A corrupção é um mal internacional que
ataca praticamente todos os governos, em maior ou menor grau. Como disse um
jurista, é um “vício resultante da relação patrimonialista entre Estado e
sociedade”. A ONG Transparência Internacional realiza, a cada ano, o Índice de
Percepção da Corrupção, abrangente estudo sobre a corrupção no mundo.
A
partir da opinião de diversos especialistas no tema, são conferidas aos países
notas que variam de 0 a 100. Quanto mais próxima de zero for a pontuação, mais
corrupto é o setor público daquele lugar. É muito raro um país alcançar o grau
máximo. No último relatório (2014), a Dinamarca, país de elevada honestidade,
obteve 92 pontos.
O Brasil está na outra ponta e os
brasileiros bem sabem disso. Quem tiver paciência e pesquisar terá dificuldade
para encontrar um governo que não tenha sido envolvido em escândalos e
corrupção. Será que não há solução para esse problema? Não haverá meio eficaz
de combate?
O que se pode afirmar é que um dos fatores
é a falta de partidos com coerência, seriedade e responsabilidade pelos
governos que elegem, nos três níveis: federal, estadual e municipal. O PMDB,
que nasceu como MDB, iniciou sua história partidária conquistando a opinião
pública tanto pela aguerrida oposição ao governo militar quanto pela pregação e
prática de princípios éticos.
Cresceu, tornou-se o maior partido nacional
e chegou ao governo; aí perdeu os princípios, envolveu-se em corrupção e adotou
a prática do fisiologismo. O poder contaminou o partido e manchou seu passado.
O PSDB surgiu de dissidência que não
concordava com a postura e os deslizes do PMDB. As lideranças criaram, então, o
novo partido que se apresentava como a “banda sadia”. Hoje, diversas
administrações tucanas estão envolvidas em práticas de corrupção.
Por fim, o PT. Enquanto apenas oposição era
a sigla politicamente mais pura, com robusta defesa da moralidade na
administração pública. Conquistado o poder, esqueceu o ideário e o discurso. A
marca mais forte dessa degeneração é o vergonhoso escândalo do mensalão e mais
recentemente o que envolve a Petrobras; porém, não são os únicos, pois em
governos estaduais e municipais igualmente ocorrem casos de corrupção.
Na administração federal, há um agravante
que gera clima favorável. Trocam-se os ministros, mas o segundo e o terceiro
escalões continuam gravitando no sistema, são esses que conhecem os caminhos e
exercem influência – para o bem ou para o mal.
Um
ministro ou político novo, que chega à “corte”, se surpreende com o número
desses que giram em torno do poder para “vender” experiências e revelar o
caminho das pedras. Depois deles, os lobistas de variadas bitolas.
Todos têm seus “métodos” de convencimento e
persuasão para qualquer tipo de negócio. Tudo isso promove giros de milhões e
bilhões, basta atentar para o fato de o Distrito Federal ter o 7º maior PIB
entre as unidades da federação, sem indústrias que gerem emprego, renda,
produção e tributos. Tudo vive em função do governo e sua estrutura de pessoal,
negócios e contratos.
A corrupção afeta diretamente o bem-estar
dos cidadãos ao diminuir os investimentos públicos na saúde, na educação, em
infraestrutura, segurança, habitação, entre outros direitos essenciais à vida,
e fere criminalmente a Constituição quando amplia a exclusão social e a
desigualdade econômica.
Comente este artigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário