Cientistas descobrem que a combinação consegue fazer com que o organismo
do paciente deixe de tratá-lo como um invasor.
Os medicamentos são uma das principais
armas no combate a doenças. Mas muitos perdem eficácia ao longo do tratamento
porque começam a ser interpretados pelo corpo como uma ameaça. Para driblar
essa defesa do organismo e garantir o poder dos remédios, um grupo de
cientistas internacionais sugere a combinação das drogas com glóbulos vermelhos
humanos, fazendo, assim, com que elas deixem de ser interpretadas como corpos
estranhos.
Detalhada na edição de hoje da revista Science Advances, a técnica foi testada em ratos com uma droga usada para tratar a leucemia linfoblástica aguda, o câncer mais frequente nas crianças. Os cientistas disfarçaram a L-asparaginase nos glóbulos vermelhos e aplicaram nas cobaias uma única vez. A combinação aumentou a ação do medicamento na corrente sanguínea dos roedores.
“Nós demonstramos que a ligação da enzima L-asparaginase a eritrócitos (glóbulos vermelhos) anula o desenvolvimento de anticorpos do medicamento e estende-se a um efeito da droga de 10 vezes em ratinhos”, destacam os pesquisadores no estudo divulgado. A equipe foi liderada por Jeffrey Hubbell, cientista do Instituto de Engenharia Molecular da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.
A L-asparaginase é usada sozinha para tratar a leucemia linfoblástica aguda há mais de 40 anos. Paulo Henrique Soares, hematologista do Hospital Santa Luzia, em Brasília, conta que, no início, o efeito dela progredia com o tempo. “Agora, o sistema imune a interpreta como proteína invasora, mas a nova técnica permite driblar esse efeito.” O especialista explica que algumas classes de remédio são proteínas, maiores que substâncias como as aspirinas, um tipo de ácido. Por isso são mais facilmente identificadas como estranhas. “Assim como uma proteína alimentar, que provoca alergias”, compara.
Os pesquisadores acreditam que os resultados são ainda mais positivos devido à quantidade de doses aplicadas: apenas uma. Isso dá mais segurança ao tratamento, já que o risco de resistência do corpo à bactéria — que tem a sua enzima presente, mesmo que com o glóbulo vermelho — aumenta com a injeção de mais remédio.
Soares também ressalta essa vantagem. “Como o aumento da dose não é necessário, impede uma toxicidade causada pelo excesso da droga. Com certeza, esse ganho seria muito útil se, futuramente, for possível usar a mesma técnica para outros medicamentos”, avalia o hematologista.
Andre Murad, oncologista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), conta que outras técnicas com inspiração parecida já foram testadas, mas falharam porque os desenvolvedores escolherem alternativas caras e trabalhosas. “Esta é mais barata. Um conjugado com glóbulos vermelhos é algo simples e que pode funcionar para diversos outros remédios que apresentam o mesmo tipo de problema”, ressalta.
Os participantes do estudo também acreditam que, caso o mesmo efeito seja reproduzido em humanos, há a possibilidade de a técnica ser usada no combate a mais doenças. “Essa estratégia para reduzir respostas humorais (imunológicas) específicas pode ser mais eficaz e segura para o tratamento com proteínas terapêuticas e candidatos a fármacos que são prejudicados pela imunogenicidade (reação do sistema imunológico)”, escreveram.
Detalhada na edição de hoje da revista Science Advances, a técnica foi testada em ratos com uma droga usada para tratar a leucemia linfoblástica aguda, o câncer mais frequente nas crianças. Os cientistas disfarçaram a L-asparaginase nos glóbulos vermelhos e aplicaram nas cobaias uma única vez. A combinação aumentou a ação do medicamento na corrente sanguínea dos roedores.
“Nós demonstramos que a ligação da enzima L-asparaginase a eritrócitos (glóbulos vermelhos) anula o desenvolvimento de anticorpos do medicamento e estende-se a um efeito da droga de 10 vezes em ratinhos”, destacam os pesquisadores no estudo divulgado. A equipe foi liderada por Jeffrey Hubbell, cientista do Instituto de Engenharia Molecular da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.
A L-asparaginase é usada sozinha para tratar a leucemia linfoblástica aguda há mais de 40 anos. Paulo Henrique Soares, hematologista do Hospital Santa Luzia, em Brasília, conta que, no início, o efeito dela progredia com o tempo. “Agora, o sistema imune a interpreta como proteína invasora, mas a nova técnica permite driblar esse efeito.” O especialista explica que algumas classes de remédio são proteínas, maiores que substâncias como as aspirinas, um tipo de ácido. Por isso são mais facilmente identificadas como estranhas. “Assim como uma proteína alimentar, que provoca alergias”, compara.
Os pesquisadores acreditam que os resultados são ainda mais positivos devido à quantidade de doses aplicadas: apenas uma. Isso dá mais segurança ao tratamento, já que o risco de resistência do corpo à bactéria — que tem a sua enzima presente, mesmo que com o glóbulo vermelho — aumenta com a injeção de mais remédio.
Soares também ressalta essa vantagem. “Como o aumento da dose não é necessário, impede uma toxicidade causada pelo excesso da droga. Com certeza, esse ganho seria muito útil se, futuramente, for possível usar a mesma técnica para outros medicamentos”, avalia o hematologista.
Andre Murad, oncologista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), conta que outras técnicas com inspiração parecida já foram testadas, mas falharam porque os desenvolvedores escolherem alternativas caras e trabalhosas. “Esta é mais barata. Um conjugado com glóbulos vermelhos é algo simples e que pode funcionar para diversos outros remédios que apresentam o mesmo tipo de problema”, ressalta.
Os participantes do estudo também acreditam que, caso o mesmo efeito seja reproduzido em humanos, há a possibilidade de a técnica ser usada no combate a mais doenças. “Essa estratégia para reduzir respostas humorais (imunológicas) específicas pode ser mais eficaz e segura para o tratamento com proteínas terapêuticas e candidatos a fármacos que são prejudicados pela imunogenicidade (reação do sistema imunológico)”, escreveram.
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