Vivemos uma crise política e econômica, dizem alguns, sem
precedentes. Guardadas as proporções da realidade contemporânea, diversas
tentativas de golpes – e golpes consumados, já ocorreram em nossa história.
Considerando o próprio levante político-militar de 15 de novembro de 1889,
verifica-se a natural luta pelo poder no transcorrer dos tempos e suas nefastas
consequências para a população. Seja na República Velha, na consolidação do
Estado brasileiro, após a Revolução de 30, até o percurso do longo caminho dos
dias atuais, não foram poucas as crises republicanas.
Entre tantos obstáculos superados, comparações nem sempre
precisas apontam a data de primeiro de abril de 1964, alegando a similaridade
do momento. A polarização radicalizada de ambos os períodos são consequências
de causas diferentes, pois as razões da deposição do presidente João Goulart
são exatamente as mesmas exigidas, hoje, pela sociedade brasileira: Refiro-me
às profundas reformas estruturais de Estado. Lá, avançamos pela ação. Aqui,
estagnamos pela omissão!
Incompreensível lógica de poder, cego e arrogante, que perpetua
o confronto entre “comunistas” e “liberais”, ou “petralhas” e “coxinhas”,
enquanto o País afunda-se na lama. Convivendo todos dentro dos mesmos limites
geográficos, raríssimas lideranças buscam um entendimento entre as partes.
Certo é que a história ensina caminhos, fundamentados em
experiências vivenciadas. Logo, sabemos que os momentos de crise são
importantes, igualmente, para percebermos o verdadeiro compromisso dos
políticos com a paz da Nação. Entre o desejado projeto popular e o defasado
projeto elitista Colonial, também resta evidenciada a pregação inglória dos que
aniquilam o conceito de pátria.
No furacão desta crise aguda de valores, interessa ao Brasil os
poucos que restam com fortalecido sentimento de união, de busca de diálogo,
mesmo quando ninguém dialoga. Interessa a compreensão de que somos, sim, um
País forte. A justiça, aliada ao bom senso, devolverá o nosso orgulho de sermos
brasileiros.
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