segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Laços de família



Muita gente vive como ovelha desgarrada do rebanho. Mora só e relata esse fato com muito orgulho, jactando-se de que, ao  sair de casa tranca a porta,  guarda a chave na certeza de que, de volta ao lar, o encontrará tal qual o deixou: sem ninguém ter bagunçado suas coisas.

Atualmente, a pessoa desde jovem foca seu objetivo em ser independente. Até parece, em certos casos, que não há mais planos para constituir família,  enquadrar-se numa profissão que o realize como pessoa e  propicie a  melhora do mundo em que vive.

Na busca por  orientação de carreira interessa-se em discutir qual, dentre as prováveis profissões,  lhe conferirá, no mínimo espaço de tempo, recursos para adquirir renda que proporcione a aquisição de um apartamento, por menor que seja, e também um carrinho, que, hoje, é instrumento de trabalho.

Você acha que esse comportamento afrouxa os laços de família? Considere que laço é o que ata, une, junta, o que, em relação à família, ocorre por determinação da força das Leis Divinas. Sabemos o quanto é difícil manter esses laços atados, mas mais difícil ainda será se nos descuidarmos deles, pois representam o fruto de conquistas, rumo ao nosso crescimento, como pessoa. Ignorá-los será menoscabar o próprio processo evolutivo.

E o que é família? Família é mais que resultante genético. Mais que realização de aspirações sonhadas. É reencontro de almas que se buscam para ressarcir débitos, lutando por reparar as consequências de rixas antigas. É onde se busca o entendimento para ascender na espiral da evolução espiritual. Não há acaso na formação da parentela. Acontecem encontros, desencontros e reencontros. Todos absolutamente necessários.

E, quanto ao futuro do homem, na vida de além túmulo, falemos de quatro alternativas, segundo o capítulo 4 item 23 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, editado pela Federação Espírita Brasileira.

Num primeiro aspecto há os que defendem  o nada, de acordo com a doutrina materialista.  Com respeito a quem assim se posiciona vale refletir: não é uma situação ilógica? Se é prá tudo dar em nada, porquê tanta correria, tanto afã em fazer e acontecer?

Há ainda os que são partidários da absorção no todo universal, de acordo com a doutrina panteísta. Respeitosamente, também questionamos: pra quê tanta luta para a individuação e a sedimentação da individualidade na sequência da evolução das espécies? É assim alguma coisa como faz, faz, desmancha, desfaz?

Vê também a defesa da  individualidade, com fixação definitiva da sorte, que dá a cada qual uma chance única. É pegar, ganhar ou perder para sempre. Não tem chance… errou, dançou… condenou-se aos ínferos de inenarráveis sofrimentos. Outra questão: quem ganha com isso? Como explicar ou aceitar a divindade sem lógica e sem compaixão? Que pai não dá uma segunda oportunidade à imaturidade do filho rebelde, inconstante, fraco e enfermiço? Condenação eterna? Isto não cabe na  Inteligência Suprema e irretorquível. Está faltando coerência. Qualquer um, por mais obtuso, agiria com misericórdia, benevolência, perdão.

Temos, por fim, a individualidade, com progressão indefinida, conforme preconiza a doutrina Espírita. Uma espiral ascensional que contempla a cada um de acordo com suas obras, aperfeiçoa as rotas do bem e sinaliza progressão infinita.

Verifiquemos: segundo as duas primeiras opções entre o nada e a absorção no todo, os laços de família se rompem por ocasião da morte e nenhuma esperança resta às almas, de se encontrarem futuramente.

Com a terceira, há para elas a possibilidade de se tornarem a ver, desde que sigam  para a mesma região após a morte, que tanto pode ser o inferno como o paraíso. Felizes para sempre ou infelizes para sempre. Um tanto quanto ilógico para a lógica da lei de amor e redenção espiritual, que ordena os universos.

Com a pluralidade das existências,  inseparável da progressão gradativa, há a certeza  na continuidade das relações entre os que se amam, se amaram e se amarão um dia. Isso é o que constitui  a grandeza da conquista e a esperança da harmonia, para os verdadeiros  laços de família.



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