Os
pesquisadores da Neurocirurgia e da Neurologia do Hospital das Clínicas (HC) da
Faculdade de Medicina da USP (FMusp) realizaram uma intervenção cirúrgica
inédita no mundo para amenizar as sequelas do Acidente Vascular Cerebral
Isquêmico (AVCi) da região do cerebelo, responsável pela coordenação dos
movimentos e da marcha. O procedimento corresponde à estimulação cerebral
elétrica por eletrodos implantados sobre a região afetada após o AVCi. Os
resultados do estudo estão descritos em artigo publicado na revista científica
Parkinsonism and Related Disorders.
Uma
paciente de 52 anos, submetida ao procedimento em abril de 2014, apresenta
melhora significativa na marcha, na escrita e manipulação de objetos, detalhou
o titular da Neurocirurgia, Manoel Jacobsen Teixeira. Um cabo-eletrodo - fios
condutores com eletrodos em suas pontas - foi implantado no cérebro da paciente
e uma extensão, conectada ao cabo-eletrodo, passou sob a pele desde a cabeça,
pescoço até a parte superior do peito, onde foi implantado o neuroestimulador,
que produz os pulsos elétricos necessários à estimulação.
Os pulsos
elétricos, de baixa intensidade, são transportados à região alvo do cerebelo,
com ajustes feitos pelo médico. A estimulação dessa região por pulsos elétricos
é a responsável pelo bloqueio dos sinais que causam os sintomas motores
incapacitantes da doença. Dessa forma, o paciente consegue ter maior controle
sobre seus movimentos corporais e coordenação, com melhora na qualidade de
vida.
O AVCi, o
popular derrame, é uma das principais causas de morte e incapacitação no Brasil
e no mundo. Gera grande impacto econômico e social. A técnica cirúrgica adotada
pelos neurocirurgiões do Hospital das Clínicas é uma forte aposta no tratamento
que ainda está longe de ser satisfatório. Inclui ainda medicamentos e
reabilitação física.
Conhecida
como estimulação cerebral profunda, a cirurgia é semelhante ao procedimento
realizado na doença de Parkinson, porém a estimulação é feita em local
diferente. Enquanto no Parkinson é estimulada a estrutura do cérebro envolvida
no programa motor e na velocidade dos movimentos, no AVC é estimulada a
estrutura envolvida na coordenação dos movimentos, bastante afetada no
paciente.
O estudo
determinou o desenvolvimento de um novo projeto que irá testar a segurança e a
eficácia do método em novos pacientes que apresentam perda do controle muscular
secundária ao Acidente Vascular Cerebral e incluir também outros tipos de
perdas no estudo. (Com informações da Assessoria de Imprensa do Instituto
Central do HC).
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