Imersa no ambiente recessivo, pressionada
pelo aperto fiscal e outras medidas governamentais que incentivam o baixo ritmo
da atividade econômica, como cortes de gastos e redução de investimentos, a
indústria da mobilidade aplicou os remédios conhecidos para reduzir a produção
para um mercado não comprador e guiado pela incerteza e pelo pessimismo,
conforme atestou a última avaliação conjuntural feita pela FGV.
Infelizmente os remédios são amargos.
Parece que estamos pouco a pouco entrando em um círculo vicioso de más
notícias, geradas pela queda da atividade que leva à redução de postos de
trabalho e de consumo, e esta, por sua vez, diminui a atividade.
De fato um diagnóstico rápido da crise
econômica brasileira atual aponta para a desaceleração, uma vez que o
equilíbrio tênue de nossas contas externas e as medidas para garantir o fluxo
de recursos financeiros diante da crise de liquidez deixam pouco espaço para
manobras da equipe econômica.
Porém, o que se impõe como alternativa de
uma recessão anunciada desde 1982 pela estagnação da produção industrial,
certamente não é a continuidade da política de austeridade com aumento de
impostos e de juros, desemprego e inflação. Antes é preciso deter o processo
recessivo.
Isso passa por ações pragmáticas como o
ajustamento das contas externas, que geraria condições para a recuperação
interna com planejamento de médio e longo prazo, juros menores, retorno de
investimento, geração de postos de trabalho e do consumo, com inflação sob
controle.
Assim como Keynes enxergou na crise de
1929, agora também precisamos de soluções positivas para a recuperação
econômica, as quais não estão no alcance das empresas, mas podem ser
desenvolvidas no bojo de políticas industriais de fomento da atividade
produtiva, do emprego e da renda.
Com essas soluções restauraríamos a
confiança e o otimismo do mercado, fermento para o desenvolvimento econômico de
qualquer país. O papel do setor público deve ser o de garantir investimentos,
remanejando gastos em custeio e subsídios, com foco na redução dos déficits
orçamentários.
Convivemos com uma imensa capacidade ociosa
que poderia ser explorada com a intensificação dos esforços de substituição de
importações e de acordos bilaterais, práticas que também têm sua reconhecida
eficácia. Em resumo, é preciso que o governo atue. O Brasil não pode parar.
Comente este artigo
Nenhum comentário:
Postar um comentário