segunda-feira, 26 de julho de 2010

Colocando os pingos nos is


Quando o vulcão que se preparou para a erupção lança lavas incandescentes, acontece a adolescência. Como agir para que isso não nos aterrorize? O que fazer para que o inesperado não nos surpreenda?
Há recursos para apagar o incêndio. Planejar a ação poderá ajudar. Desde o mais cedo possível, torne-se amigo do rebento, antes que ele te arrebente. Nesta fase vigora a lei da selva. Para os amigos, todos os meios justificam o fim. Para os inimigos, o fim. Não importam os meios.
Inseridos em um mundo de mudanças rápidas, analisemos, rapidamente, os valores que estão em alta. Habilidade para o inusitado. Isto implica maior proximidade entre pai-mãe x filhos. Quanto mais estreitamente conviverem, mais chance para a mútua adaptação. Estratégia inteligente para convivência agradável, nutritiva. Verdadeira relação entre amigos, onde tudo flui de forma tranquila, sob o tempero do bom humor.
Vamos aos fatos! Suponhamos que você chegue de viagem um dia antes do previsto. Surpreende animada happy hour em seu apartamento. Música alta. Degustações e descontrações orquestradas pelo primogênito adolescente. Em meio ao alarido, seu constrangimento indisfarçável. Comes e bebes que havia de reserva, bailam em circulação. Você é recebido com sorrisos e beijos, tio prá lá ou tia prá cá. Esgares amarelos de sua parte, a festa continua. Haja habilidade para não virar a mesa.
Tendo rapidez de raciocínio e capacidade de adaptação, não se entregue ao susto. Faça um social rápido. Avise que a viagem foi exaustiva. Dê um tempo. O tempo de sua suportação diplomática. Conduza a reunião para os finalmente, numa boa. Simpático, acolhedor, sugira que todos colaborem para deixar o local em relativa semelhança com o que encontraram, ao chegar. Nesta hora, firmeza gentil é a tônica para um final feliz, sem repreensões.
Outro fato: na hora do almoço o herdeiro telefona eufórico. A comunicação é enfática: “Estou levando a namorada e os pais dela para almoçarmos com vocês. Chegou a hora das apresentações. Estamos chegando. Beijos...” Lar, doce lar... Você disse apenas: Alô? Engasgou, sem saber o que mais falar. Claro que seriam mais quatro lugares à mesa e mais congelados no microondas...
Muita calma nessa hora. Há competências a serem desenvolvidas para gerir com sucesso os incidentes de percurso. A união familiar é o ponto número um. A convivência interativa com os amigos é o ponto número dois. Viagens em comum, pelo País ou no exterior, são verdadeiros MBA (Master Business Administration). Geram planos estratégicos presentes e futuros. Invista na companhia dos seus. Traga a tribo de suas crias para o seu territórrio. Crie motivos para acolher cada um que se aproxime de seu núcleo familiar. Tudo inicia no aconchego da primeira infância. A amizade entre familiares é determinante para a união de todos. Gostar de permanecer, aprender e se divertir juntos cria vínculos. Alimenta o amor recíproco. Não cave fossos. Abra rotas de apoio e entendimento. Você pai-mãe é parte vital dessa jurisdição. Ao administrar egos infláveis e euforias recorrentes cria redes de interesses sem restrições geográficas ou emocionais. Outro ponto a considerar: habitue-se ao forte apelo do diálogo esclarecedor. Não fique em cima do muro. Defina territórios. Seja claro quanto às regras. Autenticidade, sem subterfúgios, coloca os pingos nos is.

Elzi Nascimento
(iopta@iopta.com.br)

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