sábado, 12 de setembro de 2015

Hábitos mudados em função da crise



Mais da metade dos brasileiros alteraram seus hábitos de consumo ou planejamento financeiro para se adaptar à crise, de acordo com pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em 2008/2009, no auge da crise financeira internacional, apenas três em cada dez brasileiros afirmaram que modificaram os costumes.

O levantamento da CNI ouviu 2.002 pessoas, em 141 municípios, entre os dias 18 e 21 de junho. Além dos 57% que afirmaram ter modificado os hábitos, outros 21% disseram que pretendem alterar. Na crise anterior, a parcela dos que pretendiam se adequar ao momento era maior, de 27%.

Entre as despesas que foram alteradas estão mudança de casa para reduzir o custo do aluguel (16% dos entrevistados) e troca da escola privada pela pública no último ano (13%). O consumo de 11 entre 13 tipos de bens e serviços foi reduzido no último ano, segundo os entrevistados. Os itens que apresentaram maior corte foram atividades de lazer, restaurantes e carne vermelha.

De cada dez entrevistados, nove passaram a pesquisar mais os preços antes das compras, oito mudaram os locais de consumo e seis adiaram a compra dos produtos de bens de maior valor. Três quartos dos entrevistados reduziram as despesas da casa porque o dinheiro estava curto, quase a mesma quantidade dos que trocaram produtos por similares mais baratos.

Em entrevista à Agência Estado, o designer gráfico Paulo Coimbra, que mora em Brasília e trabalha numa agência de publicidade, disse que se viu obrigado a fazer algumas mudanças de consumo para conseguir respirar melhor na crise.

A principal delas foi trocar o carro da família, que era da chamada categoria Premium, para um modelo popular. "Consegui baixar o valor da prestação e também do gasto com gasolina para a metade do que gastava. Meu custo mensal com gasolina, por exemplo, caiu de uns R$ 500,00 para uns R$ 250,00", disse. "Com isso, me sobrou um pouco para bancar despesas do dia a dia que estavam pesando e muitas vezes ficavam sem pagamento ou em atraso, como contas de internet, seguro de carro e até mensalidades da faculdade de minha filha", completou.

 As mulheres alteraram mais os hábitos de consumo do que os homens, de acordo com a pesquisa, e passaram a poupar mais com medo das dificuldades futuras.

Para Renato da Fonseca, gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, a crise de 2008/2009 afetou particularmente a indústria, mas o consumo doméstico ainda estava em crescimento e ajudou na recuperação. "A crise atual atinge toda a economia e vem afetando o emprego e a renda da população bem mais significativamente. 

Tanto o investimento como o consumo das famílias estão diminuindo.

 Além disso, a crise política, que não existia na crise anterior, tem aumentado a incerteza com relação à recuperação", afirmou.



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