quinta-feira, 1 de julho de 2010

A primeira vez e o primeiro porre a gente nunca esquece



A primeira vez e o primeiro porre são como- para as mulheres- o primeiro sutiã, a gente nunca esquece. Assim diria Washington Olivetto. No caso delas- da primeira relação- sabem o nome, o sobrenome do cidadão e jamais se esquecerão do dia, mês e ano. Podem até demorar alguns minutos, esmiuçando a memória, mas logo se lembrarão dos detalhes. Já para os homens, a coisa é bem diferente: lembram-se que fora com uma empregada de sua casa ou da vizinha e não tem a menor idéia do nome e nem se lembra como era ela; ou ainda, que fora com uma amiga de uma irmã que caidinha por ele e se deixou levar e a coisa aconteceu. Poderá até lembrar do nome da "vítima", porque a irmã atirou-lhe na cara por diversas vezes,- ameaçando contar para os próprios pais- mas não sabe o sobrenome e muito menos a data. Ou ainda, que foi num bordel, levado pelo irmão mais velho. Estou me referindo a coisas de trinta anos ou mais, porque hoje, a coisa é bem estranha. O cidadão nem sabe o que fez depois que saiu da boate. Ela muito menos.
No meu caso, a primeira vez não houve nada de diferente: Tímido, com 13 anos, mas com testosterona saindo pelas orelhas e, com os amigos contadores de vantagens que sustentavam que já haviam experimentado o sexo oposto- naturalmente, eu me sentia muito desconfortável, por só ficar na vontade. Primeiro filho, não tinha irmão mais velho, a quem recorrer. Então, um dia, resolvi dar um basta na precisão. Trabalhava, no cinema de minha avó, em Rio Verde, um amigo da família, de nome Evilázio com quem tinha horas de papo e um dia, provoquei um assunto que se referia a sexo. Ele, desconfiado da conversa sem-pé, sem-cabeça, perguntou-me se eu já havia me deitado com uma mulher e eu, para me manter na condição de machão- disse-lhe que sim. O que era uma tremenda mentira. E ele me disse " Então, vamos mais tarde à putaria?!"- desafiando-me a ir junto. Meus pais estavam em Goiânia. Lá fui eu, com as pernas tremulando.
Lá chegando, adentramos numa casa onde estavam seis ou sete mulheres bebendo em meio a fumaças de cigarro, sob uma luz pálida. Evilázio, experiente na arte da putaria declarou a todas:
- Este meu amigo, é virgem! Quem quer tirar o cabaço dele?- perdoa-me, o leitor, pela vulgaridade das palavras, mas era o linguajar do lugar e da época.
Risos à parte, uma mulher, de pele clara, cabelos loiros, quarentona que para época, seria o equivalente a sessentona de hoje- pois estava um tanto desgastada- de pronto e em alto e bom som, gritou:
- Eu!- E levantando-se da cadeira, pegou-me pelas mãos: "Vem cá, meu anjo!" E me arrastou para um quarto escuro e sob uma luz azul ainda mais pálida- não era a luz negra de hoje, mas uma lâmpada pintada de azul- e começou a se despir e eu tremia com uma vara verde... Quando vi a mulher toda nua, só pedi que Deus me ajudasse e Ele piedosamente me ajudou. De lá, saí com o ego maior do que uma jaca! A partir daí, fiquei em paz comigo! Não sei o nome dela, não me lembro do seu rosto, da data da aventura libidinosa e nem de mais de algum detalhe, mas o preâmbulo do acontecido está guardado no mais recôndito de minha memória.
O primeiro porre, 1969. Tinha eu, 15 anos e havia mudado para Goiânia para cursar o científico no Ateneu Dom Bosco. Na Semana Santa, eis me de volta a Rio Verde como um rapazinho metido a moderno: os cabelos descendo pelas orelhas, roupas da moda e sapatos mocassins (cidade grande vende ilusões para o interiorano!) Havia um bar na Rua Rafael Nascimento que era o bar da moda, de então. Ali, enveredei-me com alguns amigos, com algumas garrafas de cerveja e me esqueci da hora e da rigidez da educação de meu pai. Nunca havia chegado em casa depois das dez e já se passava da uma da manhã. Não mais que de repente, meu pai, chega ao bar, de pijama, e me chama com a voz nada amigável. Levantei-me, tonto, e fui ao seu encontro. Tentei dialogar com ele com a voz enrolada e com o bafo pra lá de alcóolico. Não tive guarida. O amigo e doce professor Clóvis, transformou-se numa fera e levou-me para casa, carregando-me pelas orelhas. Cheguei a ficar alguns centímetros acima do chão- diziam meus amigos que viram- às gargalhadas- meu pai me guiando pelas orelhas! Um vexame total e inesquecível! Até hoje, meus amigos ainda zombam de mim por este vexame. Não me importo, era o meu pai! E que saudades tenho dele! E assim, entre estas e outras lembranças, fui me tornando o homem que hoje sou.

Tadeu Nascimento.

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