Médicos e profissionais de saúde dedicaram a manhã deste domingo
(20) para conversar e tirar dúvidas sobre o mal de Alzheimer, no Parque da
Cidade, em Brasília. Organizada pela Associação Brasileira de Alzheimer
(Abraz), a ação faz parte da programação do mês mundial de conscientização da
doença.
Segundo o geriatra e diretor científico da Abraz-DF, Otávio
Castello, a doença, que na maioria das vezes se manifesta a partir dos 60 anos,
não tem cura conhecida. É progressiva e faz com que a pessoa perca gradualmente
a memória, a capacidade de orientar-se no tempo e no espaço, além de trazer
dificuldades de comunicação, raciocínio lógico e alterações comportamentais.
Atualmente, estima-se que no Brasil cerca de 1.2 milhão de
pessoas sofram de Alzheimer, mas só a metade está diagnosticada. “Quanto mais cedo se diagnosticar,
mais cedo se consegue tratar e mais cedo se posterga os problemas que a doença
acarreta para as pessoas”, alerta o especialista. Para combater a desinformação e o
preconceito, considerados os maiores desafios para o tratamento da doença, a
roda de conversa deste domingo envolveu, além dos idosos, cuidadores e
familiares.
Segundo Castello, a baixa escolaridade e a falta de estimulação
cognitiva na meia idade estão entre os fatores de risco para a doença. “Tudo o
que faz bem para o coração, faz bem para o cérebro. Controlar pressão alta,
diabetes, colesterol, não ter obesidade, praticar regularmente atividade
física, ter alimentação balanceada e saudável podem ser fatores de proteção ou
de risco, no caso de quem não faz nada disso”, observa o médico.
O geriatra Otávio Castello de Campos Pereira fala sobre a doença
de Alzheimer, o tratamento de pacientes e o apoio dos parentes e cuidadores
(Valter Campanato/Agência Brasil)
Geriatra Otávio Castello recomenda prestar atenção a sintomas
como esquecimentos frequentes VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL
Sintomas
Os especialistas recomendam prestar atenção a sinais da doença.
A pessoa com Alzheimer passa a ter comprometimento de atividades recentes. O
paciente fica repetitivo, não sabe onde guardou objetos, esquece compromissos e
atrapalha-se em trajetos que antes lhe eram familiares.
“Se comprometer a função cotidiana de uma pessoa que sempre foi
organizada para pagar suas contas e, de repente, começa a se desorganizar
frequentemente ou começa a esquecer compromissos, repete histórias como não
tivesse contado antes, isso merece atenção”, diz.
“O mais importante é
comparar o individuo com ele mesmo. Se isso for um padrão frequente, merece uma
avaliação por um neurologista ou geriatra”, orienta Otávio Castello.
Doença cara
Segundo o médico, de 1950 a 2050, o número de idosos na
população vai quadruplicar. “Estatísticas claras dão conta que hoje a doença
custa US$ 800 bilhões por ano em todo o mundo. Em 2018, o prejuízo passará de
US$ 1 trilhão por ano. Se o Alzheimer fosse uma empresa, valeria mais que
Google e Apple, atualmente as companhias mais valiosas do mundo”, compara o
geriatra, ressaltando a importância do diagnóstico precoce.
Karine
Melo – Repórter da Agência Brasil.
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