quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Geneticamente modificado? Não, obrigado



Há pouco menos de um mês, o Congresso brasileiro mostrou mais uma vez que a sua prioridade é defender os interesses de seus patrocinadores, e não os do povo. Com uma maioria de votos, os legisladores aprovaram o PL 4.148/2008, do deputado ruralista Luiz Carlos Heinze (PP-RS), que desobriga fabricantes de alimentos a avisar o consumidor sobre a presença de organismos transgênicos na composição final do produto. Atualmente, produtos com conteúdo maior que 1% de elementos transgênicos têm que ser rotulados com a letra T.

Essa manobra, que atende os interesses do agronegócio, deixa bem claro para quem os congressistas trabalham. Vinte e Oito países obrigam esse tipo de rotulação, incluindo toda a União Europeia, Japão, Austrália, Rússia e China. Agora o Brasil se une aos Estados Unidos, onde o lobby do transgênico é forte, na liberação total desse experimento com o meio ambiente e a saúde humana.

O argumento pela retirada do rótulo é lúdico em sua hipocrisia. O lobby transgênico diz que sua presença inibe o consumo. Mas, se eles afirmam que o transgênico é bom, não seria então desejável manter o rótulo, assim como os produtores de orgânicos orgulhosamente estampam seus produtos com o selo orgânico? Minha esperança é que produtores que não usam transgênicos comuniquem isso de forma clara ao consumidor como contrapartida para essa perda de um direito básico.

Essa manobra viola o artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor, que aponta que é direito básico do consumidor saber “a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem”.

Como no caso dos agrotóxicos, as agência reguladores deixam as corporações fazerem a festa no Brasil. Aprovam químicos e transgênicos proibidos em outros países e colocam em risco a saúde das pessoas, dos animais e do meio ambiente.

Os defensores dos transgênicos acusam seus críticos de serem anticiência e tecem narrativas emotivas dizendo que os transgênicos são a única chance de alimentar um mundo com 7 bilhões de pessoas. O que eles convenientemente omitem são os resultados de pesquisas independentes que associam colheitas de transgênicos com índices de câncer mais altos, problemas neurológicos e alterações hormonais.

 Fora isso, existe a questão de patenteamento de sementes de alimentos, contaminação de lavouras não transgênicas e de ecossistemas. Trata-se de um experimento cujas consequências ninguém conhece,

Além de todos esses problemas, alguns cientistas acreditam que o colapso de colônias de abelhas também tem ligação com lavouras transgênicas. A manipulação genética da planta leva a uma modificação genética do pólen da flor.

 Quando o pólen da flor se torna geneticamente modificado ou estéril, as abelhas podem ficar subnutridas e morrer de doenças pela falta de nutrientes e pela interrupção de sua capacidade digestiva do que elas se alimentam durante o verão e durante o processo de hibernação invernal.

Mas o lobby é tão forte que recentemente a União Europeia aprovou, apesar de toda a antipatia popular por transgênicos naquele continente, 19 novos produtos desse tipo, que incluem ração animal, comida para humanos e flores de corte.

Ambientalistas europeus alertam que a União Europeia está se afastando dos cidadãos para defender interesses de corporações. Isso demonstra que a pressão dessas empresas é mundial.

Cabe ao consumidor e cidadão lutar contra o domínio dessas corporações globais que querem monopolizar a agricultura mundial com suas sementes e animais geneticamente modificados e patenteados.

 A nossa segurança alimentar, o bem-estar dos animais e dos mecanismos naturais do planeta dependem de nossa resistência agora.

LoboPasolini.

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A Matemática continua um tabu


O ensino da Matemática no Brasil está centrado em calcular, o mesmo que as máquinas fazem, esquecendo-se do restante.
 




Dentre os sete códigos de modernidade apresentados pelo filósofo e educador colombiano Bernardo Toro, o que se refere à matemática explicita que calcular é fazer contas, e solucionar problemas diz respeito à vida.

