andrelândia, Minduri, São Vicente
de Minas, Carrancas e Lavras (sul de Minas); nas cidades baianas de Remanso
(Região de Juazeiro), Morpará, Barra e Ibotirama (Região de Barra) e Cotegipe
(na região de mesmo nome); além da capital paulista. Os mandados de prisão
foram cumpridos pela manhã e todos para líderes da seita foram encaminhados
para a sede da Polícia Federal em Varginha. Ainda foram bloqueados
judicialmente 39 imóveis e 100 carros.
Segundo Alexsander
Paketoni, um dos delegados responsáveis pela operação, o esquema previa o uso
da religião para enganar as pessoas. "Com base em um relatório elaborado
em conjunto com o Ministério do Trabalho, nós passamos a investigar as pessoas
que estão na cúpula da organização." Conforme o delegado, os líderes do
grupo, que pertenciam a igrejas evangélicas, deixaram de frequentar os templos
e se dedicavam exclusivamente à seita.
Paketoni disse ainda
que a cúpula da organização colocava "laranjas" no comando de
empresas que criava. "Ficou constatado que pessoas não tinham nenhum tipo
de renda que possibilitasse a elas serem os reais donos daqueles
empreendimentos", disse o delegado. Ainda conforme a PF, o início do
esquema da Jesus, a Verdade que Marca na Bahia ocorreu depois que a corporação
passou a investigar a seita em Minas.
Começo
Na operação
anterior, realizada em 23 de abril de 2013 e batizada de Canaã, líderes da
seita também haviam sido presos. Hoje, o grupo teria pelo menos 150 pessoas em
cada uma das cerca de dez fazendas localizadas nas cidades mineiras onde a PF
executou a operação de ontem.
Em 2011, a seita foi alvo de Polícia Federal,
Ministério do Trabalho e Ministério Público do Trabalho, que fizeram inspeções
em propriedades rurais. À época, não foi constatado trabalho análogo ao de
escravos, mas foi verificado que líderes estavam com cartões do Bolsa Família e
de aposentadoria que não lhes pertenciam.
Ao longo das
apurações foi verificada a existência "de um sofisticado esquema de
exploração do trabalho humano e lavagem de dinheiro levado a cabo por
dirigentes e líderes religiosos", conforme informou a Polícia Federal.
Ainda segundo as
investigações da PF naquele ano, a seita teria começado suas atividades em
Ribeirão Preto (SP) e expandido o esquema para outros Estados.
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