Pode estar nascendo hoje o último ser humano a vagar pela Terra.
A menos que façamos algo para evitar a extinção. A maior parte das pessoas tem
uma visão dramática sobre o fim dos tempos. Um grande meteoro em rota de
colisão com nosso planeta; uma mudança repentina nas condições atmosféricas; a
transformação do Sol em uma supernova. As previsões estão atreladas à ciência.
Mas há outro vaticínio em andamento.
Se o fim viesse de fenômenos naturais, tudo se encerraria em
questão de minutos. Seria uma forma digna de dar adeus. Indigno é se despedir
silenciosamente, ignorando as relações humanas. Está chovendo lá fora? Quem
disse que é preciso olhar para saber? Um amigo tenta conversar enquanto você
divaga no celular? Bobo é ele, achando que está recebendo alguma atenção. O
mundo real virou coadjuvante. Tudo é conexão.
“Abram os vidros, deixem-me ver as árvores”, disse o poeta
Alexandre Herculan o. Já fez isso hoje? A natureza, bela por essência, perfeita
por criação. As árvores fazem parte de uma linhagem comum na história da vida.
Somos irmãos de longa data. Entretanto, abdicamos delas em favor de gigantes de
tijolos e metal. Passamos a construir nosso próprio mundo. O ser humano ousa
ser Deus.
O último de nossa raça pode estar nascendo, pois robotizamos
emoções. Grilhões de uma rotina grosseira, voltada para o vício no superficial,
tomaram nossa vida. Não há um mísero minuto de relaxamento para pensar. O
dinheiro nublou a compreensão das pessoas. O poder corrompeu os princípios mais
basilares de convivência social. Deixamos de existir como conjunto, a partir do
momento que a indiferença passou a dominar os relacionamentos.
Correções de curso acontecem, mas chegamos a uma maturidade do
supérfluo. A geração de hoje, operária de um vindouro futuro, vendeu-se para a
impessoalidade. Um meteoro nada significa perante uma morte lenta e dolorosa,
incitada pelo escárnio e pela falta de interesse no próximo. O Sol explodir,
uma mudança climática... A instantaneidade nos beneficiaria. Resta aguardar a
manifestação de uma fagulha de esperança. Uma pequena atitude que altere o
curso do destino. Lembre-se: o poder de mudar realidades está na mão de cada
um. Pense nisso, pelo bem de todos nós.
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