O ensino da Matemática, aqui no Brasil, está centrado em calcular, o mesmo que as máquinas fazem, esquecendo-se de todo o restante.

Quando os nossos alunos são submetidos a testes de proficiência em Matemática, como ocorre em todas as avaliações do Pisa para os países signatários da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o fracasso fica estampado.

Críticas ao modelo surgem em quase todos os artigos; mas propostas de mudança no ensino de Matemática são raramente encontrados.
Enquanto as escolas brasileiras — a começar pelas universidades — continuarem formando professores de Matemática que lecionam para alunos do século 19, com visões calculistas e sem levá-los a pensar, os resultados se repetirão.

Basta ler os descritores apresentados pelo próprio MEC para o ensino de Matemática ou os parâmetros curriculares nacionais que teremos uma orientação bem diferente do que se pratica em sala de aula e mais próxima do estilo das avaliações externas.

O que ocorre, na prática, é uma rejeição aos parâmetros e aos descritores, num desejo persistente de se ensinar com base em cálculos, pensando que isto melhora a capacidade de raciocínio dos alunos.

O resultado é triste porque a preparação para a vida não existe, a Matemática continua a ser um tabu, e o modo de ensinar esta disciplina numa escola brasileira prepara uma pessoa para ser desempregada.

O que os países da OCDE desejam é uma população com capacidade de pensar matematicamente e preparada para lidar com ferramentas que lidam com o tempo, o espaço e suas relações, estando isto refletido num mundo eletrônico e computadorizado.

Discorrendo sobre isto numa palestra, ouvi um grito quase alucinante na plateia: “Eu acredito é na tabuada! Não há esperança com esta mentalidade da idade da pedra!”


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A crise do caráter


Nos últimos tempos, os jogos do engodo, da simulação e da dissimulação têm atingido níveis absurdos.

A matreirice sempre deu o tom na política nacional. No dia 31 de março de 64, Benedito Valadares, raposa matreira, encontrou-se com José Maria Alkmin e Olavo Drummond no aeroporto de Belo Horizonte.

- Alkmin, para onde você vai?

- Para Brasília.

- Para Brasília, ah, sim, Brasília. Sei.

Os três seguiram conversando até o cafezinho. Até que Benedito, piscando um olho, cutucou o braço de Olavo:

-É, o Alkmin está dizendo que vai para a Brasília para eu pensar que ele vai para o Rio. Mas ele vai mesmo é para Brasília.

A artimanha é conhecida nos tratados de guerra como engano de segundo grau. Alkmin queria tapear Benedito dizendo-lhe a verdade para tirar proveito de sua desconfiança.
"Leis não obedecidas, justiça lenta, projetos casuísticos, distorção de prioridades, violência extremada, tibieza de governantes, culto à improbidade, mais impostos e muita mentira amortecem o ânimo nacional"

Ao longo da história, a enganação tem feito carreira. Nos últimos tempos, porém, os jogos do engodo, da simulação e da dissimulação têm atingido níveis absurdos. Temos visto tapeação de primeiro, segundo e terceiro grau. Delatores apontam pessoas que teriam recebido propina dos dutos da Petrobras e são desmentidos; o governo ensaia a volta da CPMF, mas retrocede; tira, por decreto, poderes dos Ministros militares em matéria de política de pessoal e os repõe ante a onda negativa; põe na agenda um enxugamento dos ministérios e fica por isso mesmo; TCU e TSE sugerem dúvidas sobre os próximos passos em relação às pedaladas e contas de campanha da presidente.

O Brasil perde o grau de investimento, com o rebaixamento feito pela S&P, e Lula diz que isso não vale nada. De arrepiar. A palavra distancia-se de seu significado. A imprensa registra algo em um dia e, no seguinte, o contraditório.

A administração federal mais parece barata tonta depois de forte dose de inseticida. Não sabe onde rodopiar. Enchentes em alguns pontos, grande seca em outros, e reservatórios de água suprem populações com seus volumes mortos. A dúvida se instala: as chuvas de setembro e outubro garantem normalidade ou sofreremos crise hídrica e energética?

