No rotativo do cartão
de crédito, o cliente financia o saldo devedor remanescente.
Os
brasileiros estão usando cada vez mais o rotativo do cartão de crédito. No fim
de junho, o somatório do saldo devedor dessa modalidade de crédito atingiu o
recorde de R$ 33,122 bilhões, na série histórica do Banco Central (BC),
iniciada em março de 2007. No início da série histórica, esse saldo era de R$
11,407 bilhões.
O
rotativo do cartão de crédito é a operação em que o cliente financia o saldo
devedor remanescente após pagar somente uma parte da fatura. Também são
consideradas como rotativo as operações de saque na função crédito.
No ano,
essa foi a modalidade de crédito para consumo em que o saldo mais cresceu
(16,6%), ganhando do cheque especial (12,7%). Para o diretor da Associação
Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac),
Miguel José Ribeiro de Oliveira, a queda na atividade econômica, com inflação
em alta, gera dificuldades no orçamento doméstico e as pessoas deixam de pagar
até mesmo o valor mínimo da fatura do cartão de crédito.
O
pagamento mínimo é de 15% do total da fatura. Ao deixar de pagar o valor total,
o cliente automaticamente contrata uma operação de crédito, com incidência de
juros sobre o saldo não liquidado.
As
instituições financeiras cobram juros altos por esse empréstimo e há o risco de
a dívida crescer como bola de neve até o ponto de o cliente não conseguir
pagar. “Essa é uma linha que, em cinco meses e meio, dobra de tamanho”, disse
Oliveira.
Em junho,
a inadimplência do rotativo do cartão de crédito chegou a 36,9%, com alta de
1,5 ponto percentual, comparado a maio deste ano, e de 4,3 pontos percentuais
na comparação com igual mês de 2014.
Oliveira
aconselha um crédito com juros mais baixos, como o consignado em folha de
pagamento, para pagar a dívida do cartão de crédito. As instituições
financeiras costumam oferecer o parcelamento do saldo devedor da fatura com
juros menores que do rotativo. Mesmo assim é geralmente uma taxa superior aos
juros do crédito pessoal.
Em junho,
a taxa média do cartão de crédito parcelado chegou a 118,2% ao ano, enquanto a
do rotativo ficou em 372% ao ano, a maior entre as cobradas de pessoas físicas
no crédito com recursos livres (os bancos têm autonomia para aplicar o dinheiro
captado no mercado e definir as taxas de juros).
A taxa do
cheque especial, também uma das mais altas, ficou em 241,3% ao ano. Já a do
crédito pessoal alcançou 48,4% ao ano.
Essa taxa
do cartão de crédito é a média cobrada pelas instituições financeiras, mas há
bancos que chegam a cobrar quase 800% ao ano. No fim de julho, o ranking de
taxas do BC mostrava que os juros do cartão de crédito rotativo ia de 70,42% ao
ano a 794,95% ao ano.
Apesar do
crescimento do uso do rotativo, a maioria dos consumidores ainda prefere o
pagamento à vista. O saldo das operações com pagamento à vista no cartão de
crédito (operações sem incidência de juros) chegou, em junho, a R$ 114,163
bilhões. Já o saldo parcelado (compras parceladas com juros e parcelamento da
fatura) ficou em R$ 12,483 bilhões.
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