A trajetória da humanidade parece se resumir na luta incessante
pela eliminação da pobreza. Superar as carências de alimento, roupa, abrigo,
saúde, conhecimento, segurança nos move desde sempre.
Nessa ótica o saldo dessa longa e sofrida caminhada apresenta
avanços significativos, já estivemos em condições bem piores. Entretanto, ao
visualizar o terceiro milênio e confirmar grandes bolsões de pobreza nossa
consciência acusa um golpe, pois nos tornamos mais intolerantes com tais
disparidades.
É essa realidade quem mantém a pobreza em pauta. Ela serve as
carências que surrupiam a dignidade de crianças, jovens, homens, mulheres,
velhos em nosso café da manhã, no almoço, no lanche da tarde, no jantar! Como
ir contra o fato?
E, em tal situação, nada mais óbvio do que condenar com
veemência o panorama desumano. Até porque, quem grita com estridência contra a
pobreza ganha a atenção da plateia. E, num jogo de palavras que nem sempre
conseguimos separar o joio do trigo.
Têm poucos dias, a questão da pobreza (que nunca sai da pauta
dos governantes, dos discursos eloquentes, dos planos dos messias de
republiquetas, ações de organismos internacionais, das manchetes da mídia
mundial) ganhou a relevância de tema que entra na ordem do dia por causa do
Papa Francisco.
Uma Igreja pobre e dos pobres é o que ele busca. É possível
admitir que a pobreza possa extirpar a pobreza? Eis a questão!
Vale lembrar que ao falar de carências que afligem milhões
tratamos de algo que tem causa em inúmeros fatores. O que, por si só, diz que
tratamos algo complexo que não se supera só com boa vontade – mecanismo que
mais abunda nessa área.
Fatores políticos,
legais, econômicos, sociais, culturais, climáticos, de saúde, históricos,
religiosos, educacionais, de segurança, logísticos, tecnológicos – em maior ou
menor grau na interação entre um e outros – são responsáveis pelas distorções
que mantém milhões de pessoas em condições que perturbam nossas consciências.
Enquanto o desafio da pobreza zero se mantém dois dados permitem
visualizar a questão hoje em dia. Um: no campo político-ideológico (onde parte
da Igreja Católica latina se jogou), tudo o que jurou reduzir desigualdades só
agravou o que era muito ruim.
Quem tiver paciência que analise a pobreza da Venezuela – país
riquíssimo – antes de Chávez e Maduro com a realidade de hoje. Dois: tudo o que
se acusou como responsável pela pobreza foi o único fator a reduzir a pobreza
onde esteve presente.
Num contexto desses, quando desejamos eliminar o que definimos
de modo geral como pobreza contra o quê lutamos? Contra quem se deve lutar? O
que fazer quando o “bonzinho” não sai da teoria para extirpar o mal e ganha
aplausos da plateia e o “malvado” que consegue tirar gente da pobreza dando-lhe
dignidade e leva vaia da mesma plateia?
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