A violência registra casos de horror extremo, como a chacina que matou 19 pessoas em Osasco (SP), deixando suspeitas sobre o próprio aparelho policial. O palavrório de sempre se instala. As ruas se enchem com desfiles de pedintes e, nos semáforos, meninos e adolescentes se multiplicam na tarefa de mostrar habilidades com bolas, pernas de pau, facas e tochas de fogo.

A estética da miséria expande cores cinzentas e escancara a desilusão de milhões de brasileiros que, após subirem um degrau na escada da pirâmide social, se vêem arrastados para o andar de baixo, onde a classe D tenta sobreviver no meio de um turbilhão de carências. Falta dinheiro para completar a fatia de carne, o saquinho de arroz, o quilo de feijão. Verduras? Nem pensar. E o Bolsa Família para as margens? Já deu o que tinha de dar. É coisa pouca.

A tétrica anatomia urbana, como a pedrinha do dominó empurrando a seguinte, ameaça a queda de todas. Mas há algo pior: é a miséria moral que o país herda do seu aglomerado de crises.

A necessidade de sobrevivência acaba corroendo a base do caráter. Os efeitos aparecem na propensão para a violência, para desvios e inclinação de certos núcleos na apropriação de bens de outros. O engodo que se instalou em cima desce a outros níveis.

Daí a conclusão: as fontes da seara do caráter também secam. Sentimentos e relações sociais se impregnam da ordem moral que recai sobre a sociedade. Torna-se difícil manter a coluna vertebral ereta quando os poderosos a dobram, em todos os instantes, no atendimento às suas conveniências.

A desconfiança, quando não a indignação, passa a imperar, principalmente no seio de grupos de sólida formação moral. Que passam a cristalizar e a verbalizar o sentimento de repúdio à classe dirigente, com ênfase aos integrantes do partido que, há quase 13 anos, ocupa o centro do poder.

 Convém lembrar, porém, que parcela da população, aflita com o cinturão que aperta seu corpo, faz prevalecer o bem material sobre o valor moral. Essa é horrenda feição desenhada pela miséria.

Caráter é o espelho da grandeza humana. Integra um sistema de valores compostos, entre outros, por lealdade, compromisso, companheirismo, confiança, comunhão de propósitos. De nossos avós, uma frase comum era: “aquele era um homem de palavra”. Queriam dizer: “ um homem de caráter”. Quem pode afirmar a mesma coisa neste ciclo de deterioração do escopo moral?

A paisagem é celeremente contaminada pela crise da corrosão do caráter, terrível doença que Richard Sennett, professor de sociologia da Universidade de Nova Iorque, aponta como uma das mais trágicas do mundo moderno.

A degradação do caráter é metástase que se propaga em função das mazelas da vida pública. A crise de caráter puxa a da credibilidade. A crença nas instituições e nos agentes públicos se esvanece.

Leis não obedecidas, justiça lenta, projetos casuísticos, distorção de prioridades, violência extremada, tibieza de governantes, culto à improbidade, mais impostos e muita mentira amortecem o ânimo nacional. Ante esse quadro, o povo clama por ações de um Estado que se mostra anêmico e inerte.

Quem imaginaria um ex-presidente da República idolatrado e uma mandatária bem aclamada em seu primeiro mandato vestirem o manto de bonecos infláveis representando o engodo? Teriam faltado à verdade com o eleitor? Teriam mistificado as massas pela propaganda política? Que tempos. Tempos de grandes mentiras.

O libertador Simon Bolívar, tão admirado pelas esquerdas latino-americanas, fazia, há 165 anos, um desabafo: “não há boa fé na América, nem entre os homens nem entre as nações. Os tratados são papéis, as constituições não passam de livros, as eleições são batalhas, a liberdade é anarquia e a vida um tormento”.

