É sabido que para o exercício de uma profissão liberal, como
advogado, médico, cirurgião-dentista, corretor de imóveis, etc., é necessário
ter habilitação profissional e estar inscrito no Conselho de Fiscalização
respectivo (OAB, Cremers, CRO, Creci). De tal forma, para promover a análise
psicológica de alguém é necessário estar inscrito no Conselho de Psicologia
como profissional habilitado. Isto se a análise for feita de forma
profissional.
Não é o caso presente, pois aqui a análise psicológica dos
corruptos é feita por leigo. Qualquer cidadão comum tem o direito de especular
sobre o que “vai na cabeça de um corrupto”.
Em primeiro lugar, qual é pior: o corruptor ou o corrompido? São
iguais. Ambos são nocivos à sociedade, pois suas condutas geram desdobramentos
e resultam em sequelas que prejudicam o povo em geral. São as duas faces de uma
mesma moeda, que é a “corrupção”.
É claro que as observações aqui realizadas só valem para as
pessoas consideradas normais, pois aqueles que tem deficiência de caráter podem
até achar que suas condutas não poderiam diferentes. Estes são doentes morais.
Sobre o assunto, é de entender que existem vários tipos de
corrupção. Alguns admitem que existe, até mesmo, a corrupção por questão de
sobrevivência. Isto seria difícil de aceitar, porquanto para ser corrupto há
necessidade de ter uma “posição” ou “cargo” que propicie a conduta. Se outras
pessoas, em igualdade de condições, tem a mesma receita, e com ela sobrevivem,
também o corrupto deveria sobreviver com a receita lícita que tem. Se não
estiver satisfeito, que procure outra atividade.
O difícil seria a primeira vez. Depois da primeira corrupção, as
atividades desenvolvidas são consideradas normais, sendo aperfeiçoadas com o
passar do tempo. Mas chega ao limite em que a pessoa, seja o corruptor seja o
corrompido, não suporta mais a situação, desaparecendo a tranquilidade
psicológica.
Aquilo que foi iniciado
sem muito esforço fica difícil de ser interrompido. É semelhante ao que
acontece com o usuário de drogas.
A vida familiar, amigos e ambiente social passam a ser afetados.
O corrupto tem desentendimentos com esposa e filhos, não confia em amizades e
passa a ter uma vida social restrita.
Suponhamos a figura do corrupto que não foi bem sucedido:
conseguiu acumular riquezas, adquirindo bens materiais consideráveis e,
inclusive, depósitos no exterior. Mas foi descoberta a corrupção. Está sendo
processado e teve o patrimônio bloqueado. Tem como alternativa ser preso e
condenado a uma pena merecida, ou diminuir a pena mediante deleção premiada.
A dor de consciência deve ser terrível. As únicas opções são
deletar o “esquema”, entregando os supostos amigos, ou “pagar o pato”, arcando
com as consequência de ações e atitudes
de outras pessoas. Qualquer das opções será sofrida.
Suponhamos a figura do corrupto bem sucedido, aquele que
acumulou riquezas materiais e conseguiu chegar à aposentadoria sem ser
descoberta sua conduta ilícita.
Está ele passando temporada em sua casa de praia, em companhia
de familiares. Sentado em uma cadeira própria, bebericando seu uísque, observa
os netos brincando na areia.
Será que ele está feliz
com a situação? Será que, pensando nos futuro dos netos, não fica preocupado
com o que vai acontecer? Será que não pensa que o dinheiro desviado
ilicitamente poderia ter sido usado na saúde, salvando ou curando pessoas, ou
na educação, preparando jovens para o futuro? Será que tem amizades sinceras e
confia plenamente nos amigos? Com certeza, se for uma pessoa normal, os seus
pensamentos não serão os melhores.
Sem maiores considerações sobre o aspecto religioso, os
corruptos militantes não têm religião. Se têm são apenas de fachada, tentando
justificar a prática ilícita. Também, não têm amizades sinceras, pois
desconfiam de todos. Na família, a esposa não tem conhecimento pleno de suas
atividades. Os filhos são enganados. Se crianças, são alimentadas com mentiras.
Se jovens, desconfiam de alguma coisa errada, ficando na dúvida. Se adultos,
certamente têm conhecimento pleno da conduta do genitor.
O pai poderá perder o
respeito dos filhos, que não concordam com o que acontece. Pode ser que envolva
esposa, filhos, genro ou nora, e outros familiares na corrupção. Parece que
esta é a mais desastrosa das condutas, vez que, mais cedo ou mais tarde, virá o
arrependimento.
Outro aspecto a ser analisado, e que nem todos acreditam, é que
se falhar a justiça terrena ainda restará a Justiça Divina. Está seria
infalível. Os espiritualistas, que não se restringe aos “espíritas”, acreditam
que existe “outra vida”.
Nesta vida terrena todos
tem oportunidade, em razão do livre arbítrio, de praticar boas ações ou más
condutas, resgatando débitos anteriores ou adquirido créditos futuros, conforme
a lei de causa e efeito.
Tudo que se faz de errado aqui, será pago aqui mesmo, ou morre e
fica devendo. No pagamento terreno entrariam doenças pessoais, ou na família,
desestruturação familiar, remorso, ver os filhos sofrendo, amizades desfeitas e
outras ocorrências.
Ao se aproximar o fim da vida, seja em razão da idade ou de
doença, sabedor que bens materiais aqui ficarão, a meditação e autoanálise
aumentam, podendo aumentar o sofrimento e a dor de consciência. Passa a ter
conhecimento pleno de que nada adianta deixar herança em bens materiais, se
nada deixou de herança moral. Certamente,
o fim de vida não será feliz.
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