sábado, 22 de agosto de 2015

Equidade de gênero no trabalho vai demorar 80 anos



Apesar do aumento de mulheres no mercado de trabalho nas últimas décadas e da presença maior delas enquanto empreendedoras - na edição de ontem o tema foi abordado em reportagem especial do Diário Popular -, a equidade com os homens pode levar até 80 anos. As informações constam no Relatório Global de Equidade de Gênero, do Fórum Econômico Mundial.

Para tentar reduzir esse tempo, equivalente a uma geração, pesquisa feita com líderes de 400 empresas ao redor do mundo indicou que três medidas prioritárias podem ser tomadas. Todas relacionadas ao engajamento da corporação na estratégia: iluminar o caminho para a liderança feminina; acelerar a mudança na cultura empresarial com políticas corporativas progressistas e construir um ambiente de apoio, alicerçado no combate ao preconceito "consciente e inconsciente", para aumentar o ritmo das empresas rumo à equidade.

Para Tatiana da Ponte, sócia de Impostos da EY no Brasil, uma das principais vantagens da paridade é o ganho financeiro. Entre as empresas pesquisadas, 64% daquelas com melhores resultados econômicos encorajam suas funcionárias. Isso se deve, segundo ela, ao aumento da participação na tomada de decisões e favorece a visão global. "Não é porque isso (a visão global) é mais da mulher ou do homem. É porque o aumento da participação gera diversidade. São opiniões diferentes subsidiando as decisões", explica.

Para desenvolver as estratégias, Tatiana esclareceu que é preciso definir oportunidades de progresso na carreira e dar exemplos. Por isso não adianta defender a diversidade e não ter mulheres nos conselhos, na direção. Além disso, as funcionárias precisam se ver nesses cargos para acreditar que dá para chegar lá. Outra medida necessária é a flexibilização na carga horária, adotando prazos mais longos, por exemplo, para licença maternidade ou paternidade.

Outra pesquisa sobre a participação de mulheres no mercado de trabalho da EY identificou que a vivência no esporte pode ajudar nos negócios. Com base em 400 entrevistas, a consultoria apontou que, na hora de tomar decisões importantes, aquelas mulheres que foram atletas são mais determinadas, guiadas por valores éticos e pelo espírito de equipe.

Assim, o esporte ensina habilidades de liderança intangíveis que não podem ser ensinados na escola, comenta Beth Brooke-Marciniak, vice-presidente de Políticas Públicas da EY e ex-atleta de basquete.

No Brasil, a ex-nadadora Fabíola Molina, com três medalhas olímpicas, que foi acompanhada por projeto de incentivo à presença de mulheres atletas no mundo dos negócios, confirma a tese. Desde 2013 ela dirige a própria empresa, de roupas de natação e moda praia, e afirma que o espírito de superação e a imposição de objetivos é fundamental para bater metas.

Outras habilidades que são desenvolvidas pelo esporte são a capacidade de visão de longo prazo e de montar e manter as equipes motivadas, segundo as próprias entrevistadas.

Agência Brasil.


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