Agosto chegou, trazendo
velhas lembranças do “mês das bruxas”, ou “mês do cachorro louco”, quando
Getúlio se matou, Jânio renunciou, JK morreu. E este agosto de 2015 promete ser
um mês chacoalhado por grandes emoções no Executivo, no Legislativo e no
Judiciário. Ah! E nas ruas...
O presidente da Câmara,
Eduardo Cunha, vem aí! E vem armado até os dentes, testando sua tropa na Câmara
e mirando a presidente Dilma Rousseff, deve chegar camuflado, ora declarando
que não usará o arsenal do cargo contra o Planalto, ora descarregando munição
no gabinete presidencial, bem ali do outro lado da rua.
Ele pode disparar
projetos bomba que explodam as contas públicas e empurrem Dilma para o desgaste
de vetá-los. Também pode utilizar seus homens-chaves na CPI da Petrobras para
detonar inimigos, adversários ou mero desafetos. E, enfim, ele tem em mãos um
potente torpedo: os pedidos de impeachment.
Mas Cunha é um
guerreiro ferido, que tem voz de comando, mas se arrasta no terreno inóspito da
Lava Jato. Se, além da delação de Júlio Camargo, houver provas contra ele, vai
ter de economizar munição contra Dilma para se defender. Não será fácil.
Nesse clima, eis que a
verdade chega nua e crua: depois de tantos bons serviços prestados ao país no
impeachment de Collor, nos “Anões do Orçamento” e nas relações incestuosas
entre o juiz Lalau e o então senador Luiz Estêvão, as CPIs não têm mais
serventia. Perderam iniciativa e instrumentos para o MP e a PF e ficaram a
reboque da internet e da mídia. Pior: se servem para alguma coisa, é para fazer
o jogo de interesse dos poderosos de plantão no Congresso.
Qual o poder da CPI da
Petrobras? Os procuradores e policiais já estão lá adiante, avançaram para o
setor elétrico, rodam o mundo, já têm uma história com início, meio e um fim
plausível. A passos de tartaruga, a CPI só passa vexame a cada vez que um
delator, já está cansado de tanto falar, vai lá e não abre a boca.
Eduardo Cunha, que
manda na Câmara e na CPI, parece aproveitar-se disso para fazer investigações,
não de interesse da sociedade, mas do seu próprio interesse pessoal. Só isso
explica que a empresa de espionagem Kroll esteja focando nos podres do lobista
Júlio Camargo. Para tentar desqualificar sua delação contra Cunha? E só isso
explica que a CPI insista em convocar a advogada Beatriz Catta Preta. Para
ameaçá-la?
Num mundo de grandes
criminalistas de cabelos brancos, pagos a peso de ouro, eis que surge aquela
mulher, pouco mais que uma menina, e põe o processo, as regras e as tradições
de cabeça para baixo ao entronizar esse instrumento tão elementar, mas
novíssimo: as delações premiadas. Já são umas 25, 26, e é basicamente isso que
torna tudo diferente. Daí vem o fio da meada, que vai se entrelaçando,
desvendando, revelando e dando forma à maior roubalheira da história.
Não que Catta Preta
seja santa - nem demônio. Por enquanto, ela é um personagem envolto em
mistérios. Por que jogou os clientes da Lava Jato para o alto? Por que abandona
a carreira no auge do sucesso? Por que a artimanha das insinuações e meias
verdades? Em suas entrevistas ao Estadão e à Rede Globo, a advogada se limitou
a mandar um recado a quem interessar possa.
Ela disse que sofre
“ameaças veladas”, seja por meio da imprensa, seja por membros da CPI. Mas não
disse o básico: quem, como, onde e por quê? Deixa um cheiro de pólvora no ar,
sem apontar a arma, nem de onde partem os tiros.
E, em agosto, chega
finalmente a vez de o Supremo entrar em cena, numa guerra contra o Congresso.
Depois de empreiteiros, executivos da Petrobras, doleiros e paus-mandados de
todos eles, a Lava Jato vai pegar os políticos. Isso vai longe e tem potencial
explosivo.
É nesse cenário, e com
a economia em frangalhos, que o TCU vai julgar as contas do primeiro governo
Dilma, e o TSE vai julgar as contas da campanha de Dilma.
Ah! E com aquele
arremate perfeito: as manifestações do dia 16 vêm aí!
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