Os lobos da política
demonstram, mais uma vez, que fazer barulho sem ação efetiva não intimida a
alcateia que se locupleta à custa do poder.
Num momento em que o
país paga a conta de anos de ingerências políticas e de falta de planejamento
de Estado de longo prazo, o governo federal prepara uma reforma administrativa
pautada por duas diretrizes, no mínimo, contraditórias entre si: redução de gastos
da máquina pública e ganho de governabilidade pelo toma-lá-dá-cá com sua base
alugada.
No caso da redução de gastos da máquina pública, a
iniciativa é louvável: há muito jabuti para pouca árvore nessa mata
lulopetista-temerista. Além disso, a conta de equilíbrio entre receitas e
despesas públicas precisa fechar sem oprimir a população e as empresas com
aumento de carga tributária.
Porém, o ponto da discórdia que serviu de causa essencial
para os principais escândalos da Administração Pública nos últimos anos, que é
a negociação de cargos e feudos com partidos aliados, volta à tona com a
reforma ministerial que está sendo arquitetada por Dilma e seus assessores
diretos: fala-se em reforçar a presença de aliados-chave no governo, como o
PMDB e o PSD, com a entrega de pastas consideradas estratégicas por quaisquer
governos, tais são os casos das áreas da saúde e da infraestrutura.
E quem ganha com essa reforma que está sendo costurada a
toque de caixa para manter a Dilma e o projeto lulopetista de perpetuação no
poder? A princípio, somente os jabutis, os políticos e os partidos que farão
parte de mais um retrocesso patrimonialista da máquina pública.
E quem perde? A
sociedade, as famílias, as empresas e o Brasil, que veem um Estado em crise e
sem direcionamento de longo prazo à custa de interesses de poucos.
À luz do exposto, só restam duas atitudes neste momento
por que passa nosso país: cautela e preocupação. Cautela, pois a instabilidade
político-econômica atual nos impede de projetarmos cenários estratégicos
sustentáveis, o que demanda uma certa contemporização das ações e estudo das
variáveis ambientais.
E preocupação, pois os lobos da política
demonstram, mais uma vez, que fazer barulho sem ação efetiva não intimida a
alcateia que se locupleta à custa do poder.
Fazer barulho somente
procrastina a esperança de um país melhor e fortalece a capacidade de adaptação
e de agrupamento dos que vivem de escândalos, fisiologismos e corporativismos.
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