São tantos os nossos
pesares e temores, incontáveis as dificuldades do cotidiano, inumeráveis as
preocupações, pesados os fardos da dura luta pela sobrevivência... Acabamos não
percebendo o óbvio: caminhamos à beira do precipício.
A correria da vida
moderna, a programação da TV, os males e benefícios da internet, nos ofuscam a
visão, o discernimento e o senso crítico, por medo de encará-la, nós preferimos
ignorar a realidade.
Escamoteamos a verdade
dos fatos, deixamos de identificá-la, embora esteja ali, na nossa frente - e na
mente - dedo em riste, alertando que estamos na iminência de mergulhar no caos.
Isso ocorre em relação ao insustentável e insuportável nível do aumento da
violência e da criminalidade no país - de Norte a Sul.
E o recrudescimento da
selvageria social não se restringe aos bandidos comuns, aos crimes contra a
pessoa e o patrimônio público e privado. Vai além e escancara uma sociedade
enferma, com gravíssimos problemas éticos e morais, sem limites, como se não
houvesse lei - dos homens, de Deus e da própria consciência.
São alarmantes os
delitos cometidos por pessoas comuns, aparentemente acima de qualquer suspeita.
Assassinatos por motivos banais se sucedem diariamente, matar e morrer é
corriqueiro, apesar de representar epidemia de dimensões nacionais, desdenhada
pela Justiça e os governantes.
A anárquica e
desenfreada escalada da perversidade - sabemos - tem origem na desigualdade
social histórica do Brasil, no desleixo com a educação abrangente e de
qualidade, na influência nefasta de programas, filmes e novelas televisivos...
Na permissividade, na impunidade, nos maus exemplos dos políticos, na falta de
investimentos públicos em segurança... Na disseminação do uso de drogas -
legais e ilegais -, na propaganda consumista, induzindo jovens ao crime para
ter o tênis, o jeans, o celular da "hora" e aparentar o que não é e
tampouco precisa ser.
A nação enfrenta profunda adversidade política
e socioeconômica - é evidente. E desoladora crise de valores e princípios - sem
dúvida. Mas é preciso que a coletividade e suas instituições representativas
atentem para a expansão da delinquência - antes que nos tornemos reféns
definitivos do medo - inclusive de usufruir da prerrogativa de cidadãos livres
para ir e vir, sem o temor de ser assaltado, brutalizado ou assassinado.
Memória
Quinta-feira completa
um ano da trágica morte do então candidato à Presidência da República, Eduardo
Campos (PSB). Ontem ele completaria 50 anos de idade. Homenagens, discursos e
lágrimas referenciam a memória de Campos. Há muita gente querendo tirar uma lasquinha
do espólio político do ex-governador. Show de hipocrisia e cinismo à vista e a
prazo.
Mea-culpa
Acossados e presos na
teia construída pelo próprio partido, ícones do PT entendem - e defendem: para
tentar sair do coma, é preciso aceitar que a sigla apodreceu, corrompida pelo
poder. A ideia é fazer mea-culpa e admitir desvios éticos e morais. Trocando em
graúdos: assumir que a legenda acobertou corruptos e avalizou malfeitos
bilionários com o erário. Agora que a vaca foi pro brejo e a maionese desandou?
Lamaçal
Ministérios do
Planejamento e da Previdência estão na alça de mira dos investigadores da
Operação Lava Jato. São os próximos alvos da Justiça. Outras pastas -
Transportes, Saúde, Educação, por exemplo - também deveriam entrar na lista. E
os PACs, as loterias da Caixa, os patrocínios a clubes, a Copa das Copas...
Lista de Janot
Reforma ministerial é
questão de dias. Procurador-geral da República Rodrigo Janot, apesar de ainda
depender de aval do Senado, continuará mais dois anos no cargo. Neste mês ele
pretende denunciar políticos envolvidos na Lava Jato. A presidente Dilma teme
indicar nomes que estejam enrolados em corrupção. Vai esperar a "lista de
Janot".
Retórica
"Vamos repudiar
sistematicamente o 'vale-tudo' para atingir qualquer governo, seja federal, dos
estados, dos municípios. No 'vale-tudo', quem acaba sendo atingido pela torcida
do 'quanto pior melhor' é a população". Da presidente Dilma Rousseff em
discurso no Maranhão. Questão: antes "valia tudo" para ganhar eleição?
Ou não?
Luiz Carlos Freitas.
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