sábado, 1 de agosto de 2015

Apertem os cintos: agosto chegou!

O mês do cachorro louco começa hoje e com ele as conhecidas crenças e superstições que o envolvem. Dizer que agosto traz desgosto não é apenas uma péssima rima, mas pode ser também uma mentira de pernas bem curtinhas.

Abriram-se as comportas da represa do azar. Uma verdadeira boiada de má sorte e infelicidade estourou a porteira dos meses. O gato preto atravessou de vez nosso caminho. É preciso que todos saibam que a nuvem negra do desgosto paira, a partir de hoje, sobre as cabeças de todos nós: seres indefesos perante as intempéries do deus maligno de agosto.

E coitados de nós, joguetes na mão do destino, sem o mínimo de autonomia sobre nossa própria vida. Afinal, tantas foram as tragédias acontecidas em agosto que nem Cesar Augustus (imperador de Roma do ano 8. a.C que deu o nome para o mês) poderia se justificar. O suicídio de Getúlio Vargas, a morte de Juscelino Kubitschek, de Elvis Presley, de Carmem Miranda, Marilyn Monroe e da princesa Diana, além do estouro da Primeira Grande Guerra e da devastação das cidades japonesas Hiroxima e Nagasaki, são exemplos de como o mês de agosto pode ser nefasto e terrível.

Se a voz do povo é a voz de Deus, as várias crenças populares envolvendo o mês de agosto nos dizem de um Deus malfazejo, estilo Jogos Mortais, que se apraz em “jogar um jogo” com a humanidade todo ano, na mesma esperada e temida época.

Ok, os fatos não negam: muitas mortes, assassinatos, tragédias e suicídios aconteceram em agosto. Mas águas passadas não movem moinho, não é? Será que associar o mês ao “tinhoso” não é demasiado exagero? Afinal, sabemos que coisas boas e ruins acontecem em todas as épocas do ano. Parece bobagem, mas ainda existem muitas pessoas que não fazem negócios, não compram imóveis, não se casam, não viajam e nem se mudam em agosto. Para eles é melhor prevenir do que remediar. Claro que cada macaco tem o seu galho de opinião. Mas será que tanta precaução é realmente necessária?

Numerologia

É certo que o imaginário popular é repleto de crenças e superstições. Mas quem conhece uma história verídica de alguém que comeu manga com leite e morreu? Será que se você já comeu a última bolacha de um pacote ou o último pedaço de um bolo e mesmo assim se casou, você realmente deve se considerar uma pessoa de sorte?

O numerólogo Walter Prado, considerado o “numerólogo dos famosos”, em entrevista ao DM explica como surgiu a má fama do mês de agosto no Brasil. “O mês de agosto sempre teve uma má fama devido às circunstâncias que envolviam a infraestrutura em todos os Estados brasileiros e ao clima quente e seco típico dessa época do ano. Na época de nossos avós, não possuíamos saúde adequada, o que hoje ainda é um problema. Existiam muitas ruas sem asfalto, lixo nas ruas, moscas, os caminhões de lixo não venciam atender a demanda”.

O numerólogo continua: “O mês de agosto, devido ao clima quente, propicia também que as cadelas entrem no cio. Daí os cachorros brigam pelas fêmeas e, se recebem mordidas de um animal afetado com a raiva, proliferam a doença até para as pessoas na cidade. Daí o costume de se dizer que mês de agosto é mês do cachorro louco”.

Calor, poeira, lixo, escassez de água, cachorro louco nas ruas… O mês de agosto tem tudo para ser péssimo, não? Claro que não! Walter desmistifica as crenças negativas relacionadas ao mês e dá uma visão, pautada na numerologia, bem diferente das que estão calcificadas no imaginário popular.

A numerologia, afirma Walter Prado, “nos demonstra um mês abençoado. Representado pelo número 8, número do movimento, nos traz o clima forte, um sol brilhante, uma luz irradiante e, com esta energia, muito mais sucesso em tudo o que empreendermos. É o mês oito é mês do movimento em todos os aspectos, mês de se ganhar dinheiro, empreender negócios e se fortalecer na saúde e no amor”. E finaliza: “Mês de agosto é o mês de se ganhar dinheiro”.

"Acho que as pessoas devem parar de se preocupar com o que dizem as crenças e simplesmente aproveitá-lo, afinal, o tempo voa", afirma Adrielly, casada com Waldir desde agosto de 2013
“Acho que as pessoas devem parar de se preocupar com o que dizem as crenças e simplesmente aproveitá-lo, afinal, o tempo voa”, afirma Adrielly, casada com Waldir desde agosto de 2013

Casar em agosto traz desgosto

Há indícios de que a má fama do mês tenha origem portuguesa. Isso porque, na época das grandes navegações, agosto era o período em que os navios zarpavam para as grandes expedições. Devido a isso, as mulheres portuguesas não se casavam nunca em agosto, pois isso significaria a ausência do noivo por longo período, além de não ter lua de mel, e o grave risco de ficar viúva.

