terça-feira, 20 de julho de 2010

Mandela, o herói de nossos tempos


Terminando a Copa na África do Sul, também concluí a leitura do livro Invictus - Conquistando O Inimigo, de John Carlin, sobre Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul. Relata lição de vida, perseverança, perdão e de amor por uma causa, chegando à paz por uma revolução negociada. Ninguém nunca havia feito a transição da tirania para a democracia de forma mais hábil e humana. Discorre sobre os 27 anos de Mandela na prisão, o sofrimento, a opressão e a vitimação da raça negra pelo apartheid. Um genocídio moral. Regime condenado pelos países livres e pela ONU. Os negros eram tratados como uma subrraça, eles e seus lideres eram presos, condenados à prisão perpétua ou à morte. Mandela era submetido a trabalho forçado, quebrando pedras, recolhido em dependências onde mal cabia seu corpo, um homem de um metro e noventa. Quando perdeu o filho não permitiram que fosse ao velório. Tinha hábitos espartanos, corrigindo defeitos, aperfeiçoando qualidades, desenvolvendo habilidades que adquiriu como advogado nos anos de 1950. Fez da prisão o campo de treinamento, onde se preparava para o grande objetivo, ser presidente da República, conquistando pessoas, começando pelos carcereiros, usando o respeito e a humildade. Valeu-se do livro - por meio do qual tomava conhecimento da história do africâneres (brancos) e aprendendo sua língua. Usava calças curtas e sapatos sem meias, comum ao prisioneiro negro. Em 1985, ao ser hospitalizado, ao receber alta, o presidente Botha, concordou que ele fosse levado para uma prisão confortável, primeiro passo rumo à liberdade. O apartheid estava condenado por todas as nações, sofrendo embargos e restrições até no esporte. Na nova prisão, surgiu um homem mais suave, iniciando os encontros secretos com o governo, culminando com o presidente Botha. O partido dos negros pregava o isolamento internacional do rúgbi. O partido voltou à legalidade em 1990 e Mandela à liberdade. O mito virou homem, começou a pregar o fim do boicote internacional ao rúgbi. A única maneira de vencer o tigre (governo) era domesticá-lo. Os brancos tinham pão suficiente, mas lhe era negado o circo. O esporte teria que ser usado para construção e a estabilidade do país. A prosperidade antes da ideologia. Foram marcadas as eleições para 24 de abril de 1994. Os ventos começaram a mudar, a nova Miss Mundo era uma sul-africana, o então presidente De Klerk e Mandela receberam p Prêmio Nobel da Paz. Mandela, com 76 anos, tinha a constituição de um homem com 50 anos. Ele se dirigiu à mente e ao coração do povo, no final venceu o coração, eleito presidente. Em sua posse, compareceram Hillary Clinton, Fidel Castro, Príncipe Philip, Yasser Arafat e o presidente de Israel, Chaim Herzog. Ao ganhar as eleições, teriam que proceder, como disse Garibaldi, ao terminar sua missão militar: "Criamos a Itália, agora precisamos criar os italianos". A África do Sul era um país dividido. O que impressiona é o talento e a persuasão empregada por Mandela ao reconquistar todos os seus inimigos, isto não é próprio de quem vem de uma prisão injusta, sem mágoas, uma vez vitorioso, não foi para a retaliação, ao contrário, promoveu a pacificação, escolheu o esporte para a unificação, promoveu a Copa do Mundo de rúgbi, um time, uma nação. Em 25 de maio de 1995, os jogadores do Springboks ganharam dos campeões do mundo, a Austrália, e de outras equipes, se tornando campeões. Para desenvolver a copa, Mandela teve que convencer os negros que o Springboks agora não era o time do apartheid, era a África do Sul. Teve que conquistar os líderes e os jogadores do time. Foi consagrado na partida final como o novo rei da África do Sul ao unir a nação pelo esporte. Seu nome foi ovacionado por 62 mil torcedores. Mandela tinha empreendido a transformação, não do ódio e do medo, mas da generosidade e do amor. Em 2007 foi inaugurada uma estátua de Mandela, em bronze, na Praça do Parlamento, em Londres, ao lado de Abraham Lincoln e Winston Churchill.

Jabs Paim Bandeira em ONacional.

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