domingo, 8 de novembro de 2020

Por que nossos filhos estão "menos inteligentes"?

Pesquisa aponta que, pela primeira vez, crianças registraram índices de QI inferiores ao de gerações anteriores




 

Antes de qualquer coisa, é preciso que você saiba: há uma grande discussão atualmente no meio científico sobre o real significado dos resultados de testes de QI e muitos pesquisadores afirmam que esse índice não é mais adequado para mensurar potencial cognitivo.

 

Há algumas décadas, inclusive, Howard Gardner lançou críticas severas a esse tipo de mensuração, ao tratar de suas inteligências múltiplas, como você pode conferir neste vídeo. Mas o fato é que outra linha de estudiosos tem, digamos, aperfeiçoado os testes de QI e segue utilizando-os, mesmo que com interpretações diferentes das de antigamente.

 

E um estudo realizado pelo francês Michel Desmurget, diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde de seu país, apresentou uma conclusão polêmica: pela primeira vez na história, uma geração parece ser "menos inteligente" que as anteriores.

 

Segundo Michel, os testes de QI são atualizados regularmente, visando absorver características que permitam apreender melhor os desafios cognitivos de cada geração. Por isso, no estudo que realizou foram considerados testes feitos com base em estruturas baseadas nas gerações anteriores. Desse modo, foi possível - em tese - avaliar o desempenho de diferentes gerações sob os mesmos critérios. E as conclusões foram surpreendentes: em fatores como linguagem, concentração, memória e cultura, os mais novos apresentaram desempenho pior que os mais velhos.

Via de regra, o processo seguia uma escala crescente, o chamado "Efeito Flynn".

 

Por que nossos filhos estão "menos inteligentes?"

O pesquisador explica que ainda não é possível apresentar uma justificativa única. Mas existem muitos fatores na mesa, que vão dos hábitos à nutrição e incluindo até mesmo a poluição. Mas um fator ele faz questão de destacar: exposição a telas.

 

"Infelizmente, ainda não é possível determinar o papel específico de cada fator, incluindo por exemplo a poluição (especialmente a exposição precoce a pesticidas) ou a exposição a telas. O que sabemos com certeza é que, mesmo que o tempo de tela de uma criança não seja o único culpado, isso tem um efeito significativo em seu QI. Vários estudos têm mostrado que quando o uso de televisão ou videogame aumenta, o QI e o desenvolvimento cognitivo diminuem", afirma Michel Desmurget em entrevista à BBC publicada pelo G1.

 

Segundo o pesquisador, a exposição a telas gera efeitos e são eles que afetam o desenvolvimento cognitivo. "Diminuição da qualidade e quantidade das interações intrafamiliares, essenciais para o desenvolvimento da linguagem e do emocional; diminuição do tempo dedicado a outras atividades mais enriquecedoras (lição de casa, música, arte, leitura, etc.); perturbação do sono, que é quantitativamente reduzida e qualitativamente degradada; superestimulação da atenção, levando a distúrbios de concentração, aprendizagem e impulsividade; subestimulação intelectual, que impede o cérebro de desenvolver todo o seu potencial; e o sedentarismo excessivo que, além do desenvolvimento corporal, influencia a maturação cerebral", explica Desmurget.

 

Fonte: Administradores.

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