O Brasil tem sido e será palco de grandes eventos mundiais, como foi
a Copa do Mundo em 2014, e será, no ano que vem, mais especificamente na cidade
do Rio de Janeiro, sede dos Jogos Olímpicos 2016.
Fazendo
uma retrospectiva do legado deixado por estes eventos, em outros países,
notamos algumas ações pela melhoria da infraestrutura da mobilidade nos grandes
centros urbanos, sede dos espetáculos esportivos, como a cidade de Londrina,
esta com atitudes tímidas limitando tráfego pelo rodízio automatizado e
imposto, pesando no bolso de quem, eventualmente, insiste em usar o transporte
individual nos grandes centros urbanos, conhecidos como downtown.
Já na
China, vimos uma explosão de iniciativas pela mobilidade elétrica, desde o
crescimento vertiginoso de bicicletas e scooters movidas por tração elétrica
até ônibus no transporte público, servindo de locomoção aos visitantes e
habitantes, que, nas paradas, recarregam durante operação de embarque e desembarque,
com os supercapacitores e bateria de tração com energia suficiente para
deslocamentos de parada em parada.
Sob estes pontos de ônibus, existem
verdadeiras subestações elétricas, transformadores e equipamentos necessários a
esta operação.
O exemplo
chinês, no entanto, não é o melhor do mundo, embora, aparentemente, seja verde
o produto final, ajudando a população das cidades na redução de emissão de
poluentes e ruídos, no deslocamento para passageiros e pedestres. A indústria
local ainda utiliza uma base energética ruim, gerada principalmente pela queima
de carvão.
No
Brasil, o legado da Copa do Mundo teve algo de positivo, fora os elefantes
brancos dos estádios que ficaram prontos na véspera e ainda precisam ser pagos.
Falo dos corredores exclusivos para ônibus, presentes em quase todas as
cidades-sede e de suporte.
Pois bem, o que falta agora? Melhorar o uso de
fontes renováveis nestes veículos, reduzindo emissões mesmo que a lei municipal
paulista 14.933 ainda não tenha "colado", e otimizar o tempo de
viagem com maior conforto e interoperabilidade modal (Free Flow ITS = Ônibus “falando” pro semáforo
abrir).
Os VLT -
Veículos Leves sobre Trilhos prometidos para a Copa talvez saiam para as
Olimpíadas, assim como as expansões do metrô. Esquecemos, por vezes, que bondes
e outros modais - trens, metrôs e VLTs - duram muito mais tempo que os
convencionais, atuais ICE – Internal Combustion Engines, porque são elétricos
e, de quebra, não poluem.
Eletrificar o corredor agora ficou mais fácil, quem sabe
mais trólebus, talvez tecnologias de recarregamento sem fio possam ser usadas,
como já existe para os celulares e, agora, tentado para pequenos veículos com
faixa exclusiva, recém-inaugurada na Inglaterra, que enfrenta as mesmas
dificuldades externas do produto carro.
Ganhos
nesta área de transporte de massa ainda compensam a cara tecnologia, que tem
aqui uma legislação retrógrada e parada no tempo, e que não irá mudar em tempos
de crise para a indústria automotiva: imposto de importação de 35% para os
puros elétricos e de 4% para os híbridos, todos ainda importados e sujeitos ao
câmbio, inviabilizando maiores volumes e, consequentemente, localização.
Restarão
alguns projetos de nicho, como os de veículo elétrico compartilhado em Recife,
Campinas, e brevemente, na cidade do Rio de Janeiro, além de outros
projetos-piloto no Sul do País, fora algumas iniciativas em curso com táxis
híbridos e elétricos.
Com a
primeira fábrica de baterias e de ônibus elétricos instalada e operando no
Brasil, e uma frota de 10 ônibus elétricos rodando na cidade de Campinas,
outros testes em curso nos novos corredores BRT no Brasil todo, os primeiros
passos parecem ter sido dados para o início de uma nova era de
eletromobilidade, conectada e integrada no transporte público.
Bastariam,
agora, políticas públicas eficientes, que cumpram e cobrem o que já está
escrito, pois isso, no mundo, não é iniciativa espontânea da área privada, mas
sim, claramente, força de legislação e regulamentação do setor público
governamental, baseado em boas práticas ambientais seguidas mundialmente,
embora não tão avançadas no nosso continente.
Isso não
significa a adoção imediata e em massa dessa tecnologia, mas sim garantir e
assegurar a competitividade futura dessa indústria. Planejar e exercitar novos
modelos de negócio e parcerias, avaliar opções inovadoras que a indústria,
mesmo de forma obrigatória, vem desenvolvendo no planeta, é, no mínimo,
recomendável. Pela importância para o futuro da mobilidade, esse será o tema do
Painel Veículos Elétricos e Híbridos do Congresso SAE Brasil 2015, dia 23
de setembro, em São Paulo.
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