domingo, 20 de setembro de 2015

Todos somos escravos


Está provado, fumar é envenenar-se e morrer aos poucos; provoca infinidade de enfermidades. O tabagismo mata milhões anualmente - sabe-se à exaustão. Mas outras coisas também fazem mal à saúde física e mental. Quais? A fome, por exemplo. Ou a raiva, a ignorância, a impossibilidade de rebelar-se, o hábito, a rotina, a escravidão...

Que escravidão? Ora, alguém duvida de vivemos sob regime escravocrata. Uns são cativos do vício das drogas, outros da religião, da miséria - moral, ética ou financeira -, do casamento de aparências, do celular, do capital, da mídia...

 Outros são escravizados pelos complexos e fantasmas íntimos, vitimados pela ambição, o egoísmo, a vaidade, a ambição desmedida...

Estamos irreversivelmente aprisionados por grilhões invisíveis e isso, sem dúvida, caracteriza algum tipo de escravidão.
Logo, somos escravos, todos nós, com raríssimas e honrosas exceções. Conheço um sujeito viciado em internet. É obcecado por redes sociais e jogos. Ele passa praticamente todo o tempo na frente do computador. Transformou-se num robô.

 Também conheço outro, viciado em tóxicos. Ele vive anestesiado pela ação de drogas lícitas e ilícitas. Também é um robô.

Há outro, ainda, conhecido de décadas. Teme morrer, vítima do câncer. Está sempre se apalpando na tentativa de descobrir algum nódulo revelador no corpo. É só emagrecer um pouco...

E pronto! Se manda para o médico e exige bateria de exames. Diariamente, ao acordar, faz autoexames na língua e nos olhos, presta atenção redobrada na urina e nas fezes, à procura de um sinal diferente.

Dia desses apareceu-lhe uma verruga na perna e ele entrou em pânico. Ela foi crescendo aos poucos e quando se estabilizou, do tamanho de um grão de arroz, tomou a cor cinza.

O sujeito ficou alucinado, convicto de que era claro e irrefutável indício de um tumor maligno. Não teve paz enquanto não fez cirurgia para extirpar a verruga - apenas uma pintinha. Contudo, ele tem certeza absoluta, mais dia menos dia morrerá de enfermidade cancerígena.

Curiosamente, fuma duas carteiras de cigarros por dia, ingere quase uma garrafa inteira de uísque todas as noites e leva vida sedentária, estressante.

Há, por outra banda, os escravos do poder, os que se deliciam e se sentem fortes, imbatíveis e acima da plebe quando detêm cargo público, por exemplo. Existem exceções. A maioria, porém, se deixa morder pelo mosquito da presunção e da arrogância - declaradas ou camufladas.

 Estes são dignos de dó. Ignoram, embriagados pelo cargo momentâneo, que o poder é ilusório e passageiro...

Essa gente também é escrava! Uma dose de humildade, mesmo pequena, lhe faria perceber a efemeridade da vida em geral, as benesses utópicas do poder em particular.



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