sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Morte na casca: a menina no Buffet


Assim como a semente que germina, também a criança necessita ser fortalecida para saber lutar no ambiente social.


 Reflito a respeito disso quando falo da mulher moderna no seu papel de mãe educadora. Dar amor, alimento e espaço para desenvolver os talentos naturais da criança é a tarefa da mãe. Contudo, o equilíbrio nessa relação pedagógica é importante, e a orientação é atentar para as atitudes superprotetoras dentro da família.

Com a superproteção "corta-se as asas" e bloqueia-se o crescimento do jovem. Não tendo o espaço necessário para romper a terra (casca) sozinho, com esforço pessoal, a criança ou o jovem permanece atrofiado, preso, dependente do núcleo familiar. 

Não sabendo enfrentar as dificuldades do ambiente social em primeira pessoa, acomoda-se, frustra-se, não encontra a estrada ou, como no dito popular, "morre na casca".

Em uma oportunidade, presenciei os movimentos de um casal já maduro com a filha de aproximadamente dez anos. A menina era convidada a permanecer na mesa, enquanto a mãe questionava: queres um pãozinho? Massinha? Bifinho? Peixinho? Queres um presuntinho? E assim sem cessar.

Durante as idas da mãe ao buffet, a menina permanecia na mesa com o pai, que cortava os alimentos para a menina.

No absolutismo da posição da mãe, o pai compra a ideia. A criança, inerte, aceita as limitações e as imposições. O dependente torna-se exigente.

Aceita a dependência, mas sabe que é capaz. Prostitui-se para tirar vantagem imediata na relação familiar, chama a atenção através da dependência sugerida. Com isso aceita a invalidez e a incapacidade que sabe não ter.

A mãe está posicionada com boa fé, mas tende a agir de modo a fazer com que os filhos sejam eternos parceiros dependentes.

 Esse empenho torna a mulher, mãe, única mediadora na relação filho e mundo, contribuindo para ser fraco, infantil e incapaz de entrar na competição social em primeira pessoa, de modo direto, vencedor.


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