Técnica
criada pela Universidade de São Paulo reúne uma série de seis exercícios para
fortalecer os músculos envolvidos na produção do ronco e na apneia do sono
obstrutiva.
Pesquisadores do
Laboratório do Sono, do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, desenvolveram uma técnica
para reduzir a frequência e a altura do ronco até que ele se torne
imperceptível em alguns casos. A aplicação também ajuda no tratamento da apneia
do sono de grau leve e moderado, porque resulta na diminuição do número de
engasgos à noite.
A técnica consiste em
uma série de seis exercícios para fortalecer os músculos envolvidos na produção
do ronco e na apneia do sono obstrutiva. Os exercícios devem ser feitos três
vezes ao dia, durante 8 minutos e incorporados às atividades corriqueiras do indivíduo.
Segundo a fonoaudióloga Vanessa Ieto, os exercícios ajudam a melhorar a
flacidez na musculatura da língua, fim do céu da boca e a úvula (conhecida como
campainha). O estudo foi publicado na revista acadêmica Chest.
“Todos os pacientes que
participaram da pesquisa fizeram seis exercícios durante três meses, mas, para
ser eficaz, é preciso ter o diagnóstico correto, a avaliação de fonoaudiólogo
especializado, orientação do profissional e acompanhamento durante os
exercícios para não fazer nenhum movimento errado e não surtir efeito”, disse
Vanessa.
De acordo com o diretor
do Laboratório do Sono do Incor, Geraldo Lorenzi Filho, muito mais comum do que
se pensa, o ronco é causado por uma vibração da musculatura da garganta quando
o ar passa. O ronco ocorre quando a pessoa dorme, relaxa a musculatura, e a
passagem para o ar na faringe é muito estreita. “Pode parecer uma coisa boba,
mas incomoda muito, e ficar roncando todas as noites pode deixar a musculatura
mais flácida e, no futuro, causar apneia”, afirmou o médico.
PESO
Lorenzi informou que,
na cidade de São Paulo, um a cada três indivíduos tem algum grau de ronco
variável (30% com relação ao número de roncos por hora na noite e 60% com
relação à intensidade ou volume). No caso dos roncos mais leves, o tratamento é
perder peso, dormir de lado, não beber álcool ou tomar sedativos durante a
noite e desobstruir o nariz. “Entre as causas do ronco estão a garganta
estreita, a obesidade e a mandíbula afastada para trás. Estudamos muito a
relação da apneia do sono com a doença cardíaca. Com a idade, o ronco também
aumenta. Nos casos de apneia grave, aumenta o risco de pressão alta, arritmia,
diabetes e alterações de arteriosclerose.”
“Minha esposa percebeu
que parei de roncar e durmo mais tranquilo”
O aposentado Nelson
Ieto, de 65 anos, disse que aos 35 anos teve um infarto e decidiu mudar de
vida. Parou de fumar e beber e adotou práticas mais saudáveis no cotidiano.
Mais tarde, a filha de Ieto formou-se em fonoaudiologia, o que aumentou o interesse
dele pelo assunto. Como roncava demais, a indicação foi a de fazer a
polissonografia, o que o fez descobrir que tinha apneia do sono. “Há dois anos,
faço os exercícios de fono, além dos meus exercícios diários normais. Mudou
totalmente minha vida. Minha esposa percebeu que parei de roncar, e eu durmo
mais tranquilo.”
Marisa Curi tem 56
anos, trabalha no setor de administração de uma empresa e, diariamente,
levantava da cama cansada, sentindo-se indisposta e sonolenta durante todo o
dia. O marido reclamava de seu ronco e, por ter problemas respiratórios, ela
resolveu procurar um profissional e fazer a polissonografia, que detectou
apneia do sono moderada.
“Eu já fazia o
tratamento da asma, mas, como não melhorava, fui encaminhada para um médico do
sono, quando fui convidada a fazer parte do projeto dos exercícios. No começo,
eram só exercícios de respiração, e eu achava que não ia fazer diferença, mas,
depois que passei a exercitar a musculatura, mudou muito.
Não acordo mais no meio
da noite sufocada, a qualidade do sono melhorou, consigo dormir a noite toda,
fico mais disposta”, disse Marisa.
Comente este artigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário