Esta
é uma palavra muito interessante, já que tem uma série de sinônimos que não
necessariamente têm o mesmo significado. Dedo-duro, alcaguete, traidor,
informante, denunciante, etecetera. Imagino que receberei muitos outros
sinônimos que devem existir nas diferentes regiões do Brasil.
Estamos
vivendo no Brasil um momento histórico, o momento das delações em troca de
redução nas penas de alguns delinquentes de colarinho branco. Por um lado vemos
que se está dando um benefício a membros de quadrilhas organizadas para
dilapidar o patrimônio do país.
No entanto, eles estão dispostos a entregar as
cabeças desta organização criminosa. O que é preocupante é que estamos falando
de delatores que são donos das maiores empresas do Brasil, e que eles estão
entregando membros dos três poderes.
A
pergunta da semana é: Quem integrante de nossa sociedade pode jogar a primeira
pedra? Eles, todos os implicados no império da corrupção, são criações de nossa
sociedade. Nós permitimos que eles existam, e o que é mais incrível é que lhes
damos apoio, cada vez que cometemos alguma infração ou pequeno delito. Cada vez
que nos omitimos, cada vez que dizemos: Deixa para lá! Não vale a pena
esquentar, isto não tem solução! Devemos ter consciência que cada vez que
permitimos que nos atropelem moralmente é o mesmo que deixar que batam na nossa
cara e deixar para lá.
Ainda
vivemos numa sociedade que culturalmente não superou a mentalidade dos
poderosos e os dominados.
A
justiça está estruturada para ser justa com aqueles que têm dinheiro para pagar
os melhores advogados. Quando condenamos as crianças por cometerem delitos,
deixamos de condenar aqueles que permitiram que essas crianças tenham nascido
na miséria, que não tenham recebido educação, nem sequer amor e proteção. É
mais fácil punir que educar. É mais fácil fazer uma cirurgia do que prevenir
uma doença.
Delatar
é mais fácil que ter valores morais e éticos prévios aos atos delitivos. É mais
fácil lucrar levando vantagem em tudo, até quando devemos pagar pelos nossos
delitos. E na nossa sociedade tudo é possível, até que os delatores sejam
transformados em heróis e sejam os próximos donos do congresso nas próximas
eleições.
Somente
seremos um país sério quando deixemos de ultrapassar pelo acostamento quando há
um engarrafamento; quando nos sintamos responsáveis pela desigualdade social,
econômica e espiritual que existe na nossa sociedade. Noutras palavras, não
necessitaremos de delinquentes arrependidos (delatores) quando cada um de nós
passe a agir como verdadeiros seres humanos de bem.
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