Está
provado, fumar é envenenar-se e morrer aos poucos; provoca infinidade de
enfermidades. O tabagismo mata milhões anualmente - sabe-se à exaustão. Mas
outras coisas também fazem mal à saúde física e mental. Quais? A fome, por
exemplo. Ou a raiva, a ignorância, a impossibilidade de rebelar-se, o hábito, a
rotina, a escravidão...
Que
escravidão? Ora, alguém duvida de vivemos sob regime escravocrata. Uns são
cativos do vício das drogas, outros da religião, da miséria - moral, ética ou
financeira -, do casamento de aparências, do celular, do capital, da mídia...
Outros são escravizados pelos complexos e
fantasmas íntimos, vitimados pela ambição, o egoísmo, a vaidade, a ambição
desmedida...
Estamos
irreversivelmente aprisionados por grilhões invisíveis e isso, sem dúvida,
caracteriza algum tipo de escravidão.
Logo,
somos escravos, todos nós, com raríssimas e honrosas exceções. Conheço um
sujeito viciado em internet. É obcecado por redes sociais e jogos. Ele passa
praticamente todo o tempo na frente do computador. Transformou-se num robô.
Também conheço outro, viciado em tóxicos. Ele
vive anestesiado pela ação de drogas lícitas e ilícitas. Também é um robô.
Há outro,
ainda, conhecido de décadas. Teme morrer, vítima do câncer. Está sempre se
apalpando na tentativa de descobrir algum nódulo revelador no corpo. É só
emagrecer um pouco...
E pronto!
Se manda para o médico e exige bateria de exames. Diariamente, ao acordar, faz
autoexames na língua e nos olhos, presta atenção redobrada na urina e nas
fezes, à procura de um sinal diferente.
Dia
desses apareceu-lhe uma verruga na perna e ele entrou em pânico. Ela foi
crescendo aos poucos e quando se estabilizou, do tamanho de um grão de arroz,
tomou a cor cinza.
O sujeito
ficou alucinado, convicto de que era claro e irrefutável indício de um tumor
maligno. Não teve paz enquanto não fez cirurgia para extirpar a verruga -
apenas uma pintinha. Contudo, ele tem certeza absoluta, mais dia menos dia
morrerá de enfermidade cancerígena.
Curiosamente,
fuma duas carteiras de cigarros por dia, ingere quase uma garrafa inteira de
uísque todas as noites e leva vida sedentária, estressante.
Há, por
outra banda, os escravos do poder, os que se deliciam e se sentem fortes,
imbatíveis e acima da plebe quando detêm cargo público, por exemplo. Existem
exceções. A maioria, porém, se deixa morder pelo mosquito da presunção e da
arrogância - declaradas ou camufladas.
Estes são dignos de dó. Ignoram, embriagados
pelo cargo momentâneo, que o poder é ilusório e passageiro...
Essa
gente também é escrava! Uma dose de humildade, mesmo pequena, lhe faria
perceber a efemeridade da vida em geral, as benesses utópicas do poder em
particular.
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