quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Uma esperança às vítimas do AVC



Os pesquisadores da Neurocirurgia e da Neurologia do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMusp) realizaram uma intervenção cirúrgica inédita no mundo para amenizar as sequelas do Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) da região do cerebelo, responsável pela coordenação dos movimentos e da marcha. O procedimento corresponde à estimulação cerebral elétrica por eletrodos implantados sobre a região afetada após o AVCi. Os resultados do estudo estão descritos em artigo publicado na revista científica Parkinsonism and Related Disorders.
Uma paciente de 52 anos, submetida ao procedimento em abril de 2014, apresenta melhora significativa na marcha, na escrita e manipulação de objetos, detalhou o titular da Neurocirurgia, Manoel Jacobsen Teixeira. Um cabo-eletrodo - fios condutores com eletrodos em suas pontas - foi implantado no cérebro da paciente e uma extensão, conectada ao cabo-eletrodo, passou sob a pele desde a cabeça, pescoço até a parte superior do peito, onde foi implantado o neuroestimulador, que produz os pulsos elétricos necessários à estimulação.
Os pulsos elétricos, de baixa intensidade, são transportados à região alvo do cerebelo, com ajustes feitos pelo médico. A estimulação dessa região por pulsos elétricos é a responsável pelo bloqueio dos sinais que causam os sintomas motores incapacitantes da doença. Dessa forma, o paciente consegue ter maior controle sobre seus movimentos corporais e coordenação, com melhora na qualidade de vida.
O AVCi, o popular derrame, é uma das principais causas de morte e incapacitação no Brasil e no mundo. Gera grande impacto econômico e social. A técnica cirúrgica adotada pelos neurocirurgiões do Hospital das Clínicas é uma forte aposta no tratamento que ainda está longe de ser satisfatório. Inclui ainda medicamentos e reabilitação física.
Conhecida como estimulação cerebral profunda, a cirurgia é semelhante ao procedimento realizado na doença de Parkinson, porém a estimulação é feita em local diferente. Enquanto no Parkinson é estimulada a estrutura do cérebro envolvida no programa motor e na velocidade dos movimentos, no AVC é estimulada a estrutura envolvida na coordenação dos movimentos, bastante afetada no paciente.
O estudo determinou o desenvolvimento de um novo projeto que irá testar a segurança e a eficácia do método em novos pacientes que apresentam perda do controle muscular secundária ao Acidente Vascular Cerebral e incluir também outros tipos de perdas no estudo. (Com informações da Assessoria de Imprensa do Instituto Central do HC).


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