

Quando falamos em escravidão, geralmente as imagens que nos vêm são aquelas dos livros de história, com pessoas negras acorrentadas umas às outras ou amarradas ao tronco, sendo chicoteadas a todo momento, tudo parte de um passado longínquo que pouco lembramos. Infelizmente não é tão simples assim. O trabalho escravo no Brasil ainda existe, com novas formas, até mais lucrativo. Estima-se que existam no Brasil entre 30.000 e 50.000 indivíduos reduzidos à condição de escravos. Fruto da desigualdade social e da impunidade, a escravidão dos dias de hoje não é só aquela praticada por fazendeiros e donos de carvoarias que aprisionam os trabalhadores, ameaçando-os, tolhendo seus mínimos direitos, mas também apresenta-se na forma do trabalho e da prostituição infantil, do tráfico internacional de pessoas e órgãos, da exploração de imigrantes ilegais, da servidão por dívida, etc. Quando falamos que a escravidão contemporânea é até mais lucrativa, queremos dizer que no sistema antigo comprar e manter um escravo era um investimento dispendioso, para poucos. Hoje o custo é quase zero, pois basta pagar o transporte e alguma outra dívida que a pessoa tiver, e caso ela adoeça, por exemplo, basta deixá-la na estrada mais próxima e aliciar outra. Na verdade, só a partir de 1993 é que o problema da escravidão passou a fazer parte da agenda do governo federal. A partir daí, foram colocadas em prática diversas medidas, como a criação de comissões de estudos sobre o assunto, organização de grupos de fiscalização móvel, dentre outras. O Brasil muito avançou, sendo até elogiado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), por admitir que o problema da escravidão existe e atacá-lo de frente. Estatísticas dão conta que entre 1995 e 2004, mais de 16.000 pessoas foram libertadas, o que é uma vitória da sociedade brasileira, mas ainda temos muito a fazer. Especialistas dizem que o Brasil precisa implementar seu plano de combate à escravidão e que preveja, dentre outras providências, a aprovação de projeto de lei que confisque as terras em que for encontrado trabalho escravo, proíba a concessão de créditos aos exploradores, julgue com rapidez os escravocratas e principalmente implemente medidas preventivas que obrigatoriamente passam pela reforma agrária, geração de empregos, educação, fiscalização permanente, etc. Contudo, tal tarefa está longe de ser fácil. O confisco das terras dos escravocratas, por exemplo, esbarra na bancada ruralista do Congresso. Isto sem contar a falta de verbas e planejamento do governo. Quanto à responsabilização criminal dos escravocratas, o Ministério Público Federal (MPF) tem se desdobrado para que os crimes não prescrevam e as penas não sejam convertidas nas chamadas penas alternativas, o que é uma vergonha para todos nós. A saída tem sido o MPF trabalhar com uma espécie de “cesta de crimes”, onde o explorador responderá, não só pelo crime de escravidão, mas também pelo de grilagem de terras públicas e derrubada de florestas, se for o caso, porte de armas, retenção e falsificação de documentos, lesão corporal, etc. O esforço do MPF tem dado bons resultados. Essas são apenas algumas informações sobre a questão do trabalho escravo no Brasil. Termino, pedindo licença para transcrever estas breves palavras do filósofo francês Albert Camus sobre o presente tema: “Liberdade é uma possibilidade de ser melhor, enquanto que a escravidão é a certeza de ser pior.”
Roosevelt Santos Paiva.
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nossa ta ai algo q eu naum sabia
ResponderExcluirnaum o fato da "escravidão"
mas sim o do avanço contra a mesma
isso prova q temos como melhorar
a frase do frances é demais
bjim
O tempo passa mas, a exploração continua praticamente a mesma, lamentável.
ResponderExcluirAbraços forte
Willian,parabéns pelo brilhante e inteligente post.A escravidão existe e não precisamos ir muito longe para nos depararmos com ela.Claro que ela é diferente da que nos conhecemos nos livros de historia,mas as condições de trabalhos indignas,os maus tratos e humilhações continuam as mesmas.
ResponderExcluirBjos