Mais comum do que se
imagina, despersonalização se agrava através do consumo de drogas ilícitas como
maconha e ecstasy. Problema costuma ter como causa outros transtornos mentais
que vão desde a depressão até esquizofrenia.
A sensação de que o que
você está vivendo não é real, uma sensação estranha, como se seus olhos
enxergassem um mundo sem verossimilhança. É sentir que você está vivendo dentro
de um sonho ou filme. Esse é o principal sintoma de desrealização ou
despersonalização. Uma doença que aflige inúmeras pessoas e elas nem sabem
disso.
De acordo com o texto
publicado pelo psiquiatra Galeano Alvarenga, “o indivíduo tem uma sensação de
ser um observador externo dos próprios processos mentais e do próprio corpo. Há
também o sentimento de anestesia sensorial […] e alteração na percepção” (as
pessoas parecem “estranhas” ou “mecânicas”). O indivíduo se sente separado do
próprio corpo, em outras palavras.
O distúrbio de
despersonalização-desrealização ou “DP” é uma doença reconhecida pela
psiquiatria e psicologia. A pessoa pode adquiri-la através de outros problemas
como, depressão, transtorno bipolar e de personalidade, além de esquizofrenia.
Ou pode adquiri-la naturalmente, com situações de ansiedade ou através de
traumas vividos, tanto físicos quanto psicológicos. A mente pode simplesmente
se dissociar da realidade, como um mecanismo de defesa no caso de um conflito
interno muito intenso.
O desenvolvimento do DP
é explicado em um artigo científico de psiquiatria da universidade de Coimbra:
“O início do distúrbio pode ser súbito ou insidioso. Em certos casos, a
despersonalização pode começar episodicamente, por meses ou anos e
posteriormente torna-se contínua”.
Principais sintomas
Quem é despersonalizado
costuma ter a impressão de que a realidade parece “errada”. Essa sensação
acontece frequentemente, além do estado ser duradouro. É normal também
apresentar sensibilidade a luz e ao som.
Em outras ocasiões o
paciente sente que o próprio corpo aumenta e/ou diminui de tamanho, isso é
conhecido como síndrome de Alice no País das Maravilhas (o nome é referente à
história de Alice, que muda de tamanho durante todo o conto. Às vezes ela
cresce e fica enorme, às vezes diminui a ponto de parecer uma miniatura, tudo depende
do cogumelo que ingere).
O estado de apatia do
despersonalizado é constante, ele tem um desligamento do mundo, fica
introspectivo. Nesse caso, ele pode permanecer distraído, aéreo por longos
períodos e nem se dá conta do tempo passar. Como se fosse um estado de limbo.
Por exemplo, dirigir por um longo período e não se recordar do caminho ou estar
em um ambiente e não lembrar-se de como foi parar lá. Além de tudo isso,
objetos imóveis podem se mexer.
Agravantes
O consumo de drogas
ilícitas como maconha e ecstasy e drogas lícitas como nicotina e cafeína
aumentam os sintomas da despersonalização. Apesar de ser difícil, a pessoa deve
evitar o isolamento constante e a introspecção. Situações de stress também
agravam a agonia do transtorno.
As multidões incomodam,
pois as massas são responsáveis por muitos estímulos visuais, auditivos,
olfativos e táteis.
Situações fora de
rotina e fora da zona de conforto também incomodam o despersonalizado, pois ele
não sabe lidar em alguns momentos com pessoas ou situações sociais.
Atenuantes
É fortemente
recomendada a prática de exercícios físicos regulares e moderados. A atividade
traz benefícios à saúde e dá sensação de bem estar. Os esportes coletivos
melhoram as relações sociais.
Caso o indivíduo estiver
passando por um momento de desrealização intenso ou incomodo, ele pode provocar
dor em si mesmo, como um beliscão, mas jamais a automutilação.
Outro atenuante é o
sexo e as relações de amor e carinho. A experiência com outra pessoa ajuda a
sentir a realidade. A sensação do toque, do sorriso é boa, além do estado de
prazer que vem depois.
Álcool é um atenuante,
porém o alcoolismo é um problema. O consumo moderado e não regular de álcool
inibe o córtex pré-frontal e diminui os sintomas dissociativos. Beber uma
cerveja com os amigos pode ser um bom alívio quando feito de um modo que
permita se relacionar, se divertir e se sentir mais relaxado.
Dificuldade de se
relacionar
Desrealização é
realmente muito sério, os portadores do problema por mais que tentem não
conseguem ter uma relação boa com o mundo ao redor, seja com estranhos ou com
os mais próximos.
