Escolhi para o artigo
de hoje um tema um tanto desafiador: educação e consumo.
Tenho reparado que as
decisões diárias de consumo afetam diretamente nossa vida, o tempo que
dedicamos ao trabalho, aos filhos, à família, aos estudos, ao lazer etc.
Em 2006 quando Al Gore
lançou seu documentário Uma Verdade Inconveniente (https://goo.gl/ZokOtZ)
fiquei realmente tocado pelo assunto. Embora o documentário tratasse sobre a
poluição do planeta e suas implicações, fiquei intrigado sobre o impacto que o
consumo tem em tudo isto.
Comecei a investigar um
pouco mais e descobri coisas interessantes, como um estudo realizado por Annie
Leonard sobre a cadeia de extração, produção, distribuição, consumo e descarte
que virou um vídeo bastante popular na internet (https://goo.gl/he8eYC). Se
você achar o vídeo superficial, vale a leitura do livro de mesmo nome (A
História das Coisas). Para Leonard, foram dez anos de pesquisa e viagens pelo
mundo coletando e cruzando dados que mostram numericamente a cadeia produtiva
mundial.
Hoje, tenho a
compreensão de que a falta de água não é somente uma questão de má gestão
governamental (parte pode até ser) ou algum tipo de destino divino. Longe
disso, é apenas um uso equivocado dos recursos que temos à disposição no
planeta.
Às vezes me assusta o
fato de que das 100 maiores economias do planeta, 51 são empresas e 49 são
países. Um amigo costumava dizer que o conhecido Big Brother, do filme 1984,
seria construído pelas empresas e não pelos governos. Bem, ligando a televisão
em casa vejo que ele tinha razão. Em um cenário como este, embora pareça
antiético um senador no Brasil receber mais de cinco milhões de verbas de
grandes marcas para campanha política, isso se enquadra sem grandes problemas
no modelo social vigente.
Em um cenário como
este, onde o poder econômico se concentra em empresas e não nos governos – que
tem como princípio básico a representação das pessoas – as decisões acabam por
ter um natural viés comercial.
Este panorama tornou-se
tão crítico que em 2000, o embrião do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente
(www.akatu.org.br) surgiu dentro do Instituto Ethos de Empresas e
Responsabilidade Social, quando “Os seus dirigentes perceberam que as empresas
só aprofundariam, a longo prazo, suas práticas de Responsabilidade Social (RSE)
na medida em que os consumidores passassem a valorizar essas iniciativas em
suas decisões de compra.”
Mas o que tudo isso tem
a ver com o relacionamento entre empresa e clientes?
Se queremos
relacionamentos melhores e duradouros, como perceberam os empresários do
Instituto Ethos, é preciso equilibrar a relação: compreender que dentro de um
relacionamento, o lado que tem maior conhecimento e preparo é responsável por
contribuir para que o outro se desenvolva na mesma medida.
Destinar um percentual
dos lucros apenas porque trará um abatimento nos impostos é uma visão restrita.
Algumas empresas já têm na composição de sua proposta o destino certo para
parte do dinheiro recebido dos clientes, independente do lucro. Essa é uma
decisão radical, mas que pode servir como A referência que gosto de usar é que
construímos casas hoje como fazíamos há mais de 100 anos.
Já temos tecnologia
para gerar 80% menos resíduos na construção civil (sim, oitenta por cento
menos!). Mas ainda temos poucas práticas neste sentido. Se a decisão for
somente econômica, dificilmente será levada a cabo.
O momento exige das
pessoas, das empresas, dos governos e da sociedade mudanças para melhor.
Se eu tivesse de
escolher um ponto de partida para esta mudança, começaria pelo destino,
escolhendo o tipo de sociedade que queremos viver daqui há alguns anos. A
definição de um propósito claro e simples para as organizações é um bom ponto
de partida.
Não apenas porque irá
gerar resultado financeiro, mas simplesmente porque é o melhor que podemos
fazer agora.
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