O timoneiro fez uma profecia, mais que um queixume. A vida brasileira se aproxima do tormento.

Gaudêncio Torquato.

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Menores e arrastões


Não todos os menores que moram nas periferias participam dos arrastões, assim como não todos os menores que vivem na zona sul são santos. Os menores refletem a realidade de nossa sociedade. Há menores abandonados na periferia assim como nos bairros bacanas. A diferença é que alguns pais podem pagar a outros para calar a consciência, enquanto outros não podem nem fazer isso. Ou seja, a diferença está no dinheiro. Isto para aqueles menores que participam de atos delitivos.
A grande maioria de nossos menores que compartilham valores, tanto nas comunidades pobres como nas comunidades abastadas, não tem problemas, estudam, trabalham, são educados, tem noção dos limites. O que tem em comum são os valores que os pais possuem e compartilham com eles. São crianças que desde pequenas sabem a diferença entre o não e o sim. Os pais, independentemente de terem tempo, se preocupam com os filhos e eles sabem disto.
Ser menor na zona sul ou na zona norte não tem nenhuma diferença no caso que tenham pais responsáveis e presentes na vida deles. A justiça deveria ir atrás dos pais de menores abandonados, principalmente dos lares que tem dinheiro. Por quê? Porque eles tiveram educação e têm os meios para dar atenção aos filhos. Os pais ausentes dos pais pobres e sem educação são os menores abandonados da década de 70, 80 e 90. Quando falo destas épocas, aqueles que a viveram lembram que depois da ditadura militar veio uma época de “liberdade” que muitos levaram à “libertinagem” e “permissividade”.
Falar não para os filhos quando corresponde não cria traumas. Dizer: não posso comprar isso, não é crime. Ver crianças controlando os pais é um pecado. Ouvir pais de adolescentes dizer: Meu filho nunca mente, dá tristeza. Temos uma geração de jovens entre 20 e 30 anos que ainda vive com os pais, alguns porque não conseguem trabalho, mas muito deles porque os pais pensam que ainda são crianças e necessitam da proteção deles.
O problema dos menores abandonados é somente um problema de educação e formação. O único problema é que os resultados de uma boa educação e formação somente dá resultado num período não menor de trinta anos. São 30 anos de bons exemplos dos pais, dos líderes do país, de bom ensino nas escolas. Perdemos os últimos 12 anos e pelo andar da carruagem perderemos os próximos 12 também.
 Se começamos hoje somente em 2045 começaremos a ver menores como esperança para nossa velhice, e não com o medo que assola nossas ruas nos dias de hoje.
A impressão que tenho é que nos últimos 12 anos foram dados de presente muitos peixes, mas esquecemos de ensinar a pescar. Tudo vai bem quando os rios estão cheios de água e peixes, mas nas épocas de seca, como a que vivemos hoje, somente aqueles que realmente sabem pescar sobrevivem.
Sempre voltamos à velha solução: EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO!!!!!
O problema é que demora tempo educar, e ainda temos que dar o exemplo!!!

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terça-feira, 29 de setembro de 2015

Violência: de onde vem o bandido?


Curiosamente, o cidadão está entre gritos de “já fui roubado” e o silêncio do consumo dos produtos do crime.


Vivemos uma crise na segurança pública “jamais vista na história deste país”. Onde começa e onde vai terminar isso? Mais homens nas ruas? Mais veículos para policiais? Mais varas criminais? Mais presídios? Mudanças nas leis? 

Redução da maioridade penal? Privatização dos presídios? Prisão com trabalhos internos? Prisão perpétua? Pena de morte? Será que é essa mesmo a discussão que temos que fazer?

Segurança é a principal coisa para um país, para uma pessoa. Isso mesmo, segurança é mais importante que educação, mais importante que saúde, pois não adianta um cidadão diplomado e morto com uma bala na testa, não adianta um jovem com uma saúde fantástica e vítima de uma bala perdida sendo enterrado com passeatas e protestos. 

