sábado, 31 de julho de 2010

Amar é... cair de quatro



Os amores, por mais desastrados que foram nas nossas vidas, são muito importantes, posto que ocupam nossas lembranças. Uns mais, outros menos. Com eles aprendemos, choramos, tivemos filhos, tivemos grandes momentos, brigamos, também fizemos as pazes, viajamos, nos entregamos de alma, nos separamos, nos distanciamos, nos... até nunca mais, seja feliz. Quis o destino que seria preciso passar por todos esses amores. Fico a imaginar, quando o sol das nossas vidas baixar na linha do horizonte; quando a morte estiver batendo nas nossas portas, eu me perguntaria: o que foi feito de fulana? O que ela estaria fazendo hoje? Ela estaria mais gorda? Ela se cortou nos cabelos? Será que se envelheceu, tanto quanto eu? Será que ela sabe que eu ainda existo? Será que ela sabe que padeço do diabetes? Será que guardou mágoas de mim, ou será que não tive importância alguma na sua vida? E de Beltrana, que acabou com o nosso relacionamento para se casar com outro, e que passou a viver às turras com o marido, será que ela o deixou? Mudou-se para Paris? Jurava ela que não morreria antes de morar, pelo menos um ano, em Paris? Nunca mais, tive dela notícias. Como era bela! E o que foi feito daquela que eu tinha absoluta certeza que eu enlouqueceria sem o seu amor? E ainda daquela outra que achava que eu seria último homem da sua vida e que - no entanto - me trocou por outro 5 anos mais novo e que dias depois ela também foi trocada por uma, 10 anos mais nova? Eu sei, isto acontece com todo mundo.
Ficção à parte, não me arrependo de nenhum relacionamento, aliás, sou eternamente grato. Peço sinceras desculpas pelas faltas cometidas- que não foram poucas - por ação ou por omissão. Sei que a vida é um sopro de tão rápida e que é preciso que sejamos intensos - isto, sei que fui- senão os relacionamentos morreriam rapidamente por inanição e não teria sentido esta crônica. Para viver um grande amor não é só preciso ser um bom sujeito, ter muito peito - peito de remador - como dizia Vinicius de Moraes, mas também é preciso cair... cair de quatro e é por isso que os meus joelhos (e o coração) estão sempre escalavrados! Por mais que sejamos ridículos (o amor é ridículo), cafonas (o amor é brega), tolos (o amor é insano) e que acabemos dando com os burros n'água, os amores são inesquecíveis.
Quem, caro leitor, honestamente, não se lembra de alguém que um dia mexeu com a sua vida? Não muito raro, amores se reencontram décadas depois, já avôs e avós, e que se acertam e misturam as suas intimidades já bastante conhecidas, num gesto de uma nova promessa de amor para sempre. Reencontros. Imagine você admirando títulos de livros através de uma vitrine de um shopping e de repente, reflete no vidro a imagem de alguém que um dia você se entregou de corpo e alma e rapidamente você se vira como tivesse levado um choque de 220 volts e os seus olhares se cruzam e ela o cumprimenta sem graça, com um "oi, tudo bem?", e você, com a voz embargada, repete a mesma pergunta e acabam sem saber como estão porque apenas se perguntaram e não se responderam nada. E você fica sem chão o resto da noite; fica fora do ponto e atônito, sua mente navega num passado que gostaria que não estivesse. Anda alguns passos bem medidos e se vira para trás, justamente quando ela também volta o rosto e depois de flagrados os olhares, baixa a cabeça e vai tomar um chope para acalmar o coração (pra isso, serve o chope). Parece que ainda existe uma pequena chama que só faltaria alimentá-la. Gostaria de perguntar tantas coisas, de dar um abraço apertado, talvez um beijo, mas a distância que se perdeu no tempo, impede. Votam a caminhar em sentidos opostos. Fatos como esse, são os que nos levam a nos perguntar sobre as pessoas que passaram pelas nossas vidas e que servem para confirmar que foram muito importantes. Que bom que inventaram o chope!

Fonte:Tadeu Nascimento.(tadeunascimento10@hotmail.com / blog:www.blogdotadeunascimento10.blogspot.com) linkado com este blog.

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3 comentários:

  1. William,amei o texto,parabéns pela partilha.Fechei minha noite com chave de ouro.Bjão

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  2. William, sem tirar nem por, até os pingos nos "is" estão certo, é mesmo assim.
    Abraços forte

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  3. Caro amigo,
    cada amor de nossa vida é um experiência inédita e nos marca pra sempre,
    excelente postagem,
    abraços,
    Vitor.

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