A mesa das
refeições é lugar de aprendizagem por excelência. É a comida partilhada que nos
dá noção de pertencimento e o preparo de uma refeição nos dá oportunidade de
mostrarmos o quanto estamos interessados uns pelos outros.
A conversa que rola enquanto comemos tem o poder de
informar, de revelar quem somos, de transformar o ambiente em que vivemos em
algo que agrega, que aproxima. O contrário também é verdadeiro.
Não há necessidade de ensinar boas maneiras às
crianças se os adultos à mesa sabem se comportar. As crianças aprendem por
imitação, por isso, um ato que por si só seria instintivo, deixa de sê-lo para
tornar-se social e humanizante.
Segundo o Diário da Manha do dia 24 deste mês, na
Sessão Plenária da Câmara de Vereadores, no dia 23 foi votada a Moção do
vereador Isamar Oliveira. A Moção apoia o Projeto de Lei que estende o direito
aos educadores do ensino básico à merenda escolar.
O Projeto de Lei de autoria do deputado Jorge Silva
ainda precisa ser aprovado. Se isso acontecer as crianças da rede pública,
poderão contar com adultos significativos sentados à mesa, fazendo acontecer um
verdadeiro ato pedagógico. Isto terá, certamente, um impacto imediato.
Vivemos um tempo em que raramente as famílias podem
fazer sua comida e por consequência comer juntos, a fim de cumprirem um
cerimonial consagrado e que nos trouxe até aqui. Todas as carências da família
estão sendo supridas pelas escolas, de um jeito ou de outro.
Os profissionais que recebem nossas crianças, que
as colocam no colo quando choram, que fazem curativo quando se machucam, que
fazem do ato de ensinar um ato de aprender, que fazem ginástica com a verba que
vem para a merenda, para que seja gostosa e nutritiva são pessoas de verdade,
com carências, com histórias, com um cabedal imenso de vivências capazes de
mudar vidas.
Ninguém passa impune por uma escola. O que os
professores e professoras são, o que os funcionários e funcionárias são fica
indelevelmente marcado no coração das crianças. Nós lembramos muito pouco,
infinitamente pouco do que nos ensinaram, mas lembramos de tudo o que nos
passaram como pessoas, quando nós mesmos fomos estudantes. Há dentro de nós as
marcas que nos definem e contribuem para que sejamos do jeito que somos.
Temos que acolher as políticas públicas que nos
beneficiam. Temos que aplaudir políticos que pensam essas políticas, que
respondem aos anseios da classe trabalhadora que cuida dos nossos filhos. Há
muitos anos eles sabem do que nossos filhos precisam, mas esbarram em
burocracia, em falta de vontade, em imbecilidades que chamam de falta de
verbas. No Brasil sobra verba para tudo, menos para o que é realmente
importante.
Fico triste por saber que algo tão lindo como uma
mesa cheia de crianças e adultos, trocando ideias, comida e vida, tenha que ser
viabilizado por legislativos. Seria tão simples se simplesmente fizéssemos
acontecer o que é de direito.
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