O despersonalizado
sente dificuldade de mostrar carisma, sentimentos ou empatia com os outros,
tornando as relações pessoais mais complexas e assim agravando a situação. Ele
busca manter-se isolado, apresenta uma necessidade de refúgio e certo desespero
com relações sociais pouco desejadas, como festas e gente desconhecida.
Em alguns casos graves
o despersonalizado pode cometer suicídio de um jeito calmo e tranquilo por não
compreender a realidade ao seu redor.
Lenilson Resende, hipnoterapeuta: tratamento
por hipnose é válido quando paciente tem na base da doença outros problemas,
como ansiedade e estresse contínuo ou pós-traumático
Lenilson Resende,
hipnoterapeuta: tratamento por hipnose é válido quando paciente tem na base da
doença outros problemas, como ansiedade e estresse contínuo ou pós-traumático
Questionários e tabelas
são utilizados para diagnóstico
A desrealização pode
ser mascarada por outros problemas ou vir associado a eles, tornando o
diagnóstico mais complexo. Existem tabelas e questionários de auto-avaliação
utilizados por especialistas. O método mais utilizado é a Escala de
Despersonalização de Cambridge, que é um questionário que mede o nível dos
sintomas do paciente. Os valores são bem aceitos pela comunidade científica. A
escala possui 29 itens, cada um classificado de 0 a 10. Uma pontuação acima de
70 já sugere a presença de transtorno.
O tratamento não é
específico. Em alguns casos recorre-se a farmacoterapia (remédios específicos),
mas também é comum a psicoterapia, a terapia comportamental e a hipnose. A
desrealização pode ser aliviada e até mesmo anulada. Entretanto pode ocorrer
novamente.
A psicoterapia, em
alguns casos, visa trazer o indivíduo a uma reflexão sobre seus objetivos de
vida. O tratamento tem como intenção motivá-lo a buscar e descobrir seus
desejos, suas vontades, e estimular essa busca para que a pessoa possa sair
desse estado de distanciamento.
O hipnoterapeuta
Lenilson Resende explica que o tratamento por hipnose é válido quando o
paciente tem ligação do DP com problemas de ansiedade, de estresse contínuo ou
pós-traumático. Ele não recomenda a hipnose com quem sofre de esquizofrenia ou
abuso de drogas, pois o indivíduo necessita de uma autonomia.
Lenilson explica: “Nas
técnicas de hipnose, o paciente é conduzido ao estado de transe. Este estado,
por sua vez, leva o paciente a ter contato mais profundo com suas questões
internas”. Ele frisa que o hipnólogo não é capaz de fazer o diagnóstico do
distúrbio, pois isso fica a cargo de psiquiatras e psicólogos, mas em alguns
casos o psicólogo encaminha o paciente para fazer a terapia por hipnotização.
Ressaltando que esta técnica também é utilizada por médicos.
SEPARADO DO PRÓPRIO
CORPO: A DOENÇA CRIA INÚMERAS SENSAÇÕES, COMO ESTADO DE APATIA,DESLIGAMENTO DO
MUNDO E CONSCIÊNCIA DE UMA REALIDADE ERRADA
Principais sintomas:
* Ter consciência de
que a realidade parece “errada”
* Sensibilidade a luz e
som
* Sentir que o próprio
corpo aumenta e diminui em certos momentos (síndrome de Alice no País das
Maravilhas)
* Estado de apatia
constante, desligamento do mundo, introspecção (a pessoa fica distraída por
muito tempo e nem se dá conta do tempo passar. como se fosse um estado de
limbo)
* Acreditar que objetos
imóveis podem se mexer
Agravantes do DP:
- Drogas ilícitas como
maconha, ecstasy
- Drogas lícitas como
nicotina e cafeína
- Isolamento,
introspecção
- Estresse
- Multidões (a pessoa sofre
muitos estímulos visuais, auditivos, olfativos, táteis)
- Situações fora de
rotina e fora da zona de conforto (a pessoa não sabe lidar em alguns momentos
com pessoas ou situações sociais)
Atenuantes do DP:
- Exercícios físicos
regulares e moderados
- Provocar dor em si
mesmo, como beliscões (nunca automutilação)
- Sexo (a experiência
com outra pessoa ajuda a sentir a realidade, além do estado de prazer que vem
depois)
- Olhar no espelho
- Álcool (o alcoolismo
é um problema, mas o consumo moderado e não regular de álcool inibe o córtex
pré-frontal e diminui os sintomas dissociativos)
- Relações sociais
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