domingo, 19 de julho de 2015

Insatisfação com o mundo. Que atitude assumir?

Sente-se no ar uma expressão de crescente impaciência do cidadão ante a insatisfação com o mundo que o cerca, sintoma do "mal-estar da civilização", sinal da crise de uma sociedade que parece não mais conseguir "dar conta das questões do século XXI".
Ante essa crise, deparamo-nos com diferentes atitudes, que o grande pensador basco, José Maria Mardones, classificou, didaticamente, em quatro grandes correntes:
Há os convictos de que o projeto que a sociedade perseguiu nos últimos séculos está errado na sua origem. Seria preciso voltar atrás, retomar os clássicos fundamentos de nossa civilização ocidental. Alguns até radicalizam essa posição em fundamentalismo.
Há os que acreditam que se deva assimilar as marcas dos nossos tempos, com suas críticas às instituições, relativização dos valores, mobilidade das relações, vida centrada no aqui e no agora. Uns, de modo otimista vislumbrando princípios e valores, outros, de modo pessimista, afirmando que a ideia de progresso civilizatório é mesmo ilusão.
Há os que afirmam que a sociedade está na rota certa, mas se trata de um projeto inacabado. O que caberia fazer é ajustar essa rota, incorporando a ela novas questões que vão surgindo. Assim, por exemplo, às mais antigas, relativas às liberdades democráticas e à justiça social, somam-se temas ligados à ecologia, à bioética, ao gênero.
Há, ainda, os que reconhecem os avanços da sociedade, mas creem que ela deixou de lado os valores éticos e morais. A crise que vivemos dever-se-ia justamente à falta desses valores. Seria urgente, então, recuperá-los, particularmente devolvendo à religião o seu devido lugar.
É provável que nós nos identifiquemos mais com uma ou outra corrente. Somos convidados, porém, a analisar as correntes para um juízo melhor e uma opção mais acertada. E será que elas não teriam algo de bom a dizer umas às outras?
Já o grande pensador alemão, Heidegger, preocupado com a atualidade, explicava: "Na época da noite do mundo, o abismo deve ser reconhecido e experimentado em profundidade. Mas, para que isso aconteça, é preciso que haja quem chegue ao abismo".
Uma grande mulher dos nossos tempos, Chiara Lubich, fundadora do Movimento Religioso dos Focolares, entendeu a explicação do filósofo e indicou um caminho: "Reconhecer o abismo e experimentá-lo em profundidade" significa reconhecer, nas dores da noite de nosso tempo, o rosto de Jesus Cristo, o Filho de Deus, que gritou no alto da cruz "Meu Deus, meu Deus porque me abandonaste?", e então, abraçá-lo e amá-lo. Isso significa em última análise: comprometer-se com os rumos do corpo social e dar-lhe um sentido maior.

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Um comentário:

  1. O ser humano é um imperfeito que está sempre em busca da perfeição. Assim sendo é fácil chegar a conclusão de que a civilização está num processo de evolução contínuo. O desafio do bicho homem é tentar criar um modelo de sociedade onde todos tenham oportunidades iguais o que vai contra as leis da natureza e da própria natureza humana. O mais próximo que se chegou disso foi o Socialismo. Mas, a perversão de seus valores por homens perversos (olha o pleonasmo) já manchou a imagem do sistema. Até Cristo que foi o primeiro comunista relatado na Bíblia teve o fim que teve. Ainda temos muito no que progredir, mas a pergunta é: Temos tempo para evoluir? Levando em consideração aquecimento global e várias e várias outras ameaças a civilização?

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