José Ivo Sartori (PMDB)
fez tudo o que não se espera de um governante em tempos de crise: escondeu-se.
Delegar ao secretário da Fazenda, Giovani Feltes, o anúncio do parcelamento do
salário de 47,2% dos servidores estaduais é inadmissível. Pedir compreensão, em
um vídeo nas redes sociais, para quem trabalhou integralmente, receberá de
maneira fragmentada e vê as contas mensais baterem à porta, é desumano,
demasiado desumano.
Resultado: Nesta
segunda o dia amanhece instável politicamente e inseguro no Rio Grande do Sul,
com o magistério e a segurança pública praticamente parados. E a situação deve
piorar: o governo do Estado tentará aprovar pacote de aumento de impostos -
gestado desde o início do ano e que atingirá combustíveis, telecomunicações e
energia elétrica -, a reestruturação da previdência estadual e o aumento do
percentual de uso de depósitos judiciais de 85% para 95%.
A guerra na Assembleia
Legislativa está perto de começar. Espera-se para esta semana o envio das
medidas para a apreciação dos deputados estaduais.
A crise não foi criada
por Sartori. Cada governador das últimas quatro décadas tem sua parcela de
responsabilidade por gastar mais do que era possível arrecadar. Em termos
econômicos, por gerar déficit. No apagar das luzes de seu governo, Tarso Genro
(PT) reajustou o salário mínimo regional em 16% quando a inflação do período
não chegava aos 7%.
Mais: é o responsável
mais recente pela falência do Estado ao inchar a máquina pública com - para
citar apenas um exemplo - concursos. Ninguém contrata se as contas não fecham.
Tarso contratou!
Apenas o “Gringo”,
contudo, fracionou os salários. Essa terrível marca ninguém tirará dele. Há
quem o chame de corajoso pela medida. Há quem o considere tolo por repetir o
receituário de transferir à população o ônus da incompetência administrativa de
sucessivos governantes. Talvez seja pior, muito pior. Talvez se viva no Rio
Grande do Sul caso único e desesperador em que a coragem e a tolice caminhem de
mãos dadas.
E o Estado segue à
espera de um milagre.
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