O mundo todo tomou
conhecimento do assassinato do leão Cecil (13 anos) que vivia numa reserva do
Zimbábue, África. Fato perpetrado pelo dentista americano Walter J. Palmer, em
1º de julho 2015. A Dra. Jane Goodall, primatologista britânica, uma das mais
famosas conservacionistas do mundo, disse em nota oficial não ter palavras para
expressar a sua repugnância quanto ao que houve com o leão. “Fiquei chocada e
enraivecida com a história da morte de Cecil.” O leão Cecil era estudado pela Universidade de
Oxford – Inglaterra. A pergunta que fica é: será que o homem está involuindo
nos seus sentimentos de amor ao outro, aos outros animais e à natureza? Estamos
nos embrutecendo?
Quando debruçamos sobre
a origem, primórdios e evolução da humanidade é oportuno que façamos algumas
reflexões comparativas entre aquele homem ancestral de Neanderthal ou o
Cro-Magnon e o homem de hoje, século
XXI, ou era da robótica e virtualidade (informática, internet) etc.
Eu trago esta reflexão
à pauta sobretudo no que concerne a alguns atributos ou características desse
animal que somos nós; sujeito racional, diferenciado dos outros animais ditos
inferiores (porque não racionais) e portador de outras qualidades como
inteligência elevada, capacidade de amar, de chorar, de se sensibilizar com o
sofrimento do semelhante ou não semelhante etc. Estamos perdendo esses
sentimentos?
Além dessas virtudes e
faculdades inatas, um animal capaz de aprender e introjetar muitos outros
sentimentos e valores como comportamento de solidariedade, atitudes éticas,
respeito ao próximo, preservação da natureza e da vida selvagem e muitas outras
condutas compatíveis com sua condição de animal superior, inteligente e dotado
de razão. Estamos nos enlouquecendo e perdendo a razão?
Sem contar, como eu
acredito, que somos também constituídos de um binômio somato-espiritual, ou
feitos de carne e osso e também de alma. E me arvoro até em afirmar que esta
sim, é nossa principal distinção dos irracionais porque nos torna de fato
humanos com algumas chispas especiais e intelecto que nos aproximam de Deus.
Será que estamos nos tornando cada vez mais aliados do diabo?
Promovendo então um
mergulho na História de nossos primitivos representantes, lá nos idos milênios
do homem de Neanderthal (homo sapiens sapiens, Cro-Magnon) considero de
interesse psiquiátrico ou psicológico e sociológico que façamos uma comparação
entre o modus vivendi, a personalidade e a dita racionalidade daquele homem das
cavernas e esse homem de nossa hipermodernidade. Esse homem que foi à lua, a
marte, que enviou uma sonda para plutão. Esse homem moderno que criou até a
inteligência artificial. Será que estamos nos idiotizando?
Naqueles tempos
pré-históricos é natural inferirmos que o homem praticasse por exemplo o
extrativismo vegetal, o abate de animais com o objetivo estrito de prover a
alimentação de si e da família (tribo). No embate com indivíduos da mesma
espécie de outras tribos é provável que houvesse até alguma violência e
assassinato. Fato compreensível e aceitável porque é consequência de rivalidade
de qualquer animal. É a expressão e o exercício dos instintos selvagens de todo
bicho, sendo ele racional ou não, uma autodefesa e preservação da prole, por
exemplo.
No que se refere à
relação do homem primitivo com a natureza, com a terra. É conclusivo afirmar
que esse vínculo e usufruto era de absoluto respeito, uma vez que não se
dispunham de ferramentas e produtos químicos que degradassem ou adoecessem o
meio ambiente. A exploração de toda forma de vida vegetal ou animal era para a
exclusiva sobrevivência alimentar.
Vamos nos aproximar de
nossa era, de nosso segundo milênio e idade moderna para cá. Como era o Brasil
nos idos de 1500? Uma vastidão de matas e florestas verdejantes, rios e mares
nativos, flora e fauna abundantes. Os habitantes: várias tribos indígenas, uma
nação de índios muito parecida nos hábitos e costumes com o homem de
Neanderthal ou com a própria Luzia, essa mineirinha que viveu em Pedro Leopoldo
MG 11000 anos antes de Cristo (nome dado
pelo biólogo Walter Alves Neves, ao fóssil ali encontrado).
Eis que então a Terra
Brasil e outras plagas desse planeta são “descobertas” e invadidas por outras
nações e homens mais civilizados que os selvagens e silvícolas, primitivos e verdadeiros
donos desses paraísos naturais. E as relações desse homem moderno (homo
modernus) com a natureza, com o meio ambiente, com a fauna e com o próprio
homem? Destruição predatória insana e sem limites, poluição da atmosfera e de
rios, montanhas de lixos a contaminar os solos e mares, aniquilamento e
extinção de muitas espécies animais, acúmulo de toneladas de CO2 e outros gases
tóxicos na atmosfera e muitas outras sujeiras pelo planeta.
Nas relações
inter-humanas, somos a única espécie capaz de queimar o outro ainda vivo,
esquartejar ou executar o semelhante por motivos fúteis ou sem motivo algum.
Somos uma organização política e estatal que tolera outro estado bandido e
terrorista dentro do próprio estado oficial. Exemplos, o Isis e Boko-Haram (fundamentalistas
islâmicos), PCC – primeiro comando da capital (SP) e comando vermelho(RJ) etc.
E nos esportes? Estamos
num estágio tal de subdesenvolvimento que se permite que o homem por prazer e
superioridade lance um fecha em um leão, deixe-o agonizante e depois dê-lhe um
tiro de misericórdia e o decapita e exibe essa cabeça como troféu! Foi o que
ocorrera com o leão Cecil lá no Zimbábue , uma demonstração da crueldade e
barbárie de que é capaz esse homem
apelidado de civilizado, inteligente e desenvolvido de nossa era moderna.
Imagine se ele não fosse!
E sabem o que mais
horroriza e aterra as pessoas de bem e de sentimentos bioéticos? Constatar que
homens que nos governam e representam, chamados de estadistas e excelências
tornem todas essas infâmias e carnificinas legalizadas, com a permissão da caça
e abate dos ditos animais selvagens , prática a que eles intitulam de esporte e
diversão. Que civilização humana é essa? Acho que se fosse uma civilização
animal estaríamos melhor nas fotos e nos vídeos. Nosso repúdio a todos os que
fazem e aos que oficializam essa barbárie. Nossas exéquias e nênias ao belo e
dócil leão Cecil.
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