Duvidamos que alguém
bata à nossa porta para nos levar ajuda, incentivo e solidariedade. Cada
visitante nos traz pavor e pode ser um criminoso, assaltante ou perigoso
viciado em drogas. Quando alguém nos abraça, não abrimos o coração para receber
o afeto. Fechamos os olhos e enrijecemos os músculos, numa atitude de quem se
prepara para sentir a dor da mortal punhalada.
Há grande angústia no mundo. Uma ansiedade coletiva esconde o
sorriso que tanto nos faz bem e abre a janela da alma para uma comunicação
alegre e afetuosa. A insegurança gera aflição. Irmãos vivem amargurados, num
clima de desconfiança e medo. Não acreditamos que mãos se levantem para
abraçar, ajudar e acariciar. Só as vemos de arma em punho, dispostas a agredir,
açoitar e matar. No desconhecido vemos um inimigo e no amigo um traidor.
Duvidamos que alguém bata à nossa porta para nos levar ajuda,
incentivo e solidariedade. Cada visitante nos traz pavor e pode ser um
criminoso, assaltante ou perigoso viciado em drogas. Quando alguém nos abraça,
não abrimos o coração para receber o afeto. Fechamos os olhos e enrijecemos os
músculos, numa atitude de quem se prepara para sentir a dor da mortal
punhalada.
Os lábios que beijam não transmitem a quietude da afeição.
Acendem a chama da revolta, porque não sentimos o ósculo como símbolo do amor,
mas como marca da traição e da maldade. Não sentimos no irmão a imagem e
grandeza da criação divina, mas a figura do demônio a nos atormentar e nos
fazer, profundamente, infelizes.
Vivemos a fugir e nos esconder da própria sombra, buscando
abrigo sem encontrá-lo, tentando usar força sem possuí-la. Choramos, sem
consolo, num mundo que se arde como um imenso vulcão, onde iremos cair se
continuarmos perseguindo o nada, sem rumo, no vazio de uma vida sem amor.
Temos tempo para pensar em tudo. Na maldade, na perversão, nas
orgias e até para premeditar crimes, assaltos e seqüestros. Não nos faltam
horas para a prática dos vícios, cavalgando como demônios no mundo das drogas,
veículos usados na prática dos maiores desatinos. Só não temos tempo de buscar
Deus, fonte de todas as forças, único caminho capaz de nos conduzir à
felicidade plena e à verdadeira paz tão sonhada.
No auge da glória, no trono dos prazeres mundanos, coroado pelo
dinheiro e poder, não temos tempo para Deus. Nossos compromissos com os bens
materiais consomem todas as nossas horas. No resplendor de nosso palácio, temos
força, prestígio e esbanjamos coragem frente aos vassalos, escravos de nossa
ganância, vítimas de nossa maldade.
No primeiro obstáculo, quando as luzes inebriantes da luxúria se
apagam trêmulos de medo fazemos o sinal da cruz, implorando proteção ao Deus a
quem jamais dedicamos um segundo sequer e só tínhamos tempo para desprezá-lo,
chicoteá-lo e crucificá-lo.
Deus não quer o nosso tempo gasto balbuciando orações vazias de
sentimentos e bons propósitos. Em preces que não jorram de nosso interior nem
elevam a alma contrita à prática das boas ações, expressa na caridade, na
piedade e no perdão.
Na realidade não nos sobra tempo para encontrar Deus nas coisas
simples que nos rodeiam. Não sentimos a Sua presença na beleza da natureza,
criada, com tanto esmero, para ser o paraíso, onde os homens cultivassem o
amor. Não temos tempo de abrir a porta de nossa alma para que Deus penetre e
faça morada em nosso coração.
Continua Jesus peregrinando, sem encontrar uma manjedoura, onde
possa, novamente, oferecer paz na terra àqueles que acreditam na força do amor.
O Senhor gostaria que seu nome não fosse lembrado, por tantas
horas, nos templos da hipocrisia, onde a imagem de Jesus não é o símbolo da
verdade e da luz. Onde o orgulho e a vaidade dividem os homens em seitas
diversas, comercializando a boa fé dos incautos seguidores.
Onde o nome de Deus
é usado em orações profanas, mascarando interesses terrenos, distorcendo o
verdadeiro caminho, não sobrando tempo para que possamos seguir os verdadeiros
e sagrados ensinamentos de Cristo.
Comente este artigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário