Os prazeres da boa leitura me jogaram nos
braços da visão chomskiana. O ponto de vista do professor Noam Chomsky sobre o
homem é bem interessante. Ele diz que a diferença entre os demais animais e o
homem é que nós podemos expressar nossos pensamentos formados livremente e para
isso nós, humanos, utilizamos a linguagem, "o homem possui a habilidade
para fazer uso de signos linguísticos para expressar pensamentos formados
livremente" (Chomsky, 1997, página 49). Isso, segundo, ele nos põe em uma
comunhão para a construção de um sistema cognitivo atrelado à comunicação entre
nossos semelhantes.
Os signos, segundo ele, remeterão a um
significado, e cada vez que criamos um signo, criamos um significado conectado,
e a linguagem torna-se rica.
Porém, eu acrescentaria a esse pensamento
que à medida que os humanos usam a criatividade para a invenção de instrumentos
de diversão e conforto surge um efeito negativo. E, esse efeito é causado pela
preguiça de pensar gerada pela própria criação. Assim, ao nosso redor vemos a
falta de pensamento criativo e a falta de comunicação entre a humanidade. Há,
na maioria dos países, o excesso de aparatos eletrônicos que prendem a atenção
de crianças, jovens e adultos e essas ferramentas não vieram para agregar
conhecimento e sim para entretenimento pessoal. Portanto, se o usuário perder o
controle sobre o equipamento, poderá não responder aos estímulos sociais e se
isolar em um ambiente utópico.
Elas, as criações, sequestram a capacidade
criativa humana e limitam o indivíduo a seguir os comandos oferecidos pelo
utensílio o qual é utilizado.
Nos games, as crianças e os jovens se
confinam a um espaço virtual pré-programado, que não possibilita a liberdade de
formar pensamentos, ali tudo está determinado. Desta forma, a humanidade vai
atrofiando justamente a maior diferença que possui dos animais irracionais, o
próprio raciocínio criativo.
Pensar em Noam Chomsky e em sua magnífica atuação na área da linguística, e pensar nas sociedades que desenvolveram fantásticas formas de comunicação e geraram a possibilidade de usar vários signos para a cognição humana e observar que os organismos orgânicos estão perdendo o espaço na área da linguagem para os organismos eletrônicos é um sinal de derrocada humana frente à capacidade de comunicação da criatura virtual.
Pensar em Noam Chomsky e em sua magnífica atuação na área da linguística, e pensar nas sociedades que desenvolveram fantásticas formas de comunicação e geraram a possibilidade de usar vários signos para a cognição humana e observar que os organismos orgânicos estão perdendo o espaço na área da linguagem para os organismos eletrônicos é um sinal de derrocada humana frente à capacidade de comunicação da criatura virtual.
E, se observarmos que as novas gerações
falam e escrevem cada vez menos, amparadas por esses mecanismos inteligentes,
chegaremos à conclusão que esses indivíduos não precisarão usar suas memórias,
pois estarão totalmente dependentes dos suportes eletrônicos que lhes
garantirão memorizar o que precisarão mais adiante.
Indo mais além, poderemos supor que as
novas engenhocas virão programadas para ouvir as instruções dos usuários. E
esses últimos apenas passarão o comando por voz para as mirabolantes criações
pensar, escrever e falar por eles. Baseados nessas colocações, os
questionamentos são pontuais. Quem fará o contato codificado entre o locutor e
o interlocutor? Que interesse terá esse aluno em ouvir o professor que ainda
escreve no quadro, pensa e fala? Qual a relação entre aluno e professor nesse
mundo eletrônico? Pois não tenho respostas para tais questões.
O que posso dizer é que a nova geração está distante do espaço físico, está
viajando em um mundo virtual e está presa às facilidades que as encantam. Uns
entram em sala de aula de cabeça embrulhada em capuzes e por debaixo deles usam
fones de ouvidos e ali ficam sem falar uma palavra, apenas ouvem essas
criaturinhas eletrônicas. Outros sentam em meio a um grupo e mostram as fotos e
imagens capturadas e armazenadas em suas maquininhas, os demais trocam risos e
textos por WhatsApp em suas pequenas propriedades eletrônicas.
Esses comportamentos ocorrem naturalmente
nas escolas, no espaço que deveria ser de troca de pensamentos espontâneos
formados livremente com a privilegiada participação do professor. Essa
comunicação, a qual Chomsky se refere, está sendo abandonada pelos homenzinhos
que ignoram o futuro da humanidade.
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