O ensino da Matemática no Brasil está centrado em
calcular, o mesmo que as máquinas fazem, esquecendo-se do restante.
Dentre os sete códigos de modernidade apresentados pelo
filósofo e educador colombiano Bernardo Toro, o que se refere à matemática
explicita que calcular é fazer contas, e solucionar problemas diz respeito à
vida.
O ensino da Matemática, aqui no Brasil, está centrado em calcular, o mesmo que as máquinas fazem,
esquecendo-se de todo o restante.
Quando os nossos alunos são submetidos a testes de proficiência em Matemática, como ocorre em todas as avaliações
do Pisa para os países signatários da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), o fracasso fica estampado.
Críticas ao modelo surgem em quase todos os artigos; mas
propostas de mudança no ensino de Matemática são raramente encontrados.
Enquanto as escolas brasileiras — a começar pelas
universidades — continuarem formando professores de Matemática que lecionam para
alunos do século 19, com visões calculistas e sem levá-los a pensar, os
resultados se repetirão.
Basta ler os descritores apresentados pelo próprio MEC
para o ensino de Matemática ou os parâmetros curriculares nacionais que teremos
uma orientação bem diferente do que se pratica em sala de aula e mais próxima
do estilo das avaliações externas.
O que ocorre, na prática, é uma rejeição aos parâmetros e
aos descritores, num desejo persistente de se ensinar com base em cálculos,
pensando que isto melhora a capacidade de raciocínio dos alunos.
O resultado é triste porque a preparação para a vida não
existe, a Matemática continua a ser um tabu, e o modo de ensinar esta
disciplina numa escola brasileira prepara uma pessoa para ser desempregada.
O que os países da OCDE desejam é uma população com
capacidade de pensar matematicamente e preparada para lidar com ferramentas que
lidam com o tempo, o espaço e suas relações, estando isto refletido num mundo
eletrônico e computadorizado.
Discorrendo sobre isto numa palestra, ouvi um grito quase
alucinante na plateia: “Eu acredito é na tabuada! Não há esperança com esta
mentalidade da idade da pedra!”
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