A certeza de planejar sua vida e contar com segurança para poder realizar é tudo. "Criminosos violentos não surgem do nada. Até onde sei, é fruto de uma relação de um pai de uma mãe, onde estes ficam? Quantas e quantos choram a prisão ou a morte de seu filho bandido por terem destruído a vida de outros?"

Violência é um mercado fantástico, gira muito dinheiro. 

Advogados, juízes, promotores, escrivães, policiais, carcereiros, apresentadores de TV, jornalistas, restaurantes para preparar alimentos para presidiários, médicos, enfermeiros, indústrias de tecelagem, seguradoras, cerca elétrica, cadeados, fechaduras, indústria automobilística, fábrica de pneus, blindagem de veículos, indústria armamentista, tijolo, areia, pedreiro, serralheiro, segurança armado e desarmado também, câmeras de monitoramento, apartamentos, condomínios fechados e etc....

Se não bastasse isso, quem consome o produto do roubo? São apenas os bandidos de ficha corrida? 

Quantos cidadãos que nunca entraram em uma delegacia, que se dizem e se acham honestos, compram produtos roubados? 

E não me diga que é sem saber, pois um celular que na loja custa mil e quinhentos reais estão te vendendo por quatrocentos por quê? E não é só celular, são muitas outras coisas desde veículos, peças em geral a utensílios domésticos, informática, produtos de escritório e etc.

Bem, se ninguém consumisse produtos roubados, boa parte do roubo não compensaria, não é mesmo? As vítimas dos crimes também alimentam o crime. 

Roubam porque vendem, compram porque é bem mais barato e ai levam vantagem, sente medo porque são roubados, são roubados porque sentem medo e o medo provoca mais crime e o crime mais medo.

Oswaldo Montenegro tem um poema chamado Metade que começa assim: Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio; Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca; Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio. 

Assim está o cidadão, entre gritos de “já fui roubado” e o silêncio do consumo dos produtos do crime.

Criminosos violentos não surgem do nada. Até onde sei, é fruto de uma relação de um pai de uma mãe, onde estes ficam? Quantas e quantos choram a prisão ou a morte de seu filho bandido por terem destruído a vida de outros?

Destruir o bandido que existe dentro de cada um de nós talvez seja um bom começo para diminuirmos a criminalidade. Porque os bandidos que moram fora da gente estão sendo mortos aos montes, mas parece que quanto mais morrem mais aparecem outros. 

Ainda parafraseando Montenegro: “Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta”.

João Edison de Souza.

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“Em tempos de crise, a felicidade é a solução”


Em tempos de crise, a tendência é justamente nos paralisarmos, frearmos todos os projetos que temos, deixar de cuidar de nós mesmos. Esse é o maior erro, tomar decisões impensadas. Na verdade, sobre as decisões, quanto mais impulsiva e dominada pela emoção, mais imatura ela é e as chances de continuarmos em meio a um ciclo de autossabotagem e autodestruição é gigante.
A crise mostra que há elementos dos quais não temos controle, que necessitam de mais atenção. O erro está justamente em parar tudo e se entregar a ela, aí que ela justamente chega.
 Desconectar-se da sua essência em tempos de crise é um tiro na cabeça. É justamente nesse momento que se deve ter claro quem você é (seja pessoa física ou empresa), ter claro o seu propósito de vida, seus valores (coisas das quais não abre mão) e sua visão de futuro. Na crise se cresce.
 Ela vem para nos tirar da zona de conforto e sermos melhores do que sempre fomos. Os desafios fazem justamente isso em nossa vida. O que seria dos recordistas nas diversas modalidades esportivas se não tivessem desafios?
O que seria dos recordistas sem um concorrente próximo, impulsionando-o a quebrar suas barreiras pessoais? Muitos se entregam aos medos e param, ficam estagnados. Outros, em desespero, se desconectam dos seus valores e passam a fazer atos ilícitos que trazem não apenas uma crise passageira, como todas são, mas uma crise eterna com as consequências do ilícito que cometeram.
Discuti outro dia com um conhecido que afirmava que, se sua família passasse necessidade, ele chegaria a roubar.
Durante a tempestade, sair correndo desesperadamente apenas irá nos expor ao perigo. Devemos ter cautela e encontrar um abrigo seguro.
Na crise, o abrigo seguro é a criatividade aliada a princípios sólidos e à vontade de fazer algo que ninguém acredita.


