domingo, 11 de julho de 2010

Pagando mico



Quando existe certa inquietação interior em nós, direcionamos a mente para responder certas perguntas instigantes que nos tiram da mesmice.
Quem somos? Somos seres que não gostam de reconhecer os próprios defeitos.
Por que somos assim? Porque não é bom ver exposto o que tão cuidadosamente foi guardado para ser ignorado ou esquecido.
Tem jeito de acabar com este desconforto? Sim, através do autoconhecimento. Isto exigirá determinação e coragem, o que não é fácil.
Que ganharemos com isso? Nada mais, nada menos que paz de espírito.
O que é preciso fazer? Começar e não parar mais.
Por onde se deve começar? Enfrentando as verdades incômodas. Aquelas que mais negligenciamos. As que consideramos nossos pontos fracos. As que deveremos transformar ou eliminar, o quanto antes. O mal que alimentamos, por ignorância, por ingerência, não está determinado no conteúdo do nosso destino.
Acreditamos que o bem vence o mal. Como aprendizes, no campo da experiência, enfrentemos a verdade corrigindo-nos com conhecimento de causa. Devagar e sempre. Comecemos observando nosso comportamento diário. Detectemos as emoções que o acompanham. As atitudes que assumimos. O quanto encontramos de impaciência em nós. Somos intolerantes com o ritmo do outro. Há pessoas que parecem tartarugas em câmera lenta. Por que enrolam tanto para cumprir ordens? Por que não se ligam à realidade? Ou por que não falam claramente o que pretendem quando têm algo a solicitar? É triste perceber que ainda existem aqueles que se escondem por detrás da bruma da inconsequência.
E a irritação que nos torra os nervos? Como nos livrar das surpresas intragáveis? Parece que apostam em nosso desequilíbrio. Querem ver o limite da nossa suportação. E este limite está cada dia menor. Haja vista os invasivos programas de pegadinhas na TV que mostram a desestrutura de pessoas públicas. Chegam de inopino. Atordoam os incautos nos momentos e lugares mais imprevisíveis. Em nome de um humor nefasto, inescrupoloso, buscam divertir de forma sarcástica e desrespeitadora.
Não é necessário se programar para assistir ao festival de sandices. Quando estes programas, de repente, invadem nossa tela, não é preciso muita atenção e nem mesmo interesse. Basta dar uma espiadinha. A constatação surge imediata. As vítimas caem fragorosamente. Evidenciam despreparo e desconhecimento de si mesmas. Estouram com facilidade. Dão vexame. Desequilibram-se, ante os ardis, quando testadas. Depois, fica difícil retomar o equilíbrio quando verificam que ante a malfadada invasão de privacidade se traem. Soltam a agressividade ignorada e contida. Não conseguem contornar a situação. Por não sustentarem a imagem vendida ficam com cara de tacho. Estão sempre pagando mico.

Elzi Nascimento.

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2 comentários:

  1. Amigo William, a culpa de toda sorte de descontrole do ser humano é o égo, que nos impossíbilita muitas vezes de tomar decisões acertadas e virtuosas. O controle é difícil, mas vamos aprendendo pelo caminho com os erros e com os conhecimentos amealhados ao longo da vida. Parabéns pelo excelente post. Abraços e muita paz!!!

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  2. Um texto muito bom.
    Muito pagam micos por falta de conhecimento.
    Quanto mais aprendemos, menos micos pagamos.
    Bjs.

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