Não todos os menores que moram nas periferias
participam dos arrastões, assim como não todos os menores que vivem na zona sul
são santos. Os menores refletem a realidade de nossa sociedade. Há menores
abandonados na periferia assim como nos bairros bacanas. A diferença é que
alguns pais podem pagar a outros para calar a consciência, enquanto outros não
podem nem fazer isso. Ou seja, a diferença está no dinheiro. Isto para aqueles
menores que participam de atos delitivos.
A grande maioria de nossos menores que compartilham
valores, tanto nas comunidades pobres como nas comunidades abastadas, não tem
problemas, estudam, trabalham, são educados, tem noção dos limites. O que tem
em comum são os valores que os pais possuem e compartilham com eles. São
crianças que desde pequenas sabem a diferença entre o não e o sim. Os pais,
independentemente de terem tempo, se preocupam com os filhos e eles sabem
disto.
Ser menor na zona sul ou na zona norte não tem
nenhuma diferença no caso que tenham pais responsáveis e presentes na vida
deles. A justiça deveria ir atrás dos pais de menores abandonados,
principalmente dos lares que tem dinheiro. Por quê? Porque eles tiveram
educação e têm os meios para dar atenção aos filhos. Os pais ausentes dos pais
pobres e sem educação são os menores abandonados da década de 70, 80 e 90.
Quando falo destas épocas, aqueles que a viveram lembram que depois da ditadura
militar veio uma época de “liberdade” que muitos levaram à “libertinagem” e
“permissividade”.
Falar não para os filhos quando corresponde não
cria traumas. Dizer: não posso comprar isso, não é crime. Ver crianças
controlando os pais é um pecado. Ouvir pais de adolescentes dizer: Meu filho
nunca mente, dá tristeza. Temos uma geração de jovens entre 20 e 30 anos que ainda
vive com os pais, alguns porque não conseguem trabalho, mas muito deles porque
os pais pensam que ainda são crianças e necessitam da proteção deles.
O problema dos menores abandonados é somente um
problema de educação e formação. O único problema é que os resultados de uma
boa educação e formação somente dá resultado num período não menor de trinta
anos. São 30 anos de bons exemplos dos pais, dos líderes do país, de bom ensino
nas escolas. Perdemos os últimos 12 anos e pelo andar da carruagem perderemos
os próximos 12 também.
Se começamos
hoje somente em 2045 começaremos a ver menores como esperança para nossa
velhice, e não com o medo que assola nossas ruas nos dias de hoje.
A impressão que tenho é que nos últimos 12 anos
foram dados de presente muitos peixes, mas esquecemos de ensinar a pescar. Tudo
vai bem quando os rios estão cheios de água e peixes, mas nas épocas de seca,
como a que vivemos hoje, somente aqueles que realmente sabem pescar sobrevivem.
Sempre voltamos à velha solução: EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO!!!!!
O problema é que demora tempo educar, e ainda temos
que dar o exemplo!!!
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