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Os filhos vencem na hora das compras



Sabe aquele momento em que o filho insiste com os pais na compra de um produto supérfluo? Pois na maioria das vezes o filho vence esta "batalha" e acaba conquistando algo que não estava na lista das compras para a família.
De acordo com pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), seis em cada dez mães não resistem ao apelo dos filhos quando o assunto é comprar. O estudo analisou a reação das mães, com crianças e adolescentes entre dois e 18 anos, na aquisição de itens considerados desnecessários, como brinquedos, roupas e doces.
De acordo com o levantamento - divulgado pela Agência Brasil -, o passeio em um centro de compras ou supermercado na companhia dos filhos estimula ainda mais o consumo. Nessa situação, quatro em cada dez mães consultadas admitem gastar mais que o planejado.
Uma das entrevistadas, de 35 anos, admitiu ter dificuldades para controlar as despesas quando está com a filha de cinco anos. "Ela só pede as bonecas mais caras quando a trago para shopping. Por isso, evito. É difícil, porque, às vezes, ela até chora, faz birra e passo vexame", declarou a mãe.
A diretora do Instituto Alana, organização sem fins lucrativos voltada à garantia da vivência plena da infância, e coordenadora do Projeto Criança e Consumo, Isabella Henriques, analisou o cenário. Lembrou que vivemos hoje numa sociedade de consumo que tem mediado as relações, inclusive as de afeto. Muitas vezes as famílias, ao se depararem com pedidos das crianças, têm dificuldades de negar a compra, principalmente se elas têm condições financeiras de arcar com o produto. Já se ela não tem condições é mais fácil, pois a criança acaba tendo de aceitar.
A especialista afirmou que é necessário resistir aos apelos.
 Os pais não sabem como é importante dizer não e sabe-se, pela psicologia do desenvolvimento, que é importante à formação da autoestima da criança ouvir o não.
Isso para ela saber lidar com a frustração no futuro, quando for adulta.
Ensinamentos que fazem parte da educação.

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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Mulheres de força


Mais do que um esporte, o fisiculturismo se tornou um estilo de vida e ganha mais adeptos a cada dia.

Elas trabalham, estudam, treinam horas por dia, cuidam da alimentação e fazem tudo isso com um belo sorriso estampada no rosto. Quem vê as atletas de fisiculturismo andando na rua, nem imagina que por trás dos ombros marcados e do abdômem definido existe uma rotina rígida, que não permite deslises, mas que é feita com a maior satisfação do mundo por quem pratica o esporte. 

