sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Aprendendo a Aprender


De “cego” a “expert” e, quiçá, a “mestre”

Há quem afirme que a Vida é uma escola. Passamos por ela sempre aprendendo algo que aumente nosso conhecimento e nossa sabedoria.

Mas temos consciência de como este processo ocorre?

Em seu livro Metamanagement (Antakarana Cultura Arte Ciência Ltda – SP), Fredy Kofman ensina, de forma sucinta, porém completa e profunda, como ocorre nosso aprendizado, e cujo resumo descrevo a seguir.

Inicialmente ele traça dois eixos: um vertical (Inconsciência – Consciência) e outro horizontal (Incompetência – Competência), que se cruzam formando quatro quadrantes que deverão ser percorridos no sentido anti-horário.
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No quadrante superior esquerdo está o “cego”. É aquele que, além de não saber fazer, sequer sabe que não sabe. É incapaz de realizar um trabalho ou tarefa determinada. É incompetente e inconsciente. Geralmente frustra e exaspera todos aqueles que precisam lidar com ele.

Ao se tornar consciente, o “cego” vira um “ignorante”, ou seja, enquanto o primeiro não sabe que não sabe, o segundo tem consciência de sua incompetência.
Neste ponto, o “ignorante” pode tomar três caminhos:

Transformar-se em um “ausente” e ignorar (abandonar) seu campo de ação. Isto significa que, consciente de sua incompetência, contratará uma pessoa para a realização da tarefa e se manterá à margem dela. O “ausente” não gera competência, mas evita a persistência de erros;

Transformar-se em um “cretino”, ou seja, mantém-se no campo de ação, sabendo que não sabe, mas fingindo saber. Consciente de sua própria incapacidade, insiste em não pedir ajuda a um “expert”;

Transformar-se em um “principiante”, ou seja, comprometer-se com o aprendizado e com o aumento da efetividade. Está sempre disposto a aprender, o que gera compromisso de sua parte. O “principiante” identifica seu campo de ação e admite, sem sentir vergonha, que não consegue ser efetivo na realização da tarefa.

Ao “principiante” é necessário que se cumpram quatro passos os quais, se não cumpridos, não caracterizarão o “principiante”, mas um “cretino” que aparenta ser um “principiante”. São eles:

Assumir a responsabilidade de aumentar sua competência;
Reconhecer-se como “principiante” e permitir-se cometer erros;

Buscar ajuda de um mestre ou coach e dar-lhe permissão e autoridade para ajudá-lo;

Dedicar o tempo e os recursos necessários para praticar diligentemente o que está sendo aprendido, sempre sob a supervisão do mestre ou coach, em um espaço adequado para tal.

A partir daí, com seu aprendizado contínuo, o “principiante” torna-se um “expert”, ou seja, torna-se conscientemente competente, hábil, sabendo o que tem que ser feito e, a partir de suas experiências, realizar aquilo que ele estima ser o melhor naquele momento. Ele alcança o quadrante superior direito do gráfico.
Parabéns! Mas…, Isto é tudo?

Não, porque o “expert” pode se tornar um “incompetente especializado”, aquele que, tendo alcançado a competência, ignora as mudanças que ocorrem no seu campo de ação. Não altera seu modo de agir, fica “parado no tempo” acabando por se tornar uma pessoa ineficaz. O “expert”, se não tiver consciência das limitações de sua habilidade, logo, logo, se torna obsoleto.

Então, qual o caminho? Tornar-se um “mestre”, a última etapa do aprendizado. É a fase onde se alcança uma idoneidade tal que lhe permite estabelecer novos padrões de excelência na realização de tarefas.

E qual o segredo?

Manter o espírito de “principiantes”, abertos e atentos a novas possibilidades criativas que escapam ao “expert” em sua competência inconsciente. É ter sempre vontade de aprender. O “mestre” é um eterno aprendiz do conhecimento. Como Sócrates, este sim, um “mestre”, afirmava: “Quanto mais eu sei, mais eu sei que nada sei”.

Este é o roteiro que nos faz compreender porque alguns são mais competentes que outros e porque só uns poucos podem ser chamados de “mestres”.


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