domingo, 18 de julho de 2010
A falência do pátrio poder
Em comemoração ao 20º aniversário do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), o governo envia ao Congresso o projeto que proíbe pais, professores e cuidadores de menores de aplicar castigos físicos às crianças. Em princípio é uma medida de proteção, mas nem por isso deve ser festejada. Não é impedindo que pais ou responsáveis controlem seus menores da forma que lhe pareça mais adequada que vamos conseguir educar, proteger e encaminhar as crianças.
Há de se entender que, numa sociedade organizada e respeitadora de direitos e deveres, os adultos só chegam ao castigo físico quando não encontram mais argumentos para evitar a perda do controle. E que, quando excedem, ficam sujeitos às punições da lei geral. A lei que agora passa a tramitar pelas casas legislativas enfraquece o exercício do pátrio poder e a autoridade de professores e cuidadores e, paradoxalmente, não resolve o problema dos menores. Pelo contrário, lança-os à vala comum dos incontroláveis e favorece a rebeldia.
O próprio ECA, embora avançado, traz imperfeições que os governantes, juristas e especialistas deveriam se interessar em corrigir. Utopicamente, proíbe o trabalho de menores, mas não resolve o problema das famílias que passam fome se não contarem com a força laborativa do menor. Também não garante que, sem trabalhar, o menor tenha a oportunidade de preparar-se para o futuro.
Em vez de partir para o lado paternalista da proibição aos castigos físicos, o Estado deveria preocupar-se em suprir as necessidades dos menores e suas famílias e cobrar o eficiente exercício do pátrio poder. Dar aos pais acesso às condições mínimas de manutenção familiar e cobrar deles o desempenho do papel de pai e mãe, cuidando, orientando e encaminhando os filhos. Se forem cobrados em seus deveres para com aqueles que colocaram no mundo, os casais ou indivíduos isoladamente jamais chegarão às raias da agressão e dos maus-tratos. E se o fizer, terão de responder criminalmente como, independente de a vítima ser ou não seu filho.
Se o governo e a sociedade criarem condições e exigirem que as famílias cuidem de suas crianças, não haverá necessidade de proibir castigo, palmada, beliscão ou coisas do gênero e nem mesmo de estabelecer o “toque de recolher”, que muitas cidades hoje estão adotando. Os professores há muito tempo já não utilizam o castigo e, pela falta de educação básica dada pela família, são vítimas das crianças incontroláveis e até torturadoras.
Dificilmente se encontra alguém que já tenha passado das três ou quatro décadas de vida que, na sua infância e adolescência não tenha recebido as tais palmadas pedagógicas que agora o governo quer proibir. E, com certeza, poucos deles restaram ressentidos ou problemáticos. A maioria, sem dúvida, chega até a agradecer aos pais pelos limites impostos na hora certa e na justa medida, pois tornaram-se cidadãos de bem.
Chega de poesia, sonho e demagogia...
Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente e dirigente da Aspomil (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) (aspomilpm@terra.com.br)
E agora José? Um conta ponto bem polêmico para a comemoração do ECA.
O que você acha disso? Comente aqui ou no dihitt.
Postado por
William Junior
às
16:03
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Em minha época de infância, não tinha estatuto, apanhavamos de nossos pais e ficavamos de castigo.
ResponderExcluirHoje vejo que meus coleguinhas de infância se tornaram pessoas de bem, adultos respeitados e respeitadores, muitos dignos da admiração da maioria.
Hoje tem o estatuto e vejo um monte de delinquentes juvenis, cometendo crimes de toda a espécie e sem punição nenhuma.
Aí eu lhe pergunto:
Qual a vantagem? O que nós ganhamos com este estatuto? O que melhorou para a nossa sociedade depois da implantação deste?
Um grande abraço
Giba
Oi. Boa noite.
ResponderExcluirGostaria de parabenizá-lo pelo texto. Concordo com ele gênero, número e grau. Muito bom você ter utilizado o seu blog para deixar esse ponto de vista eivado de total plausibilidade.
http://impudicicia.blogspot.com/?zx=da94da42f5887073
Olá Willian,
ResponderExcluirO ECA faz 20 anos e ainda não sabemos usa-lo, sempre achamos que ele serve para prot3eger trombadinha e não ele deve ser usado em favor dos bons contra os ruins e claro para proteger muitas de nossas crianças da violencia dos pais, que vemos a cada dia que fica pior. Eu sou m~es de um garoto de 16 anos e de uma menina de 6 anos e jamais me sentiria ameaçada pelo ECA, mas nós sabemos que tem cada mãe e pai neste mundo que dá vontade de dar lhes uma boa surra, sou professora Coordenadora e por muita vezes quando mando chamar um responsável vem um tio, uma vó, uma vizinha ou então vem umlguem alcoolizado que dá vontade é de chamar a policia.
Meu carinho
Cada família tem sua peculiaridade. Muitos pais conseguem obediência com um simples pedido acompanhado de um sorriso. Outros não são respeitados nem com castigos severos ou reprimendas físicas.
ResponderExcluirA maioria, no entanto, consegue resolver assuntos familiares alternando com abraços ou palmadas, tudo depende do momento e da gravidade da ação dos filhos.
O que esse governo pretende fazer, me parece, é provocar a cizânia dentro do seio familiar, de forma a que eles consigam dominar mais facilmente a sociedade, já seriamente abalada com a ação dos traficantes e do crime organizado.
Ameaçando aos pais, responsáveis e educadores com punições, muitos deixarão os menores tomarem conta da situação, tornar-se-ão reféns das próprias crianças, totalmente passívos.
É a instalação do caos definitivo em nossa sociedade. Não haverá reação alguma para o domínio pleno das forças vermelhas, tal como ocorre na Venezuela, Bolívia, Cuba, etc.