O fisiculturismo é uma pratica que visa o desenvolvimento dos músculos corporais a partir do hipertrofismo, ou seja, o aumento no volume da massa muscular e vem ganhando cada dia mais adpetos. Só aqui em Passo Fundo já são 13 atletas em preparação. Entre elas, está Carolina de Almeida. Com 35 anos e no alto dos seus 1,73m de altura, Carolina é a atual campeã gaúha e brasileira na catergoria BodyFitness. Recentemente representou o Brasil no Campeonato Sul-americano e garantiu o segundo lugar. Tudo isso em apenas um ano.
Carolina é farmacêutica e conta que sempre foi uma esportista: jogava vôlei, pedalava, corria, sempre foi muito ativa, mas como qualquer mulher, ainda não estava satisfeita com o próprio corpo. “Eu era mais gordinha, do tipo que malhava para poder comer depois, então eu ia na academia, fazia um monte de exercícios, chegava em casa e comia tudo errado e eu não via muito resultado nessa história, eu continuava gordinha, com culote, com barriga”, conta. Dona de uma loja de suplementos esportivos, buscou em uma especialização em nutrição esportiva o aprofundamento que faltava. Foi através de uma palestra que promoveu na cidade com o preparador de atletas Everton Bottega que veio o primeiro convite para competir. “Ele me olhou e disse 'porque tu não compete? Eu acho que tu tem potencial'',lembra. O convite não foi aceito logo de cara, mas com a ajuda de Everton, Carolina mudou um pouco a rotina e passou a prestar mais atenção na alimentação. “Consultando com ele, eu comecei a entender a importância da alimentação adequada, de acordo com o exercício e com o meu objetivo”, comenta. A primeira meta estabelecida é conhecida por quase toda mulher: usar biquini e se sentir bem com aquilo. Mas logo no primeiro ano de treino, Carolina teve uma evolução muito grande, o suficiente para investir em um segundo ano de treinos e preparação para as competições. E o esforço todo deu o resultado esperado.

Carolina está na categoria BodyFitness. Nessa categoria precisa estar com um percentual de gordura bem baixo e o corpo deve ter o formato de um Y, ou seja, a atleta não pode ter muita perna, nem glúteo, mas em compensação tronco, ombros, costas e abdômem têm que ser bem definidos. Em função disso, toda a programação de treino e a alimentação da atleta é focando nesses objetivos. De acordo com ela, a rotina de todo o atleta fisiculturista é divida no que eles chamam de dois grandes macrociclos. Até a semana passada, Carolina estava no primeiro, que são oito semanas que antecedem as competições. Nesse período, a dieta é mais restritiva, feita basicamente com legumes e proteínas, quase nada de carboidratos. Os treinos aconteces em dois turnos, um de musculação e outro de cardio, que é uma corrida leve ou uma caminhada. Todos os dias. “É bem cansativo para a atleta, a gente se sente fraca, o treino de musculação não pode ser muito pesado porque a gente está com baixo carboidrato, mas tudo dentro de uma organização para a gente não adoecer, tem que primeiramente se preocupar com a saúde”, destaca a atleta. Em função disso, Carolina conta com o acompanhamento de três profissionais: um médico, um nutricionista e um treinador que trabalham em conjunto. A segunda fase é chamada de off-season, que é quando o atleta está fora de competição. Aí a dieta se torna mais calórica, mas mesmo assim muito regrada.

Estilo de vida

Para Carolina, o fisiculturismo não é um esporte e sim um estilo de vida. “Eu tenho esse estilo de vida comigo e você não vai ver eu reclamando que eu não posso comer besteira, porque é algo que eu escolhi para mim, eu gosto de me alimentar de uma maneira saudável, eu gosto de ir na academia, não é um problema”, comenta. Apesar de o número de atletas estar aumentando, Carolina ainda vê muito preconceito com o esporte. “As pessoas que olham de fora acham que a gente só faz isso pensando na estética, as pessoas não entendem e não compreendem porque não observam a rotina de um atleta. Eles acham que a gente é bombadaporque usa anabolizante. Ninguém para para viver a vida de um atleta, de acordar cedo, de preparar as refeições, de ir em uma festa e não comer, levar sua marmita, a rotina de treino, isso as pessoas não enxergam. Anabolizante existe nesse mundo? Existe, mas usa quem quer”, destaca. Mesmo assim, ela garante que lida muito bem com isso e acredita que o preconceito é também uma pontinha de inveja. “Você ver aquele corpo, almejar ele e não ter aquela determinação que o atleta fisiculturista tem. É mais fácil dizer que eu tenho esse corpo porque eu tenho alguma coisa do que elogiar meu esforço”, lembra. Hoje ela garante que vive em um meio em que as pessoas já compreendem e aceitam muito bem tanto sua escolha, quanto sua rotina: “ hoje eu não passo mais por esse problema da negação das pessoas, ao contrário todos me incentivam muito”.
Incentivo que vem, inclusive do marido que Carolina garante não ter ciúmes do mulherão que tem ao seu lado. “Meu marido é cardiologista e vive esse mundo comigo, ele também segue dieta, se cuida, treina e ele não tem muito ciúmes porque acho que ele acostumou, claro que ele fica um pouco intimidado quando a gente está na rua, porque, querendo ou não chama atenção”, brinca.

