O Brasil está se tornando especialista em fabricar psicopatas

Um grave problema de responsabilidade política e social tomou conta dos noticiários do País nos últimos dias: a violência contra as mulheres. Na camada social o que podemos constatar é que muito se tem comentado essa trágica conduta e pouco se tem debatido as vias que prognosticam a extinção desse tipo de abuso. Na camada política nem comentários e nem debates.
Ao lado da pedofilia, a violência contra as mulheres consegue apresentar de forma lúcida o funcionamento emocional do ser humano “moderno”. Num certo grau de autismo e psicopatia – preocupante - “nós seres humanos” estamos canalizando nossos prazeres de relação humana às aquisições materiais, às parafernálias tecnológicas e no máximo às relações com os animais de estimação, obedientes silenciosos dos nossos desejos e caprichos.
Assistimos na imprensa, geralmente durante esses episódios, um ou outro profissional da área da saúde mental afirmar que a psicopatia é herdada, que não podemos nos transformar em psicopatas e que o indivíduo com esse diagnóstico traz geneticamente os traços da psicopatia. Será que ainda não conseguimos enxergar que estamos nos tornando ilustres fabricantes de psicopatas? Não nos damos conta de que os aprisionamentos tanto dentro como fora dos presídios são fábricas de psicopatas em certo grau? Que a impunidade estimula a desorganização mental? Que a corrupção é mais maléfica psiquicamente do que financeiramente?
Ficamos gritando com os tiranos nas portas dos presídios ou delegacias pelo nosso sentimento de ódio e não pelo sentimento de amor e fraternidade para com os enlutados. Estamos lá mais para bisbilhotar a vida alheia do que para apoiar a família vitimada. Ficamos a lotar portas de cadeias e fóruns mais por conta do nosso instinto de curiosidade e pela condição do ócio do que pela cobrança de justiça.
A frieza que nos é imposta, proveniente do enfrentamento aos múltiplos medos e a falta de união social devido o nosso despreparo, alimentam a dessensibilização humana, traço fundamental na psicopatia.

Renner Cândido Reis. (psirennerreis@ig.com.br)

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