sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Todos os homens são iguais? – Tartaruga de duas cabeças



Os úteis e os inúteis são das mesmas substâncias que vieram à existência! Quem faz do homem o que ele é, são as iniciais dosagens de orientação. “A sociedade não é mais do que o desenvolvimento da família se o homem sai da família corrupto, corrupto estará para a sociedade.” (Henri Lacordaire).

 Então, quando a Bíblia diz que Deus cobra a maldade dos pais nos filhos até a quarta geração (êxodo 20:5) está senão afirmando uma grande verdade que a ciência tem dificuldade para entender. Então, a chama de injustiça! Mas, é que não se foge totalmente das raízes antes das três gerações.

O caráter de uma criança estará formatado até seus mais ou menos sete anos de idade. Disse Dwight Moody: “As lições que a criança aprende durante os primeiros sete anos de vida têm mais que ver com a formação do seu caráter que tudo que ela aprenda em anos posteriores.”

A partir daí, todos os conhecimentos vão se acomodar nos trilhos estabelecidos e evidenciar os traços da herança genética. Eu me pergunto como os pais têm a coragem de colocar seus filhos na escola pública desde os três anos de idade!  E os psicopedagogos apontam que antecipar a entrada da criança na escola amplia suas chances de sucesso. 

Será? O que ensina a coletividade da escola que alguém queira em seu caráter? E isso acontece mesmo, ainda que os professores não tenham a credibilidade dos pais da clientela, que só aparecem na escola para brigar, xingar, condenar, discordar e reivindicar: Então favorecem as panelinhas de amigos selecionados de classe aceitável!

O homem possui dois caracteres: um individual e o outro social.
Alguém que tem o gênio da infidelidade e da desonestidade, este vendo algo de valor que caiu de uma pessoa descuidada, no entanto outros também viram, e o ladrão por natureza percebe que os outros viram, então ele corre atrás da pessoa e devolve, não por que tinha a vontade de fazê-lo, mas para fingir de bom, mentido à sociedade. Assim é o comportamento do caráter social e coletivo.

 De nada vale para o portador do mesmo, por que ninguém engana a si mesmo. Talvez, os olhares celestiais que nos julgam, a todo instante, ache isso digno de pena e amenize as consequências pela a felicidade de quem reouve o objeto perdido. Por isso os hipócritas acham guarida na igreja, e todos os que procuram parecer bom gostam de ser observados em sua atuação teatral.

 É falso também, quando o caráter formado de bons princípios se veste com uma capa de mau, também numa atuação cênica, para se mostrar forte e amedrontador, é claro, quando isso lhe for conveniente. Os hipócritas servem a sociedade e fazem felizes os de boa faixada.

Quando eu era pastor evangélico, eu me comprazia em pessoas que não comprometiam a ética do grupo, eu queria meus dados ativados em cada um deles, como um aplicativo, regulando seu comportamento ao meu, mesmo que eu soubesse que o coração das pessoas ninguém mudava.

 Porém, é possível parecer ser o que os outros querem e comportar-se a lhes agradar e ser realmente infeliz, fingindo de satisfeito a vida toda. pouco me importava. Era assim que escondia também a minha identidade original, à frente.

Hoje eu sei e admito que sou o que sempre fui. Mudança nenhuma aconteceu em meu caráter, no formatado de minha vida. Toda a minha conversão não passou de uma farsa, ou melhor, uma sessão de estupro de meu caráter individual.

 Ainda agora estou interpretando um papel, treinado pelo que aprendi no meio dos que querem ir para o céu, todavia não querem morrer. É perceptível meu medo de ofender o leitor.

 O novo nascimento é impossível, há apenas o banhar de brilho. Todos nascem uma só vez e morre somente uma vez (Heb 9:27). Ninguém pode formatar seu consciente e inconsciente, apenas podendo criar camadas. Nos cursos, simplesmente adéquam-se novas aprendizagens aos traços já existentes. 

Cada um reage diferente perante ao mesmo evento, porque interpreta os estímulos de forma particular, conforme o caráter já estabelecido.

Como havemos de julgar qualquer comportamento sem caráter original, pois este é a medida de todo o ser. “(…) Soa maravilhosamente. Um admirável novo mundo. Não há nada disso realmente, há?
– Você não acredita nele?
– O senhor acredita?
– Há sempre um admirável novo mundo – disse Poirot – mas, sabe, só para algumas categorias especiais de pessoas. As felizes. Aquelas que trazem dentro de si mesmas a criação desse mundo.”
Noite das Bruxas – (Agatha Christie)

O verdadeiro caráter é o que é não muda e não há conversão. Se houvesse significaria a perda da verdadeira identidade, as digitais do espírito. A essência é o princípio mestre do que se é realmente. 

Batismo é mais uma brincadeira da igreja, como se fosse mudança de caráter. Jesus precisava mudar de caráter? Por isso se deixou batizar por João!? Por que eles sentem muito prazer em contar como eram extravagantes antes da “conversão”? Certamente o estado inicial e essencial está determinado a aflorar-se como uma manifestação de seu maior prazer.

Todos os homens são tartarugas de duas cabeças, quando uma quer procurar comidas a outra quer descansar. Uma essencial e outra social, aquela visa o interior e esta o exterior
.
A natureza essencial nunca se cala e a social mascara-se para manter as aparências, assim grita frequentemente para os outros. Até que ponto as aparências são válidas?

Acabando a família acaba-se a igreja e a escola. A lamentar apenas, com as palavras de Jeremias: “Pode o etíope mudar a sua pele? Pode o leopardo alterar as suas pintas? Assim também podereis vós fazer o bem, estando tão habituados à prática do mal?” (Jr. 13:23).

E com as do Sábio Salomão: “Mesmo que você espanque o perverso, como grãos num pilão, a sua insensatez não se separa dele!” (Pv 27:22). Desconheço a palavra: “Reeducando.” Uma vez educado o caráter, educado para sempre estará.


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