Há um certo tipo de crescimento econômico que permite
transformações sociais e políticas para se promover desenvolvimento. É o
crescimento que tem capacidade para produzir bem-estar social e qualidade de
vida para todos, no contexto do desafio da sustentabilidade ambiental.
Como uma das maiores economias do planeta entra na trajetória de
crescimento econômico? Como esse crescimento ganha a qualidade distributiva
requerida para o desenvolvimento?
O enfretamento dessas questões é urgente e requer qualidade no
debate público. É complexo articular o desenvolvimento produtivo de um país
continental como o Brasil, mas isso dever ser feito com:
(a) a mobilização da
população para fazer da base material um ativo de bem-estar, promovendo
capacidade cognitiva que, aplicada em tecnologia e inovação, agregue qualidade
à vida e;
(b) uma indústria capaz de transformar a base material, recuperando,
preservando e atuando pela sustentabilidade do meio ambiente.
São os processos industriais que mobilizam o trabalho e geram
tecnologias e inovações que transformam a base material em riqueza agregada de
valor. A sociabilidade da vida moderna é resultado das mudanças que o sistema
industrial engendrou na divisão do trabalho, na produção do espaço urbano e no
extraordinário incremento da produtividade geral da economia.
O comércio vende
os itens produzidos pela indústria e os serviços incorporam esses produtos na
execução de suas atividades. Enfim, sem indústria, não há o tipo de crescimento
de que precisamos para o desenvolvimento.
Por isso, é urgente estabelecer as conexões significativas entre
a politica macroeconômica e as fontes que articulam e dinamizam as frentes de
expansão econômica. Essa conexão deve visar simultaneamente à qualidade do
mercado interno de consumo de massa, com aumento do emprego e melhora nos
salários, à participação expressiva das exportações e à ampla reorganização do
espaço urbano e rural, mas com qualidade de vida e produção com
sustentabilidade ambiental.
Por isso, a política econômica deve mobilizar um processo de
desenvolvimento industrial e produtivo, para o qual concorrem, entre outros:
(a) uma política cambial que protege a indústria
tecnologicamente competitiva;
(b) a redução dos juros e a reorganização da dívida pública;
(c) a criação de
mecanismos privados de financiamento de longo prazo;
(d) a desindexação dos contratos e preços;
(e) a simplificação
tributária;
(f) a desoneração do
investimento e das exportações;
(g) o investimento em
infraestrutura econômica e social. O ajuste fiscal, desconectado desses
elementos, em uma economia debilitada, pode agravar todos os problemas e
comprometer inclusive as metas do próprio ajuste.
Ademais, é necessário participar da terceira e da quarta
revolução industrial em curso, incorporando conhecimento aos processos produtivos
e atualizando o parque fabril tecnologicamente atrasado e; mobilizando radical
mudança na qualidade da educação para que a capacidade produtiva e gerencial
esteja atualizada nas frentes de expansão econômica.
É imperioso, por exemplo,
diminuir a desigualdade de produtividade entre as grandes e as pequenas e
microempresas.
É necessário fazer escolhas inteligentes, a partir do debate
político, que orientem o desenvolvimento econômico para o aumento da
produtividade, dos salários, da qualidade do emprego e diante da vantagem
comparativa de uma demanda interna que anima a capacidade produtiva aqui
instalada.
Essas escolhas precisam
ser feitas já, operadas e implantadas agora, o que exige algum tipo de
coalização social para criar a força politica capaz de mobilizar e implantar
uma agenda de desenvolvimento assentada no incremento e na partilha dos ganhos
de produtividade.
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