Ainda é forte no Brasil a crença de que casamento em agosto traz azar para o casal. Diferentemente de maio e de outros meses nos quais a demanda aumenta expressivamente, em agosto as igrejas permanecem quase que completamente vazias.

Josi Lobo, cerimonial de eventos de Goiânia considerada a “queridinha das noivas”, em entrevista ao DM comenta a respeito da crença de muitas noivas em relação a agosto: “O universo das noivas já é tão intrigante, elas precisam pensar no vestido, na roupa do noivo (sim, porque nem isso eles decidem), na mesa de bolo, na decoração, no coral e em outras mil coisas. Elas precisam, além de tudo isso, pensar na data. Como se não bastasse pensar se vai chover, se vai estar frio ou calor demais, ainda escutam das avós: ‘Não case em agosto minha filha, dá azar!’ “.

Devido a essa má fama, apenas alguns poucos gatos pingados ousam brincar com fogo e ignoram a “sabedoria” popular sobre o mês. É o caso de Adrielly Gonçalves, empresária da área de eventos, que se casou com Waldir em agosto de 2013. Em entrevista do DM, Adrielly nos conta que muitas pessoas próximas demonstraram desconforto com a data escolhida pelo casal: “Na época em que decidimos nos casar, muitos parentes e amigos criticaram a escolha do mês, por dizerem ser um mês de azar, alguns até se empenharam em nos fazer mudar a data, mas não abrimos mão do nosso dia ser neste mês”.

Apesar do preconceito de algumas pessoas, Adrielly demonstra uma visão muito positiva sobre o mês e não se arrepende da escolha da data. “Não ficamos com medo de nos casar em agosto, porque pra nós tudo é uma questão de fé. Não acreditamos que qualquer coisa poderia dar errado por ser este mês, pelo contrário, as coisas quando têm que dar certo, simplesmente dão, e quando tendem a não dar certo, não é um mês que define isso”. E conclui: “ O mês de agosto é um mês lindo, ensolarado, quente e pra mim, um mês de muito amor. Acho que as pessoas devem parar de se preocupar com o que dizem as crenças e simplesmente aproveitá-lo, afinal, o tempo voa”.

Juliana Uchoa, psicóloga, que se casará hoje com Flávio Andrade, relata: “Escolhemos agosto por ser final de férias e os meus parentes, assim como os parentes do meu noivo, estarem disponíveis. Ninguém até agora demonstrou preconceito com a escolha da data, mas as pessoas comentam, me chamam de corajosa, porque todo mundo tem muito medo do mês de agosto. Mas nós não somos supersticiosos e acreditamos que não existe dia ou mês ruim quando duas pessoas se amam de verdade”.

A cerimonial Josi Lobo, apesar das histórias de recusas de noivas em se casar em agosto, possui opinião parecida e afirma: “não me sinto no direito de entrar nessa onda de azar, acho que o amor não tem mês, não tem data e nem horário certo para acontecer, ele acontece individualmente e de forma muito especial para cada casal! Viva o amor em qualquer ano, em qualquer estação, em qualquer dia, viva o amor até no mês de agosto!”.


“Agosto”de Deus

É certo que todos os meses do ano são propícios a acontecimentos bons e ruins. Agora estar certo de que agosto é mais atraente para “desaventuranças” do que os outros meses é o mesmo que tentar provar que deixar o chinelo virado é realmente responsável por todas as mortes de mães do planeta.

Não existem estatísticas de que os casos de violência e morte acontecem com mais frequência só pelo fato de o calendário ter descartado sete de suas doze páginas. É o que assegura o delegado Izaías Pinheiro, do Terceiro Distrito Policial. “O mês de agosto para nós é um mês normal. Não há nada na prática do dia a dia que evidencie um aumento de ocorrências nessa época. Não há explicação científica para essas crenças”.

Não há explicação científica, mas as crenças envolvendo o mês, de cunho cultural, são suficientes para alimentar a má fama de agosto. Cabe a nós (aqueles pobres joguetes nas mãos do destino) fazer limonadas saudáveis e refrescantes com os limões que agosto, assim como todos os meses do ano, nos der. Isso significa assumir uma postura positiva perante a vida e o futuro, que é sempre a atitude mais acertada, conforme nos aconselha o numerólogo Walter Prado:

“Todos os meses são abençoados, cabe a nós vivenciarmos cada dia com diligência, cada semana com amor e respeito a tudo a nossa volta. A dignidade de nossos atos nos traz todos os dias respostas criadas por nós mesmos. Sejamos felizes amanhecendo e anoitecendo agindo de forma agradecida pela vida e pelas oportunidades que estar vivo nos permite”.

Como sabemos, as aparências enganam e nem tudo o que reluz é ouro. Assim, mesmo com a fama de ovelha negra dos meses, agosto pode ser sinônimo de alegria e positividade, dependendo do ângulo em que escolhermos observá-lo.


Permita-se ser surpreendido. Feliz mês de agosto!


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