Mais da metade dos brasileiros alteraram seus hábitos de consumo
ou planejamento financeiro para se adaptar à crise, de acordo com pesquisa da
Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em 2008/2009, no auge da crise financeira
internacional, apenas três em cada dez brasileiros afirmaram que modificaram os
costumes.
O levantamento da CNI ouviu 2.002 pessoas, em 141 municípios,
entre os dias 18 e 21 de junho. Além dos 57% que afirmaram ter modificado os
hábitos, outros 21% disseram que pretendem alterar. Na crise anterior, a
parcela dos que pretendiam se adequar ao momento era maior, de 27%.
Entre as despesas que foram alteradas estão mudança de casa para
reduzir o custo do aluguel (16% dos entrevistados) e troca da escola privada
pela pública no último ano (13%). O consumo de 11 entre 13 tipos de bens e
serviços foi reduzido no último ano, segundo os entrevistados. Os itens que
apresentaram maior corte foram atividades de lazer, restaurantes e carne
vermelha.
De cada dez entrevistados, nove passaram a pesquisar mais os
preços antes das compras, oito mudaram os locais de consumo e seis adiaram a
compra dos produtos de bens de maior valor. Três quartos dos entrevistados
reduziram as despesas da casa porque o dinheiro estava curto, quase a mesma
quantidade dos que trocaram produtos por similares mais baratos.
Em entrevista à Agência Estado, o designer gráfico Paulo
Coimbra, que mora em Brasília e trabalha numa agência de publicidade, disse que
se viu obrigado a fazer algumas mudanças de consumo para conseguir respirar
melhor na crise.
A principal delas foi trocar o carro da família, que era da
chamada categoria Premium, para um modelo popular. "Consegui baixar o
valor da prestação e também do gasto com gasolina para a metade do que gastava.
Meu custo mensal com gasolina, por exemplo, caiu de uns R$ 500,00 para uns R$
250,00", disse. "Com isso, me sobrou um pouco para bancar despesas do
dia a dia que estavam pesando e muitas vezes ficavam sem pagamento ou em atraso,
como contas de internet, seguro de carro e até mensalidades da faculdade de
minha filha", completou.
As mulheres alteraram
mais os hábitos de consumo do que os homens, de acordo com a pesquisa, e
passaram a poupar mais com medo das dificuldades futuras.
Para Renato da Fonseca, gerente-executivo de Pesquisa e
Competitividade da CNI, a crise de 2008/2009 afetou particularmente a
indústria, mas o consumo doméstico ainda estava em crescimento e ajudou na
recuperação. "A crise atual atinge toda a economia e vem afetando o
emprego e a renda da população bem mais significativamente.
Tanto o
investimento como o consumo das famílias estão diminuindo.
Além disso, a crise
política, que não existia na crise anterior, tem aumentado a incerteza com
relação à recuperação", afirmou.
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