Estudo do instituto Trata
Brasil apurou que das cem maiores cidades brasileiras, 42 registraram perdas
superiores a 45% no abastecimento e na distribuição de água, enquanto dez
anotaram perdas de até 25%. As informações foram apresentadas pelo presidente
da organização, Edison Carlos, durante o workshop Redução das perdas na rede de
distribuição de água, organizado na sede da Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo (Fiesp). As informações são da Agência Indusnet Fiesp.
Dados do Ministério das
Cidades, de 2004 a 2013, revelam ainda que as perdas no abastecimento de água
desaceleraram apenas 8,7% em uma década. Significa que se progrediu menos de um
ponto percentual ao ano nesse período, lembrou Carlos. São consideradas perdas
no abastecimento de água fraudes, vazamentos e fornecimentos não registrados a
determinados órgãos públicos.
Ainda segundo o presidente do
Trata Brasil, em 2013 as perdas nas cidades representaram 330 milhões metros
cúbicos de água, a um custo aproximado de R$ 258 milhões ao ano, o que
representou 11% dos investimentos nos serviços de abastecimento destes
municípios.
Eduardo Moreno, diretor da
Divisão de Saneamento Básico do Departamento de Infraestrutura (Deinfra) da
Fiesp, lembrou que a grave crise hídrica e energética pela qual o país passa se
configura num momento ideal para discutir o tema.
Para melhorar o cenário de
perdas no abastecimento de água é preciso que o cálculo do que é efetivamente
consumido no sistema também seja aperfeiçoado e padronizado. "Olhando a
série histórica, fica claro que esse indicador estava esquecido. Houve pouco
avanço, se analisarmos os últimos anos", declarou Moreno.
Durante o evento, o
representante da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), que atua
em mais de 150 países com cooperação técnica e financeira, Taku Ishimaru,
apresentou o modelo do Camboja, país no sudeste asiático que superou a crise
hídrica provocada pela guerra civil. Após o fim da guerra, a infraestrutura
local estava totalmente destroçada e houve, então, o início da elaboração de um
plano diretor em duas etapas. E ao mesmo tempo, um projeto de formação
profissional, com parcerias com as prefeituras, uma vez que a distribuição de
água estava quase 100% nas mãos do setor público. As perdas no abastecimento de
água no Camboja superavam os 70% e, agora, são de apenas 8%.
Houve uma campanha de
investimentos em infraestrutura no país, aliada a programas junto à comunidade
e com a colaboração internacional. Surgiram uma nova estrutura, uma nova
filosofia e profissionais treinados. Um desafio que precisa de esforços
contínuos de todas as áreas, para o mesmo objetivo.
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