O futuro no esporte

As pequenas mudanças que foram acontecendo no corpo de Carolina graças, principalmente, à alimentação adequada despertaram na atleta uma paixão pela nutrição. Por enquanto, ela resolveu dar uma pausa nas competições, mas os planos para o ano que vem incluem cursar Nutrição e encarar mais um vez os campeonatos gaúcho e brasileiro, além, do Arnold Classic, depois ela brinca de que vai se aposentar, afinal, garante que já está extremamente feliz com o corpo que tem. “Esse era o meu sonho, muitas pessoas dizem que eu sou muito forte, mas eu sempre quis ser forte, sempre quis tem ombro marcado, abdômem marcado e hoje eu olho no espelho e vejo que eu consegui o corpo que eu sempre sonhei. Hoje eu posso colocar um biquini e ficar bem com aquilo. Isso não tem preço, a gente se sente muito bem. Hoje eu estou 100% satisfeita com o meu corpo”, conta.

Caras novas

Quem está dando os primeiros passo no esporte é estudante de 22 anos, Gabriele Spielmann. Assim como Carolina, Gabriele também tinha o esporte como um hobby e já treinava a três anos quando foi motivada pelo treinador e pelos amigos a competir. “Meu treinador me passou o treino e quando eu vi eu estava no palco”, lembra. A primeira competição aconteceu entre os dias 12 e 13 de setembro, em Novo Hamburgo, onde Gabriele conqusitou o quarto lugar na categoria Welness até 1,58m – o primeiro lugar ficou com outra passo-fundense, Nadirene Avila, de 40 anos. Apesar da rotina puxada de treino e dos cuidados com a alimentação Gabriele também vê no fisiculturismo um estilo de vida e vê a procura pelo esporte aumentar. “Agente tem que tomar um estilo de vida até porque é todo regrado, tem todo um por trás, não é só vir na academia ou só fazer dieta, a gente tem que ser atleta 24 horas por dia, tudo que a gente faz tem que ser muito bem pensado, porque um erro pode comprometer o campeonato”, comenta.
Apesar de, no início, ter enfrentado a negação da família, Gabriele conta que hoje conta com o apoio de todos e que a sensação de estar no palco, sabendo que a família e os amigos apoiam é insuperável. “Meu pai foi assistir à competição, ficou muito orgulhoso, para mim a presença dele já valeu o primeiro lugar”, destaca. Hoje, ela garante que está muito feliz com o próprio corpo e apesar de ter dado uma pausa nos treinos após o campeonato, logo deve voltar a ativa e em dezembro irá encarar outra competição.

Alimentação é fundamental

Para quem quer encarar o esporte, a primeira dica das atletas é procurar profissionais capacitados para ajudar. “Acho que Passo Fundo tem a disposição academias ótimas, com bons profissionais, acho que a gente está deixando para trás a questão do amadorismo”, comenta Carolina. De acordo com ela, o primeiro passo é organizar uma rotina e levar a sério, já que sem rotina as chances de desistir são muito grandes. O segundo passo é levar a alimentação a sério. “80% do seu resultado vem da sua alimentação, ou seja, comer a cada 3 horas, não pular refeições, priorizar a qualidade e não a quantidade, dormir bem, o sono é extremamente importante, ingerir muita água, evitar álcool”, ensina a atleta. “É um esporte muito bom, é difícil e teve dias que eu queria desistir, mas valeu a pena cada segundo de esforço quando eu estava em cima do palco”, encerra Gabriele.

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